Aspectos gerais dos tratamentos para crianças ansiosas

Aspectos gerais dos tratamentos para crianças ansiosasAlguns outros aspectos são importantes ao se projetar o atendimento dado a uma criança com transtornos de ansiedade (Cohen et al., 2004; Foa et al., 2004).

  • Avaliação da criança: deve ser conduzida de maneira sensível e adequada ao nível de desenvolvimento da criança. Isto significa que modalidades e mecanismos de comunicação devem ser ajustados; por exemplo, crianças muito pequenas utilizam meios de comunicação não verbal e participam mais quando brincam e desenham, enquanto crianças mais velhas e adolescentes podem ficar ofendidos quando terapeutas assumem que eles preferem brincar a falar, ou quando infantilizam o processo de tratamento. Os pais devem ser rotineiramente incluídos no processo de avaliação e tratamento, mas o nível e a natureza do envolvimento devem estar baseados no estágio de desenvolvimento da criança, nível de funcionamento da família, extensão na qual os sintomas ansiosos atrapalham o funcionamento familiar e tipo de problema comportamental e emocional alvos no tratamento.
  • Duração do tratamento: varia muito dentre os transtornos ansiosos. Um pequeno número de crianças precisa de tratamentos de longa duração. Crianças expostas à violência massiva, homicídio familiar ou suicídio, abuso prolongado, ou exposição repetitiva a eventos perigosos podem requerer tratamentos mais duradouros. Casos mais severos requerem dedicação árdua ao tratamento por parte da criança, família e terapeuta. Terapias de longo prazo também podem ser necessárias quando assuntos relacionados à capacidade de confiar e formar relações significativas estão presentes. De maneira geral, a duração do tratamento deve ser determinada com base individual, levando em consideração a criança, sua idade e seus sintomas.
  • Tipo de trauma: especialmente nos casos de TEPT, em que o evento traumático é reconhecido, é importante avaliar o tipo de trauma, se crônico ou agudo, ao se planejar o tratamento.
  • Comorbidades: pacientes com transtornos ansiosos usualmente têm pelo menos um outro transtorno psiquiátrico. Por isso, há que se avaliar entre tratamentos diretivos para a redução de sintomas ansiosos e outros que podem melhorar os sintomas comórbidos.
  • Suicibilidade: é comum que alguns transtornos ansiosos venham acompanhado de comportamentos auto-destrutivos. É importante avaliar cuidadosamente a presença de ideação suicida e história de tentativas de suicídio anteriores, demandando tratamento antes que qualquer outro sintoma seja abordado.
  • Dependência de substâncias: também se associam aos transtornos ansiosos, especialmente na adolescência.
  • Indicação de hospitalização: a hospitalização é indicada quando a criança está em risco iminente de ferir a si próprio e aos outros, ou está desestabilizada na habilidade de suas funções, ou necessita de avaliação/ observação especializada em um ambiente seguro. Costuma ser usada em casos de violência familiar ou comunitária, deixando a criança em local seguro durante a avaliação do quadro.

REFERÊNCIAS:

Assis, Simone Gonçalves de Ansiedade em crianças: um olhar sobre transtornos de ansiedade e violências na infância / Simone Gonçalves de Assis; Liana Furtado Ximenes; Joviana Quintes Avanci; Renata Pires Pesce. — Rio de Janeiro: FIOCRUZ/ENSP/CLAVES/CNPq, 2007. 88p. (Série Violência e Saúde Mental Infanto-Juvenil)