Educação Infantil: fundamentos e métodos

Educação Infantil: fundamentos e métodos O livro fala sobre a história da infância até os dias atuais. Destaca a visão a respeito de criança construída historicamente o que levou a indagação a respeito das creches e pré-escolas em sua prática pedagógica.

A autora fala sobre o assistencialismo no ambiente escolar e a importância de rever estas questões para garantir à criança seu desenvolvimento. Fala também sobre as Diretrizes da Educação que garantem a criança o direito de se desenvolver.

Fala sobre a construção de uma escola da infância, local onde a criança tem fala e constrói cultura e, a prática de interagir com as ações das crianças para garantir a compreensão do meio que a cerca e seu desenvolvimento além de do cuidar e educar: fatores indispensáveis na Educação Infantil.

Superar o assistencialismo na creche

Para compreendermos o que seria a superação do assistencialismo na creche, precisamos voltar um pouco no tempo e conhecer um pouco da história da Educação Infantil. A história da educação e marcada por muita exclusão e pelo fato de que outrora, as pessoas com acesso à educação eram destinadas às com poder econômico.

A história da educação infantil foi marcada por uma política que não oferecia às crianças um estudo formal. As crianças anteriormente eram vistas como objetos. Não era reconhecido que a criança portava conhecimentos, sentimentos e que tinham o direito ao aprendizado para evoluir seus conhecimentos.  As crianças pobres da época eram acolhidas simplesmente para serem auxiliadas de forma caritativa, pois muitas vezes eram abandonadas pelas mães que precisavam trabalhar.

Com o surgimento das creches as mães poderiam trabalhar na área doméstica ou industrial sem que fosse preciso abandonar seus filhos. A partir dessas preocupações movimentos sociais de âmbito particular começaram a criar internatos, asilos e creches com finalidade de prover serviços de apoio assistencialista para as crianças pobres sem fins educacionais.

Movimento das Escolas Novas

No final de século XIX, surge na Europa, o Movimento das Escolas Novas com objetivo de formar jardins de infância. Estes seriam condicionados pelo Estado e designados à classe infantil pobre. Mas infelizmente, o Poder Público brasileiro na época não aprovou a inserção dessas instituições, pois acreditavam não possuir obrigação de manter essas instituições.

Assim sendo, surgiram iniciativas privadas que deram início aos jardins de infância, mas eles atendiam as classes médias e ricas. Com isso as crianças pobres permaneciam em desvantagem sofrendo descaso e exclusão.

Assista como Criar um Plano de Aula Segundo a BNCC

Segundo Oliveira (2002) em 1899, surgiu o Instituto de Proteção e Assistência à Infância, fundando por órgãos particulares. Em 1919 surge o Departamento da Criança de iniciativa governamental, decorrente de uma preocupação com a saúde pública. E logo depois surgem escolas infantis e jardins de infância. (2002, p. 94).

Industrialização do país

Com a industrialização do País, houve mudanças consideráveis nas vidas das famílias. Pois a economia agrícola autorizava que os filhos permanecessem com os pais durante o trabalho, mas nos serviços realizados nas indústrias e fábricas não permitia que a mulher fosse trabalhar e levar consigo seus filhos.

Muitas mães precisavam recorrer às “criadeiras”, (mulheres que cuidavam de crianças), mas infelizmente por conta das condições precárias e falta de higiene as crianças pequenas morriam. Com isso surgem os movimentos operários Neste contexto social, surgem movimentos operários que exigem condições melhores de trabalho.

Luta por direito e condições de trabalho

A luta pelo direito a condições melhores de trabalho foram encaminhas para o Estado na procura de que o Poder Público conviesse com seu papel social nas construções de creches, com a finalidade de atender as necessidades das mães trabalhadoras.

Durante todo esse período histórico, temos como base a preocupação baseada somente em: “com quem deixar a criança” sem se preocupar com a criança em seus aspectos cognitivos, sua evolução como sujeito, seus aspectos culturais e afetivos.

Segundo Oliveira (2002) a partir da década de 70 ocorreu a preocupação com o desenvolvimento intelectual da criança, de forma que surgiram novos valores: “a exigência de um modelo educacional focado para os aspectos cognitivos, emocionais e sociais da criança pequena” (p. 109).

