O desenho infantil – Mèredieu

O desenho infantil - MèredieuO livro Desenho infantil por Mèredieu fala a respeito área disciplinar das artes plástica e no decorrer de sua pesquisa, ela aponta os principais métodos utilizados e teorias que estudam o grafismo. Seu trabalho tem como finalidade apontar diferentes pontos de vista a respeito dos desenhos das crianças.

Este livro é de grande importância para todos os profissionais que voltam sua atenção para o desenvolvimento da criança sendo eles educadores, psicólogos, estudantes de estética, artes plásticas dentre outros.

Grafismo infantil

Quando falamos em grafismo nos referimos à capacidade do ser humano em manifestar de forma simbólica seus pensamentos. Expressando por meio de representações uma realidade. Durante a infância surgem os primeiros rabiscos. Esses rabiscos são as primeiras manifestações da criança que para muitos não significam nada.

Sempre ouvimos dizer que a interação com o meio abre portas para o desenvolvimento e para a aquisição do conhecimento, sendo assim, os rabiscos que a criança produz são o início das primeiras expressões da criança que a conduz para o futuro evolutivo da produção artística.

Segundo Mèredieu as manifestações iniciais da criança são compreendidas como reproduções pré-históricas, ou seja, a manifestação artística na pré-história foi evoluindo e se aprimorando. E da mesma forma isso acontece com a criança. Seus rabiscos vão se aprimorando com o passar do tempo até chegar a uma reprodução artística com traçados precisos.

Nos estudos realizados pela autora do livro, ela menciona a respeito dos pensamentos e pesquisas realizados por William Preyer que fala que as manifestações iniciais da criança condizem com o fator biopsíquico, ou seja, suas manifestações são resultantes de fatores biológicos e psíquicos.

Conforme a criança desenvolve sua maturidade motora e psíquica, surgem neste mesmo momento as capacidades de manifestar seus primeiros grafismos por meio de rabiscos. Baseados nestes fatores, iremos falar um pouco a respeito dos três estágios do rabisco segundo Mèredieu.

Estágio Vegetativo Motor

O Estágio Vegetativo motor que ocorro por volta dos 18 meses (1 ano e 6 meses)  tem como característica rabiscos com formas arredondadas apresentando leves curvaturas e traços alongados. Durante essa fase a criança reproduz rabiscos sem tirar o lápis do papel.

Cria movimentos que conduzem as famosas “garatujas”. Esse momento em que a criança rabisca, ela está descobrindo seus movimentos e manifesta-os pelo simples fato de sentir prazer em realiza-los.

Estágio Representativo

Por volta dos 2 a 3 anos de idade a criança já consegue reproduzir movimentos sendo capaz de levantar o lápis. Nesse período surgem formas com características infrequente e aleatória não sendo conduzidas apenas por contrações musculares.

Durante essa fase a criança inicia em suas garatujas/rabisco (que para ela é um desenho) valores simbólicos, atribuindo ao seu desenho nomes e significados.

Estágio Comunicativo

Finalmente no estágio comunicativo que ocorre por volta dos 3 e 4 anos ocorre a reprodução e tentativa de escrever algo igual ao que o adulto reproduz. Nesse momento a criança reproduz escritas que possuem formas com características de uma serra (zigue zague – para cima e para baixo). Para ela, sua escrita possui significado se tornando dessa forma a reprodução de tudo que está a sua volta.

Visão de Luquet perante a evolução dos traços da criança

Realismo Fortuito (Involuntário e Voluntário)

Esta fase é caracterizada pela produção inicial do grafismo que a criança desenha pelo fato de lhe ser prazeroso. A criança observa a atitudes dos adultos perante a escrita e a partir disso tenta imitá-los. Além do fator da imitação, ela repete este processo inúmeras vezes, pois sente prazer em rabiscar.

Conforme a criança vai rabiscando e tentando reproduzir escritas que ela observa, ela vai construindo e relacionando sua prática, atribuindo simbologia a elas. Nessa fase em que a criança escreve de forma involuntária faz com que ela idealize passando para o fazer premeditado.

Realismo Fracassado

Neste período a criança desenha se baseando na realidade que a cerca, ou seja, tentar criar representações relacionadas com sua vivência. Nessa fase ela percorre por diversas dificuldades para conseguir reproduzir desenhos realistas.

Segundo Mèredieu existem dois tipos de obstáculos: a física que está relacionada com a capacidade na execução, ou seja, conseguir realizar o desenho. E a psíquica que se trata do desenvolvimento mental e a atenção que permite à criança conseguir perceber detalhes de forma geral.

Dessa forma compreendemos que a criança pode não conseguir reproduzir um desenho com perfeição, pois sua capacidade física não lhe permite ou, sua mente ainda não está capacitada para captar detalhes sobre o que vê e quer reproduzir.

