Educação psicomotora: a psicocinética na idade escolar

Educação psicomotora: a psicocinética na idade escolar O livro Educação psicomotora: a psicocinética na idade escolar de Le Boulch fala a respeito de práticas para utilizar o movimento na educação como forma de desenvolvimento. Em sua obra o autor fala a respeito da psicocinética (capacidade de se movimentar a partir das funções mentais e psíquicas), dessa forma propondo meios de utilizar essa prática para que a criança possa atingir seu desenvolvimento de forma global.

Consciência do seu corpo, gesto e movimento

O autor em seu livro fala a respeito da consciência que a criança precisa adquirir a respeito de si, e para isso é fundamental propor práticas que proporcionem o desenvolvimento das habilidades referentes ao domínio dos gestos e movimentos (coordenação motora).

A prática psicomotora segundo LE BOULCH deve ser desenvolvida desde seus primeiros anos de idade. Propor e incentivar a criança desde cedo, promove seu desenvolvimento gradual e evita complicações futuras.

A criança durante seus primeiros anos pratica movimentos espontâneos (atividades motoras que não são planejadas/pensadas). A partir das atividades motoras executadas pela criança, podemos mediar e propor atividades que beneficiem a criança fazendo com que ela crie a consciência de si, seu corpo, o meio em que vive e as atitudes e movimentos que ela pode tomar.

Educação psicomotora – educação de base

Segundo LE BOULCH a criança ao ingressar na escola se depara com novos tipos de experiência, dentre eles: a relação com o mundo abstrato e as questões simbólicas. Dessa forma, se compreende que a evolução da criança depende dos fatores empíricos, ou seja, quando a criança se expõe a novas experiências de vida, e consequentemente precisa organizar novas funções psicomotoras para se adaptar aos novos desafios.

Esse fator proporciona à criança a capacidade de controlar melhor seus movimentos. Já que ela se encontra em um ambiente considerado novo e desconhecido, suas emoções e funções psíquicas os alerta sobre uma realidade que ela ainda não conhece ou não está acostumada a lidar. Sendo assim, o desenvolvimento psicomor está interligado às funções mentais, psicológicas e afetivas como um meio de direcionar o instinto de sobrevivência do sujeito.

Levando em consideração essas condições, o professor como mediador do desenvolvimento, deve propor atividades que conduzam e estimulem a criança a interagir com o meio e com os outros, adquirindo controle sobre seu corpo/movimentos e criando dessa forma autonomia.

Desenvolvimento funcional

A escola juntamente com a equipe escolar deve garantir o desenvolvimento funcional da criança, ou seja, contribuir para que a criança amplie suas habilidades frente suas capacidades existentes. Com isso ela aperfeiçoa sua interação com meio em que está inserida.

A Psicocinética está interligada com as leis do desenvolvimento psicomotor. Sua prática leva em consideração os estágios do desenvolvimento humano segundo Le Boulch. Perante as capacidades da criança e suas habilidades, é possível planejar práticas pedagógicas que desenvolvam na criança a consciência a respeito de seu próprio corpo.

Todo exercício educativo é proposto e relacionado a um objetivo específico, sendo assim ele deve ter como finalidade contribuir de forma condicional o desenvolvimento do sujeito, levando em consideração suas habilidades e conduzindo ao ápice de conquistar sua autonomia.

O professor deve compreender que as atividades devem ser objetivas, ou seja, devem contemplar as necessidades e condicionar aos alunos ao desenvolvimento que eles necessitam adquirir. As práticas educativas devem estimular de forma geral as capacidades motoras do sujeito e o reconhecimento do seu corpo proporcionando o controle de seus movimentos.

Ação educativa global e integradora

Para que a o desenvolvimento da criança aconteça de forma global e integradora, é necessário que ela entre de encontro com as necessidades da criança. Todas as práticas pedagógicas durante a educação infantil devem criar na criança a compreensão de seu corpo, (domínio de seus gestos, coordenação motora, equilíbrio, ritmo, agilidade, tonicidade e flexibilidade).

“A educação psicomotora deve ser considerada como uma educação de base na escola infantil. Ela condiciona todos os aprendizados pré-escolares; leva a criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, situar-se no espaço, a dominar o seu tempo, a adquirir habilmente a coordenação dos seus gestos e movimentos.” (LE BOULCH, 1984, p. 24)

Sendo assim se presume que para que a criança se beneficie com o desenvolvimento, os aprendizados durante a fase pré-escolar deve ter finalidades estabelecidas que conduzam à criança ao desenvolvimento e condicionando a interagir no meio em que vive atuando de forma integral no meio social.

Psicocinética, como método pedagógico, compõe um meio educativo fundamental às primeiras etapas de desenvolvimento do ser humano

Jean Le Boulch médico epsicólogo criador do Método da Psicocinética criou sua proposta vinculada  a ciência do movimento humano aplicada ao desenvolvimento humano. Ou seja, a educação pelo movimento ocorre de acordo com o desenvolvimento humano/maturidade.

Sua proposta é fundada na educação pelo movimento no enquadramento das ciências da educação. Sendo assim, Le Boulch defende a Educação Física embasada em propósitos e procedimentos definidos, que são eles:

  1. Método Médico: com a ginástica corretiva, a postura adequada e o desenvolvimento das crianças.
  2. Método Natural: baseado nos costumes dos gestos naturais.
  3. Método Desportivo: iniciação desportiva. Aplicabilidade do Método Psicocinético

O conceito de aprendizagem de acordo com a Psicocinética propõe uma metodologia focada em aprendizagens motoras possibilitando o desenvolvimento pautado nas capacidades do sujeito. A abordagem Psicocinética é indispensável durante todo o desempenho e processo do psicomotor do sujeito interligado ao estado cognitivo social e afetivo.