Na década de 80, ocorre por parte dos operários e das feministas a busca pela democratização do País e o combate as disparidade social. Assim sendo exigindo também a ampliação de escolas proporcionando a condição de acesso da população mais pobre às escolas.

 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

Por volta da década de 90 o MEC por meio da Coordenadoria de Educação Infantil iniciou a discussão frente às questões ligadas a qualidade de ensino oferecida pelas creches e pré-escolas. A partir do levantamento dessas questões surge a Lei 9394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), que estabelece a educação infantil como a etapa inicial da educação básica.

Com isso se percebe que o olhar frente às creches e pré-escolas parte da mudança do assistencialismo para a questão do espaço ser educativo. Bem como a preocupação com a criança estabelecendo um olhar reflexivo perante a prática pedagógica, proporcionando a ela a possibilidade de desenvolvimento físico, mental, social e emocional.

Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), a educação infantil é a primeira etapa da educação básica e, considera como um complemento da ação da família e da comunidade em que a criança está inserida. Ou seja, A família tem obrigações de educar a criança e a escola é uma instituição que complementa essa atividade educativa.

Princípios da Educação Infantil segundo as Diretrizes da Educação

As Diretrizes são um conjunto de princípios que orientam as unidades de Educação Infantil a planejarem o cotidiano escolar de forma que suas práticas pedagógicas atendam às crianças de forma a garantir seu desenvolvimento pleno.

Todos os princípios estabelecidos nas Diretrizes devem contribuir para que durante a Educação Infantil a criança se desenvolva, nos âmbitos físicos, mentais, sociais e afetivos.  A proposta pedagógica deve estar ligada as Diretrizes e garantir que as crianças de 0 a 5 anos construa seu conhecimento em meio a um ambiente que proporcione a ela o direito:

 “a proposta pedagógica das instituições de Educação Infantil deve ter como objetivo principal promover o desenvolvimento integral das crianças de zero a cinco anos de idade garantindo a cada uma delas o acesso a processos de construção de conhecimentos e a aprendizagem de diferentes linguagens, assim como o direito à proteção, à saúde, à liberdade, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e interação com outras crianças” (Resolução CNE/CEB nº 05/09, art.8º).

Subsídios para a construção de uma escola da infância, local onde a criança tem fala e constrói cultura

Nos dias de hoje em meio a tantos estudos sobre a área da Educação Infantil, existe ainda a carência da construção contínua das metodologias e práticas pedagógicas.  Muitas instituições ainda agem de forma inadequada  e com práticas que não favorecem o desenvolvimento da criança.

A forma como diversas creches e pré-escola age até hoje, é consequência de tradições históricas em se que cuidavam de crianças de forma assistencial. Com isso a Educação Infantil sobre influência. De acordo com as Diretrizes, o ambiente escolar passou a ser um lugar onde ocorre o conhecimento.

Formação adequada para professores

A educação sofre com a formação específica, ou seja, os profissionais da Educação não têm uma formação que garanta uma atuação na Educação Infantil. É necessário que haja o esclarecimento em relação às suas responsabilidades com as crianças da idade de 0 a 3 anos.

Os sistemas de ensino devem prover uma formação adequada para que os professores possam atuar de acordo com a proposta das Diretrizes da Educação. Sendo assim é necessário que as instituições trabalhem em prol do aperfeiçoamento das instituições, fazendo com que as práticas educativas sejam centradas na criança e em seu desenvolvimento.

Embora as crianças sejam capazes de construir seu próprio conhecimento, o professor como mediador do ensino/aprendizagem, deve dispor de conhecimentos específicos da área para atuar e contribuir para que a criança se desenvolva.

O professor como mediador do conhecimento deve exercer o papel fundamental de garantir que a criança se desenvolva, ou seja, a criança aprende em meio a interação com o ambiente em que vive e com as práticas realizadas em seu dia a dia.

Interagir com as ações das crianças

A criança procura entender o mundo que a cerca e compreender ela mesma, sendo assim o professor deve agir e interagir continuamente com as crianças durante as atividades, brincadeiras e descobertas que elas fazem. Com isso as ações das crianças são mediadas e consequentemente elas começam a compreender tudo o que está a sua volta.

As experiências que a criança vivencia no espaço educativo promovem condições de descobertas. A interação com o meio permite a ela a aquisição do pensar, sentir e solucionar seus problemas de forma geral.

