Definindo o comportamento
Comecemos com a definição do objeto de estudo da psicologia tal como apresentada pelo behaviorismo radical: o comportamento. No entanto, definir o que é comportamento não é tarefa simples. Trata‑se de uma das questões mais debatidas e nebulosas a respeito do behaviorismo (e.g., Abib, 2004; Burgos, 2004; De Rose, 1999; Kitchener, 1977; Lee, 1983, 1999; Lopes, 2008; Matos, 1999; Peressini, 1997; Ribes‑Iñesta, 2004).Catania & Harnad (1988), por exemplo, colocaram o problema da definição do comportamento como uma das dez questões centrais do behaviorismo radical que ainda geram equívocos e desentendimentos.
A nossa estratégia para chegar a uma definição do comporta‑ mento consistirá na análise de alguns textos em que Skinner apresenta características do comportamento, o que nos dará indícios de uma possível definição. A primeira dessas citações apresenta uma tentativa manifesta de definição do comportamento. Sob o subtítulo “A definition of behavior”, do livro The behavior of organisms, Skinner (1938/1966a, p.6) escreve:
É necessário começar com uma definição. O comportamento é apenas parte da atividade total de um organismo. […] O comportamento é o que o organismo está fazendo. […] é aquela parte do funcionamento do organismo encarregada de agir sobre, ou em ter comércio com, o mundo externo. […] Por comportamento, então, eu quero dizer simplesmente o movimento de um organismo, ou de suas partes, em um quadro de referência fornecido pelo próprio organismo ou por vários objetos externos ou campos de força. É conveniente falar [do comportamento] como a ação do organismo sobre o mundo externo, e é mais desejável lidar com um efeito do que com o movimento em si.
O comportamento seria, então, apenas parte da atividade do organismo. A filtragem do sangue feita pelos rins, por exemplo, é um processo que ocorre no organismo, mas não se enquadraria na definição de comportamento. Isso porque o comportamento é o que o organismo está fazendo. O verbo “to do”1 em inglês indica essencialmente uma ação, então não podemos dizer que qualquer atividade que ocorra no organismo seja comportamento.
Skinner continua com sua definição dizendo que o comportamento é a parte do funcionamento do organismo responsável pela sua ação sobre, ou em interação com, o mundo externo, e, ao concluir sua definição, apresenta mais algumas características: o comportamento seria o movimento do organismo como um todo ou de suas partes num quadro de referência. Tratemos primeiramente do que significa dizer que o comportamento é parte da atividade do organismo.
Em outro texto, Skinner (1931/1961c, p.337) afirma que o comportamento deveria “incluir a atividade total do organismo – a função de todas as suas partes”. Ao que parece, então, Skinner se contradiz. Antes o autor (1931/1961c) afirma que o termo deveria se referir à atividade total do organismo, mas depois (1938/1966a) defende que o comportamento é parte da atividade do organismo.
Entretanto, a contradição não se sustenta. Ao afirmar que o conceito de comportamento de‑ veria abarcar a atividade total do organismo, talvez Skinner apenas esteja sugerindo que a atividade total do organismo é necessária para a ocorrência do comportamento – todos os processos que ocorrem no organismo são necessários para, pelo menos, mantê‑lo vivo e apto para se comportar. Ou talvez a ênfase na atividade total seja reflexo de seu ideal de assumir o comportamento como um objeto de estudo em si mesmo (Skinner, 1931/1961c, 1938/1966a, 1961f, 1979, 1980/1998).
De qualquer forma, na sequência do texto, Skinner (1931/1961c, p.337) afirma que um conceito tão geral, que abarcaria a atividade total do organismo, não se sustenta: “Obviamente, [uma] aplicação adequada [do termo] é muito menos geral, mas é difícil alcançar uma distinção clara”. Isso significa que não há uma delimitação clara entre qual seria exatamente a parte da atividade do organismo que poderíamos classificar como comportamento.