Esse estágio que ocorre por volta de 3 a 4 anos é um momento de transição em que a criança cria seus grafismos e neles ela fracassa conquista experiências que permitem a ela descobrir seus traçados, e dessa forma evoluindo em seu processo de aprendizagem.

Realismo Intelectual

No Realismo Intelectual a criança consegue alcançar o desenho realista. Esta fase é caracterizada pela superação da inaptidão sintética. Nessa fase a criança consegue reproduzir elementos reais em seu grafismo pois sua capacidade intelectual passou do concreto para o abstrato, ou seja, consegue reproduzir elementos que ela conhece sem precisar vê-los.

Outrora era necessário ver para desenhar, mas na fase em que ela alcança o realismo intelectual, a criança interiorizou um objeto concreto e em sua mente possui sua lembrança (abstrato), sendo assim capaz de desenha-lo se lembrando dele.

Realismo Visual

O Realismo Visual é o último estágio do desenho infantil, nesse momento a criança atinge a capacidade de reproduzir desenhos com proximidade visual, ou seja, consegue reproduzir grafismos com maior semelhança frente ao objeto em que ela se inspira.

Segundo Luquet no realismo visual a criança passa do desenho infantil para a produção adulta, ou seja, o desenho infantil chega ao fim e com isso a criança passa a reproduzir seu grafismo de forma ordenada.

Segundo Mèredieu essas fases mencionadas por Luquet não são satisfatórias e convincentes pois dentre esses fatores estabelecidos, para a autora, faltam muitos pontos importantes para seguem abordados e discutidos.

Piaget

Piaget contribuiu muito com seus estudos e pesquisas a respeito das fases do desenho infantil. Segundo Piaget as crianças passam por cinco fases e etapas de desenvolvimento sendo elas: Garatuja Desordenada e Garatuja Ordenada, o Período Sensório-Motor (0 a 2 anos), e o Pré-Operatório (2 a 7 anos).

Garatuja desordenada

As garatujas desordenadas: são caracterizadas pelo contato inicial da criança com o papel e lápis. Nesse período a criança não consegue representar seus pensamentos, a base principal está ligada ao prazer pelo movimento sem se ater aos limites da folha. As garatujas desordenadas, não exibem mobilidades definidas.

Nesse período a criança segura o lápis de formas diferentes e não possui domínio motor fino desenvolvido. Outra característica da garatuja desordenada se trata da falta de preocupação perante o desenho. A criança não se preocupa com a forma de desenhar e por esse motivo rabisca inúmeras vezes no mesmo lugar que outrora ela já escreveu.

Garatuja ordenada

A garatuja ordenada tem como características a mudança relacionada aos movimentos. Nessa fase a criança começa a respeitar os limites da folha e ao espaço existente. Esse momento também é caracterizado pela conquista do desenvolvimento da coordenação motora fina, sendo capaz de reproduzir movimentos circulares de forma precisa.

Conforme a criança vai reproduzindo rabiscos/garatujas, ela vai aprimorando suas habilidades e com isso suas representações deixam de serem apenas movimentos e passam a serem representações de coisas que veem a mente.

Pré-esquematismo

Essa fase destacada por Piaget (fase pré-operatória) diz respeito à descoberta da relação entre desenho, pensamento e realidade. Os componentes são separados e não se relacionam entre si. Nessa fase a criança ao usar cores em seu desenho não estabelece relação com a realidade, sua escolha depende de seu interesse emocional.

Esquematismo

O Esquematismo é caracterizado pela condição que a criança possui em criar esquemas representativos. Nessa fase a criança já tem o conceito da figura humana definida, porém seus desenhos sofrem fortes diferentes quando relacionados com a realidade, ou seja, sua reprodução frente à realidade ainda é precoce. Nesse mesmo período a criança já é capaz de relacionar o objeto a sua cor.

Realismo

O Realismo é o final das operações concretas, ou seja, nesse momento a criança abandona o uso de linhas e insere em suas representações formas geométricas. Consegue fazer diferenciação entre os sexos (homem/mulher). Tornando em evidência e diferenciando por meio de roupas os sexos em seus desenhos (homem vestindo calças e mulher cabelos compridos e vestido).

Pseudo naturalismo

Esta última fase do desenho infantil, Piaget destaca o Pseudo Naturalismo como a fase das operações abstratas (10 anos em diante). Nessa última fase a consciência visual se faz presente e de forma marcante.

Nesse momento todas as representações realizadas são planejadas e expressam realismo e objetividade. Na figura humana as características sexuais são explicitamente representadas e a conscientização referente ao uso de cores pode apresentar ou não propósitos referentes ao símbolo ou regra pré-estabelecida.

Leia o livro: O desenho infantil.. São Paulo: Cultrix, 2006.

MEREDIEU, Florence de. O desenho infantil.. São Paulo: Cultrix, 2006.

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