Andragogia – teorias sobre a aprendizagem de adultos

Andragogia - teorias sobre a aprendizagem de adultosVocê já reparou que adultos, em geral, têm uma relação diferente de crianças com a aprendizagem? Vamos aprender sobre isso? Você já ouviu falar de Andragogia?

O termo Andragogia é utilizado para referir-se aos estudos sobre a aprendizagem de adultos, em oposição à Pedagogia, que se dedica a pesquisar os processos de ensino e aprendizagem em crianças. O pesquisador mais influente nessa área é o norte-americano Malcolm Knowles (KNOWLES, 1970), que acreditava que o mais importante era ensinar os adultos a aprender.

Esse autor relacionou alguns aspectos que influenciam a aprendizagem de adultos:

  • Auto-conceito – O conceito de um adulto em relação a sua própria aprendizagem costuma estar relacionado com a experiência que teve como estudante na infância e adolescência. Muitas vezes, como o professor trata seus alunos como dependentes, essa imagem tende a se cristalizar e influenciar o aprendizado do adulto, que segue com um comportamento dependente de quem o ensina.
  • Experiência – Durante a vida escolar, a experiência do aluno geralmente não é considerada. Na vida adulta, a constante conexão entre vida prática e novos conteúdos é essencial à aprendizagem.
  • Orientação à aprendizagem – Crianças e adolescentes são dirigidos a aprender conteúdos pré-definidos. O adulto possui outra orientação para a aprendizagem, e pode não se satisfazer com organizações curriculares fechadas.
  • Motivação – Enquanto o desenvolvimento escolar da criança e do adolescente passa por motivação externa (notas, aprovação, castigos, pressões da família), o adulto depende de motivação interior para prosseguir nos estudos. Outros pesquisadores se seguiram a Knowles, reforçando ou contestando suas ideias.

Um exemplo brasileiro é o professor Ari Oliveira, que elenca quatorze princípios que devem nortear o relacionamento com adultos, no processo educativo (OLIVEIRA, 2005). Esses princípios expressam a essência da Andragogia.

Destacamos aqui alguns deles:

  • O centro das atividades educacionais do adulto é na aprendizagem e jamais no ensino. Exemplo: Muitos adultos têm dificuldade para se concentrarem em uma aula expositiva. No entanto, podem ficar horas pesquisando ou trabalhando sem nenhum tipo de instrução.
  • Compartilhar experiências é fundamental para o adulto, tanto para reforçar suas crenças, como para influenciar as atitudes dos outros. Exemplo: É muito comum que adultos passem muito tempo conversando e trocando ideias. Podemos facilmente verificar que aprendemos muito nessas trocas, muitas vezes mais do que em situações formais de ensino.
  • O adulto é o agente de sua aprendizagem e por isso é ele quem deve decidir sobre o que aprender. A experiência é o melhor elemento motivador do adulto. Portanto, o ambiente de aprendizagem com pessoas adultas deve ser permeado de liberdade e incentivo para cada indivíduo falar de sua história, ideias, opiniões, compreensão e conclusões sobre os temas trabalhados. Exemplo: A experiência de um curso on-line, onde há maior flexibilidade nas escolhas sobre a navegação, evidencia este princípio.
  • O processo de aprendizagem do adulto se desenvolve na seguinte ordem: Sensibilização (motivação) – Pesquisa (estudo) – Discussão (esclarecimento) – Experimentação (prática) – Conclusão (convergência) – Compartilhamento (sedimentação). Comentário: Essa sequência não se assemelha às etapas do método científico? Note que o compartilhamento pode ser comparado à etapa de publicação.
  • O professor tradicional prejudica o desenvolvimento do adulto, pois o coloca num plano inferior de dependência, reforçando, com isso, seu indesejável comportamento reativo próprio da fase infantil.

Comentário: Este último princípio nos leva a refletir sobre o papel do educador, em especial no mundo contemporâneo, onde a autonomia na busca do conhecimento, a atitude investigativa e ao mesmo tempo colaborativa se tornam mandatórias.

Então, o que achou desses princípios, com quantos deles você se identificou ou identificou antigos professores?

Fonte: Especialização em Saúde da Família – Modalidade a Distância.
UNA-SUS UNIFESP, 2011.

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