Não obstante, a dificuldade reside apenas quando tentamos delimitar a atividade que faz parte do comportamento do organismo focando‑se apenas na própria atividade. É por isso que Skinner (1938/1966a) afirma que comportamento é o que o organismo faz, e “fazer” indica uma atividade que está sendo realizada num dado intervalo de tempo. Dessa forma, o comportamento seria um processo, mas não um processo qualquer – especificamente, o comportamento envolve uma ação, o processo em que o organismo age sobre, e interage com, o mundo externo.
Skinner (1938/1966a) possivelmente destacou a questão do agir sobre o mundo externo a fim de diferenciar as relações respondentes das relações operantes: enquanto as primeiras envolveriam respostas eliciadas por estímulos antecedentes, as últimas seriam constituídas por classes de res‑ postas selecionadas de acordo com as consequências, ou seja, de acordo com os efeitos que ação produz no ambiente (seção 2.3).
Outro ponto importante é que Skinner (1988, p.469) afirmou, em texto posterior ao que contém a sua definição, que a expressão “‘o que o organismo faz’ é problemática porque ela implica que o organismo inicia o seu comportamento”. Deveríamos, então, abandonar a caracterização “o que o organismo faz” na definição do comportamento? Da forma como ela está posta, talvez seja a melhor alternativa.
Entretanto, ela indica uma característica importante do comportamento: o comportamento está na atividade do organismo cuja característica principal é a interação com o mundo externo. Outro termo utilizado na definição de Skinner (1938/1966a) é “movimento”. A atividade que define o comportamento seria caracterizada apenas por movimentos musculares, observáveis e manifestos? De acordo com Matos (1999), o comportamento não deve ser definido pela topografia, mas sim pela função.
De fato, podemos interpretar dessa forma, pois Skinner conclui sua definição dizendo que devemos atentar para os efeitos da ação em vez de propriamente para os movimentos. Dessa forma, a atividade que de‑ fine o comportamento não é – mas pode incluir – o movimento muscular, observável e manifesto.
Em outros textos, Skinner é mais explícito sobre essa questão: “Eu não acho que o comportamento é necessariamente ação muscular” (Skinner, 1988, p.469); e “Padrões de comportamento não são simplesmente padrões de movimento” (Skinner, 1969b, p.129). Como vimos anteriormente, a atividade que define o comportamento é caracterizada pela interação com o mundo externo.
Mas que mundo seria o mundo externo? No contexto da definição de Skinner (1938/1966a), o mundo externo é o ambiente, ou seja, o que não é a própria ação. É pertinente ressaltar que o ambiente, ou o mundo externo, não é o oposto, o que está fora da pele, enfim, não é o que circunda o organismo.
O termo “externo” apenas indica que o ambiente é externo à ação. De acordo com Skinner (1953/1965, p.257), o ambiente é qualquer “evento no universo capaz de afetar o organismo”. Não se trata, portanto, do universo como um todo, mas da parte do universo que afeta o organismo.
Mas o que seria essa afetação? Afetar o organismo pode significar fazê‑lo responder de alguma forma – como um estímulo que elicia uma resposta; pode significar o fortalecimento de uma classe operante de seu repertório comportamental – como um evento consequente reforçador; pode significar a sinalização da vigência de uma dada contingência – como um estímulo discriminativo que estabelece a ocasião em que respostas pertencentes a uma dada classe serão seguidas de consequências reforçadoras; enfim, em linhas gerais, afetar o organismo significa modificar, de alguma forma, o seu comportamento.
Em que consiste, por sua vez, o “quadro de referência” ao qual Skinner se refere? De acordo com Matos (1999), o quadro de referência seria tanto o contexto ambiental em que o comportamento ocorre quanto o próprio repertório comportamental e história de vida do organismo estudado. Skinner (1931/1961c, p.337) afirma que o behaviorismo radical está “principalmente interessado no movimento do organismo em um quadro de referência”.
É importante ressaltar que, nesse momento, estamos tratando da questão da observação, da explicação e da interpretação do comportamento. Colocar o comportamento num dado quadro de referência é dar a ele sentido. É impossível explicar o comportamento apenas através da topografia. Suponhamos que estamos assistindo a um vídeo em que uma pessoa está correndo. Vemos suas pernas se movimentando freneticamente, o suor escorrendo pelo seu rosto e os braços balançando de um lado para o outro.