Na Educação Infantil, a interação deve envolver a ludicidade e as brincadeiras, conquistando assim dessa forma o prazer e satisfação da criança. A criança está inteiramente ligada às coisas alegres e lúdicas e com isso, possibilitamos que ela possa interagir com o meio e outras crianças. Dessa forma ela se envolve com diferentes formas de linguagem e cultura, o que amplia ainda mais sua experiência de vida.

O Desenvolvimento da Criança

O Desenvolvimento da criança está ligado intrinsecamente com as relações sociais, ou seja, por meio das relações sociais, a criança cria sua identidade, pois estabelece relações entre o meio, entre pessoas e culturas diferentes da sua. Adquirindo dessa forma um olhar reflexivo perante a realidade e reformulando seus conhecimentos e experiências de vida.

O brincar na Educação permite que a criança imite (brincar de faz de conta), crie e recrie diversas situações do dia a dia, e por meio disso se aproxima da realidade. O faz de conta exerce o papel de possibilitar a descoberta a respeito do mundo.

Com o faz de conta a criança assume diversos papéis diferentes e, ao se colocar no lugar do outro, compreende e passa a estruturar suas ações.  Desenvolve diversas habilidades e constrói de forma rica sua Identidade.

Por fim, entender que a criança atua como protagonista do seu conhecimento nos faz compreender que as creches e pré-escolas devem conduzir às crianças a uma experiência de vida em que ela possa interagir com o meio ambiente e com o meio social.

Cuidar e educar

Embora as creches e pré-escolas não sejam ambientes com o objetivo de dar assistência, sabemos que lidar com crianças pequenas exigem que as mesmas tenham o direito a cuidados para garantia de seu bem estar.

Sendo assim, lidar com crianças pequenas exige ter em mente que elas possuem necessidades de cuidados tais como higiene, segurança, alimentação, além de contribuir com o desenvolvimento da criança na área afetiva.

O RCNEI diz que o cuidar (1998, v. 01, p. 25) “[…] é, sobretudo dar atenção à criança como pessoa que está num contínuo crescimento e desenvolvimento, percebendo suas particularidades, descobrindo e respondendo às suas necessidades”.

O cuidado com a criança vai além da higiene, segurança e alimentação. Cuidar é conhecer a criança, seus desejos, vontades e necessidades. Criar um vínculo afetivo com a criança envolve ter a capacidade de ajudar a criança não só nos aspectos físicos, mas também nos emocionais.

Segundo o RCNEI

O RCNEI (1998, v. 01), diz que o Cuidar circunda aspectos tais como: a afetividade, as questões biológicas, a alimentação e os cuidados com a higiene, saúde e bem estar da criança. Não existe a possibilidade de acontecer a educação se o cuidado não estiver presente, pois como uma criança irá aprender em meio a necessidades presentes sendo elas fundamentais para seu bem estar?

Se a criança estiver com fome, sono, sem ser trocada ou alguma outra coisa que a incomode, ela não irá apresentar rendimento algum. Devemos nos atentar as carências da criança, pois, sendo pequenas ainda, não conseguem agir de forma autônoma em relação a tudo que precisam. E por esse motivo o professor deve ter um olhar atento a qualquer indício de necessidade que venham a apresentar.

A questão do educar na Educação Infantil está ligada intimamente à vontade, ou seja, a criança deve apresentar interesse para executar as atividades propostas. Sendo assim, o professor deve propor práticas lúdicas que atraiam a criança de forma afetiva a fim de instiga-la a querer realizar o que lhe é proposto.

Tudo deve ser criteriosamente planejado, pois cada criança tem seu modo de agir frente suas limitações e habilidades. Dessa forma, suas capacidades devem ser estimuladas de forma consciente e mediadas para que as mesmas sejam capazes de se desenvolveram de forma ampla.

Leia o Livro: Educação Infantil: Fundamentos e Métodos

OLIVEIRA, Zilma Ramos. Educação Infantil: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2002.

Assista aos Vídeos Abaixo:

   

   

Licença Creative CommonsEste Conteúdo está licenciado com uma Licença.


Descubra mais sobre Curso Completo de Pedagogia

Assine para receber os posts mais recentes por e-mail.

Deixe uma resposta