Arte: Teatro para quê?

Afinal de contas, para que será que existe o Teatro? Será que a única função dele é nos divertir?

O Teatro era ritual e sagrado

A arte da representação ou Teatro é algo tão antigo quanto a própria humanidade. Os estudiosos sobre o assunto não tem um consenso a respeito do surgimento do teatro mas podemos apresentar algumas ideias a respeito disso. A expressão de sentimentos, bem como a comunicação podem ter sido a mola propulsora da invenção do Teatro, assim para podermos conhecer e entender um pouco mais sobre a utilidade ou função do Teatro, faremos uma pequena visita a alguns momentos da história, verificando as diferentes funções que lhe foram atribuídas. Nossos antepassados, conhecidos como “homens pré-históricos”, já praticavam ritos em que faziam representações cênicas com função mágica e narrativa.

Utilizavam-se de elementos musicais, movimentos corporais e pinturas. Desta forma, o Teatro surgiu com o próprio homem, assim como a dança, a música e a pintura, usadas em seus rituais para a caça, em louvor aos seus deuses e para contar histórias. Já nessa época, utilizava-se o artifício de fingir ser outro indivíduo ou outra pessoa, que vivia outra vida e agia representando acontecimentos que faziam parte de seu cotidiano. Segundo Fischer, 2002, p. 45 “A função decisiva da arte neste período foi a de conferir poder sobre a natureza, sobre os inimigos, sobre os parceiros, sobre a realidade, enfim, poder no sentido de um fortalecimento da coletividade humana”.

Já tentou imaginar como era a vida de nossos antepassados pré-históricos? Como viviam em sociedade, caçavam, criavam seus filhos e enfrentavam os seus medos e angústias? Num ambiente perigoso e desconhecido, abrigando-se em cavernas, nossos parentes distantes reuniam-se ao redor de uma fogueira, no fim de um dia difícil, contando suas aventuras numa terra hostil. E sabe como é, uma história puxa a outra, e vai surgindo a necessidade de mostrar como se agiu em determinado momento e como tal pessoa ou animal agiu em outro. Pronto! Já está caracterizado o fenômeno teatral, pois o teatro existe quando temos:

  • Uma pessoa que finja ser algo ou alguém:
  • Uma história ou uma ação para ser representada: ação.
  • Um determinado espaço (lugar ocupado durante a ação): espaço.
  • Alguém que veja ou assista essa representação:

Porém, nessa época, ainda não havia a divisão entre atores e espectadores, ou seja, todos participavam do ritual e o lugar que faziam era comunitário, não era chamado de palco ou teatro, formas estas, que permanecem ainda hoje em certas manifestações populares, rituais, festas, comemorações, entre outras.

Na Grécia Antiga o Teatro já era muito importante

Nas disciplinas de História, Filosofia, Sociologia, entre outras, aprendemos que foi na Grécia, no século VI a.C., considerada o berço do pensamento ocidental, da filosofia, das Olimpíadas, da Democracia e um “tanto” de outras coisas importantes, que se desenvolveu, também, o Teatro. Pois foi lá que aconteceu, pela primeira vez, a divisão entre atores e espectadores. Assim ficou conhecida até hoje essa forma de representação. Pois bem, o Teatro na Grécia teve um começo interessante e você vai ver o porquê.Arte: Teatro para quê?

Surgiu em meio a muita festa, dança e música. Os gregos acreditavam e louvavam muitos deuses e cada um tinha uma função; existia um deus até para o vinho, era o preferido do povo de lá. Chamavam-no de Dionísio, na Grécia Antiga, ou Baco, durante o Império Romano, sendo considerado o inventor dessa bebida. Os seus seguidores faziam festas e cultos religiosos cantando e dançando em sua homenagem. Conta a história, que foi em meio a esse misto de religiosidade e “festa”, que surgiram as primeiras encenações teatrais para o público, na Grécia. Nelas se contava a história de Dionísio e suas façanhas com o vinho.

Cortejo bacântico. Desenho de A. L. Millin (1808), segundo um vaso figurado do Museu do Louvre em Paris – França

Arte: Teatro para quê?A função determinada do ator surgiu na Grécia, no século VI a.C., o primeiro ator de que se tem conhecimento chamava-se Téspis, e possuía um talento especial para imitar os outros. Numa das festividades de Dionísio, Téspis subiu em uma carroça diante do público, colocou uma máscara, vestiu uma túnica e, representando, disse: “Eu sou Dionísio, o deus da Alegria”, o povo estranhou mas gostou da novidade. Percebendo o interesse do povo pelo Teatro, os governantes passaram a incentivar os que possuíam certa habilidade para imitar, instituindo e organizando os primeiros concursos teatrais, que viriam a contribuir no desenvolvimento de dois gêneros teatrais muito importantes na Grécia Antiga e na atualidade: a Tragédia e a Comédia.

Arte: Teatro para quê?A Tragédia tem origem nos primeiros, e mais sérios, momentos do cerimonial religioso das festas dionisíacas da Antiga Grécia e narra, além de feitos heroicos, acontecimentos que ressaltam o poder dos deuses sobre o destino dos humanos. A Comédia viria das festividades populares, profanas e descontraídas e, em geral, faz crítica social e política aos costumes da época. Esses dois gêneros deram origem a muitos outros.

As representações teatrais na Grécia Antiga eram compostas por um coro que narrava e fazia comentários a respeito da história, que era interpretada pelos atores principais (protagonistas), que usavam túnicas e máscaras. Os principais escritores de tragédias foram Eurípedes, autor de Alceste; Ésquilo, autor de Os Persas e Sófocles, autor de Édipo Rei e Antígona, texto que você conhecerá, resumidamente a seguir. Um dos mais importantes autores de comédias foi Aristófanes, autor de As Nuvens e As Rãs.

Arte: Teatro para quê?Arte: Teatro para quê?

  1. Máscara de mármore de uma heroína da tragédia antiga (Nápoles, Museu Nazionale).

  2. Máscara de um escravo, século III a.C. (Milão, Museu Teatrale alla Scala).

  3. Máscara de um jovem, encontrada em Samsun, Turquia, século III a.C. (Munique, Staatliche Antikensammlung).

  4. Máscara na mão de uma estátua de mármore, a qual se julga representar Ceres (Paris, Museu do Louvre).

REFERÊNCIAS:

Arte / vários autores. – Curitiba: SEED-PR, 2006. – 336 p