Entretanto, nesse vídeo só podemos ver a pessoa, pois todo o ambiente que a cerca está escuro. Nessa situação, não podemos saber exatamente o que a pessoa está fazendo. Podemos descrever meticulosamente a topografia dos seus movimentos, mas não a função do seu comportamento. Ela poderia estar correndo de um bandido ou fugindo da polícia; ela poderia estar correndo uma maratona ou correndo em uma esteira; enfim, ela poderia nem mesmo estar correndo.
Sendo assim, é imprescindível à análise do comportamento estudá‑lo a partir de um quadro de referência. Tal quadro, por sua vez, é em grande parte histórico: só podemos dar sentido ao comportamento de um organismo se tivermos acesso à sua história de interação com o ambiente. O que podemos dizer, então, sobre o organismo? Afinal, quando tratamos do comportamento, sempre estamos lidando com o comportamento de um organismo. Porém, não há uma definição consensual de organismo (e.g., Palmer, 2004; Roche & Barnes, 1997).
Até mesmo Skinner (1947/1961b, p.236) estava ciente do problema: “Afortunadamente para a psicologia, tem sido possível lidar com o comportamento sem uma compreensão clara sobre quem ou o que está se comportando”. Para uma definição aproximada de organismo, devemos levar em conta as seguintes passagens de Skinner: “o organismo é uma unidade biológica” (Skinner, 1947/1961b, p.236); o “indivíduo é no máximo um lugar em que muitas linhas de desenvolvimento se reúnem em uma configuração única” (Skinner, 1971, p.209); o organismo é “mais que um corpo; ele é um corpo que faz coisas” (Skinner, 1989b, p.28).
Para Palmer (2004), a definição de organismo como “unidade biológica” nos remete a uma visão morfológica, segundo a qual a pele seria o critério de distinção entre organismo e ambiente. O organismo seria o sistema encerrado dentro da pele e fora dela estaria o ambiente (Palmer, 2004). Esse critério só é relevante na medida em que a partir dele temos um ponto de referência relativamente estável para o estudo do comportamento. Afinal, o sujeito experimental é facilmente delimitado por essa definição morfológica.
Não é possível, porém, esgotar a definição de organismo apenas pela morfologia. Há também uma definição processual, segundo a qual o organismo seria um lócus em que variáveis filogenéticas e ontogenéticas são combinadas numa configuração única. Essa configuração atesta ao organismo singularidade acerca do seu complexo repertório de comportamento. Temos, então, uma definição morfológica que serve bem aos propósitos práticos de se delimitar um sujeito experimental.
Mas, por outro lado, temos também uma definição de organismo que leva em conta o seu repertório comportamental e esse organismo não pode ser cingido pela sua pele. Nas variáveis filogenéticas responsáveis pelo desenvolvimento de sua espécie e nas variáveis ontogenéticas que constituem a sua história de vida, o organismo vai além da pele.
Em tempo, a definição de organismo como um corpo que faz coisas é bastante precisa, pois abrange tanto a definição morfológica (“corpo”) quanto a processual (“que faz coisas”), estabelecendo, assim, um ponto de equilíbrio entre morfologia e processo ao mesmo tempo em que nos leva novamente às relações entre ambiente e ação que, por si só, são suficientes para definir o comportamento.
É possível supor, portanto, que o comportamento é a relação entre o ambiente e as ações de um organismo. Trata‑se de uma definição fundamentalmente relacional, pois os termos “ambiente” e “ação” só adquirem sentido quando postos em relação. E mais, essa relação é o próprio ponto de partida para a definição dos termos envolvidos na definição. O ambiente é qualquer evento que afete o organismo, podendo ser tanto os estímulos eliciadores ou discriminativos quanto os eventos consequentes da ação.
Ao longo do texto, quatro termos foram utilizados para tratar da parte do comporta‑ mento que cabe ao organismo executar: atividade, movimento, ação e resposta. O comportamento envolve uma atividade? Sim, mas não toda atividade do organismo. Sua característica principal é a interação com o ambiente. O comportamento envolve movi‑ mento? Não necessariamente, pois a atividade não é definida pela topografia, mas sim pela função.