Práticas Psicocinética

Espaço-Temporal (ex: andar devagar e andar depressa);

O espaço temporal se trata da capacidade que a criança tem em distinguir a diferença entre:

O andar devagar e andar depressa;

Entre o seguimento do antes, durante e depois,

Diferença entre o que é tempo longo e curto;

Dominar ritmo rápido e lento do corpo;

Para a criança construir a capacidade de espaço-temporal é importante definir atividades que trabalhe espaço e tempo como, por exemplo:

Marcação de tempo com o bater de palmas;

Brincadeiras que alternem a velocidade do andar com passos lentos e rápidos;

Brincadeiras com vários participantes e que tenha a sucessão da participação de cada um (ex: primeiro, segundo, terceiro…);

Vestir-se (ex: primeiro a camiseta, depois a calça, depois a meia e etc…).

Todos esses acontecimentos proporcionam o desenvolvimento da orientação temporal na educação infantil. Por isso é importante que a criança brinque, interaja com o meio, ou seja, por meio das brincadeiras e desafios propostos ela se desenvolve.

Equilíbrio (ex: brincar de estátua)

O equilíbrio é um fator postural em que existe uma combinação de atos motores, ou seja, para determinados movimentos, é necessário o controle motor para executar determinadas ações. Frente a essa questão, existem muitas atividades que podem contribuir para o desenvolvimento do equilíbrio tais como:

Andar em cima de uma linha ou corda;

Equilibrar objetos sem derrubar enquanto anda;

Pular amarelinha (equilíbrio em um pé);

Caminhar em torno da cama elástica;

Andar de bicicleta dentre outros.

Conforme a criança pratica atividades motoras, ela cria o tônus postural e subsídios que se tornam precisos decorrentes das experiências vivenciadas que serão usadas sempre que necessário.

Ritmo (ex: bater palmas, bater bola)

O ritmo está relacionado à capacidade do sujeito se mover estabelecendo tempos diferentes como, por exemplo:

Rápido ou lento;

Compreensão de seguimento e continuação;

O comprometimento do desenvolvimento do ritmo pode prejudicar o aluno ao se deparar com a leitura (capacidade de codificar e decodificar), fazendo com que o sujeito tenha dificuldades na pontuação da escrita, entonação da leitura e velocidade.

Existem diversas atividades infantis que podem contribuir para o desenvolvimento do ritmo na criança tais como:

Brincar de dança da cadeira e rodar de acordo com a velocidade da música;

Bater palmas para fazer a marcação de tempos;

Imitar sequência de tempos estipulados pelo professor com palmas ou outro meio;

Coordenação motora ampla ou global (ex: marchar batendo palmas)

A coordenação motora ampla ou global se refere aos movimentos executados com os grandes músculos superiores como, por exemplo, (cabeça, pescoço, ombros e braços); e inferiores (quadris, pernas e pés).

Com os grandes músculos podemos executar tarefas como:

– andar;

– correr;

– pular;

– dançar;

– chutar;

– lançar objetos.

Ao realizar grandes movimentos com o corpo, as grandes massas musculares se deslocam criando equilíbrio e proporção, ou seja, uma combinação perfeita de movimentos precisos.

Coordenação motora fina (ex: tocar piano, escrever, massinha)

A coordenação motora fina são movimentos envolvem os pequenos músculos como por exemplo (rosto, mãos e dedos).

Por meio dos pequenos músculos, realizamos tarefas mais delicadas e precisas como:

– pegar objetos pequenos;

– desenhar;

– pintar;

– Escrever;

– Brincar de massinha e

– Tocar instrumentos musicais (Piano, Flauta, Violino dentre outros).

Além da coordenação motora grossa e fina, Existe a coordenação viso-motora que segundo Almeida (2007), é uma coordenação motora fina que envolve o uso da visão e as mãos ao mesmo tempo para executar atividades.

a coordenação viso-motora é a capacidade para realizar movimentos específicos, usando os pequenos músculos, a fim de atingir a execução bem-sucedida da habilidade. Exige uma ação de grande exatidão no movimento. Movimentos manuais em que coordenação e a precisão são essenciais. Exemplo: tocar piano, escrever, modelagem com massinhas, recortar, colar, trabalhos com objetos pequenos como: pinças, alicates de unha, etc.

Agilidade (ex: queimada, pega pega)

A agilidade motora se trata da capacidade que o sujeito tem em movimentar-se de forma rápida e precisa. Sendo capaz de executar diversos movimentos corporais com precisão e excelência. A agilidade está interligada com a capacidade de saber controlar o corpo de forma precisa.

Tonicidade – força física (ex: cabo de guerra)

A tonicidade está ligada à contração dos músculos, ou seja, estímulos nervosos responsáveis na ação do tônus muscular para realizar movimentos. A tonicidade muscular também está relacionada à força muscular a partir das atividades motoras que o sujeito pratica, contribuindo para o fortalecimento muscular.

Baseando se na Prática Psicocinética por Le Boulch, o Professor deve propor de forma ampla atividades que desenvolvam todas as características citadas acima, ampliando as capacidades motoras do sujeito de forma ampla, para atuar de forma integral no meio em que vive.

Leia o Livro Educação psicomotora: a psicocinética na idade escolar :

LE BOULCH, Jean. Educação psicomotora: a psicocinética na idade escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.

Assista aos Vídeos Abaixo:

   

   

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