O comportamento envolve a ação? Depende do sentido dado ao termo. Se ação for definida como res‑ postas do organismo em relação ao ambiente, então o comporta‑ mento envolve a ação. Entrementes, em diversos textos, Skinner também apresenta características do comportamento com as quais ainda não lidamos. Segundo o autor (1953/1965, p.15), o comportamento “é um processo, e não uma coisa. […] É mutável, fluido, e evanescente” e “é a atividade coerente e contínua do organismo completo” (p.116).
E mais, o “comportamento está em estado de fluxo e de mudanças contínuas que chamamos ‘processos’” (Skinner, 1954, p.305). Pelas citações é possível reforçar a ideia de que o comportamento é um processo. Mas há novas características: trata‑se de um processo fluido, em constante modificação e evanescente, mas que é contínuo e de fluxo constante. Ora, como algo evanescente pode ser contínuo e constante?
Nesse momento é pertinente apresentarmos uma divisão conceitual do comportamento em três níveis. Essa manobra contribuirá para o entendimento sobre o que é o comportamento. O primeiro nível consiste nas ocorrências comportamentais. São as respostas únicas, as “instâncias” comportamentais que ocorrem num dado período de tempo (Skinner, 1953/1965). Imaginemos um rato pressionando a barra numa caixa de Skinner.
Cada ocorrência do pressionar a barra é uma resposta singular. A única coisa que podemos fazer a respeito é observá‑la. Não podemos fazer mais nada porque o caráter evanescente do comportamento está nas ocorrências. Uma ocorrência nunca se repetirá pelo simples fato de que ela se esvaiu no tempo, agora fazendo parte apenas do passado. É justamente nesse sentido que Skinner (1969b, p.86) afirma que “o comportamento é evanescente. O que o homem faz e diz são coisas do momento.
Não sobra nada quando uma resposta se completa, exceto o organismo que respondeu. O comportamento em si desapareceu na história”. Por meio da análise experimental, várias ocorrências comportamentais são observadas e postas em relação com variáveis ambientais. A partir dessa análise, é possível observar que ocorrem mudanças ordenadas, e, assim, padrões de comportamento são delineados.
Voltando ao exemplo do rato na caixa de Skinner, ao observarmos todo o processo de condicionamento que levou o rato a pressionar a barra podemos explicar a função do seu comportamento. As respostas únicas são analisadas como pertencentes a uma mesma classe de respostas cujo caráter definidor está nas consequências que elas produzem, isto é, em suas funções.
O quadro de referência apresentado na definição de Skinner (1938/1966a) entra nesse nível. Só podemos entender o comportamento do organismo quando temos acesso não só às suas respostas únicas, mas também à sua história de condicionamento e ao seu repertório comportamental.
Entretanto, Skinner (1953/1965, p.116) observa que “qualquer unidade do comportamento operante é em certa medida artificial. […] Embora o [comportamento] possa ser analisado por partes para fins teóricos ou práticos, nós precisamos reconhecer sua natureza contínua”. Ou seja, as classes comportamentais, que constituem o segundo nível conceitual, são ferramentas conceituais que possibilitam o estudo do comportamento ao alocar as ocorrências comportamentais em unidades funcionais que não são evanescentes como as ocorrências propriamente ditas, mas que, por outro lado, são por elas constituídas.
Mas como algo evanescente constitui alguma coisa? As ocorrências constituem as classes enquanto frequência de respostas e são classificadas de acordo com as suas funções. Isso significa que o observador não vê uma classe comportamental, mas sim ocorrências únicas. As classes são construções teórico‑analíticas que facilitam o estudo do comportamento. É possível sustentar que as classes comportamentais são decorrências do estudo do comportamento em processo, o que nos leva ao terceiro nível conceitual: o fluxo comportamental.
O comporta‑ mento é um processo contínuo, um fluxo de atividade que nunca pressionar a barra podemos explicar a função do seu comporta‑ mento. As respostas únicas são analisadas como pertencentes a uma mesma classe de respostas cujo caráter definidor está nas consequências que elas produzem, isto é, em suas funções. O quadro de referência apresentado na definição de Skinner (1938/1966a) entra nesse nível.
Só podemos entender o comportamento do organismo quando temos acesso não só às suas respostas únicas, mas também à sua história de condicionamento e ao seu repertório comportamental. Entretanto, Skinner (1953/1965, p.116) observa que “qualquer unidade do comportamento operante é em certa medida artificial. […] Embora o [comportamento] possa ser analisado por partes para fins teóricos ou práticos, nós precisamos reconhecer sua natureza contínua”.
Ou seja, as classes comportamentais, que constituem o segundo nível conceitual, são ferramentas conceituais que possibilitam o estudo do comportamento ao alocar as ocorrências comportamentais em unidades funcionais que não são evanescentes como as ocorrências propriamente ditas, mas que, por outro lado, são por elas constituídas. Mas como algo evanescente constitui alguma coisa?
As ocorrências constituem as classes enquanto frequência de respostas e são classificadas de acordo com as suas funções. Isso significa que o observador não vê uma classe comportamental, mas sim ocorrências únicas. As classes são construções teórico‑analíticas que facilitam o estudo do comportamento. É possível sustentar que as classes comportamentais são decorrências do estudo do comportamento em processo, o que nos leva ao terceiro nível conceitual: o fluxo comportamental.
O comportamento é um processo contínuo, um fluxo de atividade que nunca cessa, dividido metodologicamente apenas para análise. Nós observamos as ocorrências enquanto ocorrências comportamentais graças ao caráter relacional da definição do comportamento, em que o ambiente é definido em relação à ação do organismo e vice‑versa. Em poucas palavras, a relação é pressuposta na observação.
Já as classes comportamentais, por sua vez, são dependentes das ocorrências, justamente por serem constituídas por elas. E, finalmente, há o fluxo comportamental, cuja ideia básica é a de que o comporta‑ mento, em seu sentido mais amplo, fundamental e independente de observações e análises, é um processo relacional constante. O que podemos dizer a respeito do fluxo comportamental? Primeira‑ mente, que ele não é observável.
Observamos apenas ocorrências comportamentais. Por outro lado, não podemos sustentar que o fluxo é também produto da análise, pois a análise é, em si mesma, a quebra do fluxo em unidades funcionais. Dessa forma, podemos concluir apenas que o fluxo comportamental é pressuposto no behaviorismo radical, sendo o processo relacional responsável tanto pelas ocorrências comportamentais (enquanto eventos comportamentais observáveis) quanto pelas classes (enquanto construções teórico‑analíticas).
Afinal, o fluxo comportamental está fora do alcance visível do observador, já que se trata do processo essencial para a sua própria existência enquanto ser que se comporta. Ou seja, tanto a observação de ocorrências quanto a construção de classes é também comportamento (do cientista, do analista do comporta‑ mento, do homem comum, etc.).
As características principais dos três níveis conceituais do comportamento estão resumidas no Quadro 2.1. Traçamos, nessa seção, dois caminhos para caracterizar o que é o comportamento sob a óptica do behaviorismo radical. O primeiro deles colocou em evidência a natureza relacional do conceito, segundo a qual a própria relação entre ambiente e ação é o comporta‑ mento, já que os termos envolvidos na definição só fazem sentido quando postos dessa forma.
O segundo caminho, por sua vez, nos ajudou a esclarecer o status dos níveis de análise do comporta‑ mento. Primeiramente, há as ocorrências comportamentais, que,
por serem os únicos eventos observáveis, são essenciais para o estudo do comportamento. Há também os construtos teórico‑ ‑analíticos facilitadores do estudo do comportamento denominados classes comportamentais.
Finalmente, há o fluxo comportamental, cuja existência é pressuposta e fundamental para a concepção de ocorrências e de classes. Em ambos os caminhos, todavia, chegamos ao mesmo resultado: o comportamento é a relação essencial, pressuposta e contínua entre o ambiente e as ações de um organismo.
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional.
REFERÊNCIAS:
A natureza comportamental da mente: behaviorismo radical e filosofia da mente / Diego Zilio. – São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010.
Descubra mais sobre Curso Completo de Pedagogia
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.