O Século XX Até os Anos 50. “Escolas Novas” e Ideologia da Educação

Para Cambi (1999), as escolas novas no século XX, inspiradas em ideais de participação ativa na vida social e política, juntamente com suas propostas radicais de transformação, rompiam com aquele antigo ideal de educação formal, disciplinar, do tipo positivista. Chamou-se este novo ato de educar de pedagogia ativista, que detinha este propósito liberal.

Ainda na visão de Cambi (1999), a difusão destas escolas se deu de forma predominante na Europa ocidental e nos Estados Unidos, que se basearam, a priori, na criança para reformar os métodos e técnicas utilizados pelos educadores nas escolas, além disso, o estabelecimento de ideais, com os quais as crianças são instruídas muito além da instituição e do ambiente familiar. Assim, propondo mudanças no aprendizado, em que a criança deve ter contato com o meio social, práticas intelectuais (conhecimento/teorias/fundamento), fazendo disso uma simbiose para o melhor sistema de aprendizado.

Esta questão é discutida inicialmente na Inglaterra, segue para a França, Alemanha, Itália, Áustria, Espanha, entre outros. Nas pesquisas de Cambi (1999), as escolas novas e as novas ideologias de educação se repercutiram de canto a canto no mundo, percorrendo longos caminhos e não passando desapercebida por uma variedade de autores, assim, ganharam grandes proporções até os dias atuais. Consequentemente, constatamos que este vasto percurso da educação promoveu diversificadas visões em relação ao campo educacional, assim são citados diversos autores de extrema contribuição para esta propagação, que obtiveram em comum o objeto de estudo, renovação pedagógica, propostas das escolas novas e o estudo da criança.

Porém, se utilizaram de metodologias independentes, que os diferenciavam e os destacavam em maior ou menor proporção. Consideramos assim, importante salientar Cecil Reddie, conforme Figura 6, que fundamentava no ensino mudanças necessárias para que, o indivíduo se tornasse adequado às regras da sociedade moderna. Para isso (Cambi, 1999, p. 515) afirma que “a instituição formal, a escola, deve tornar-se um mundo real e prático, associando a capacidade intelectual, energia, força física, agilidade e habilidade manual. A fim de formar um cidadão capaz de cumprir com todas as exigências da sociedade e os objetivos da vida”.

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Segundo Souza (2011), Cambi em seus estudos e pesquisas nos esclarece não só a grande importância da função escolar para a formação do educando, no sentido epistemológico e moral do mesmo, partindo da ideia de que se torna necessário estarmos sempre em dialética assim como o universo, como é tanto quanto necessário modificarmos por completo, ou pelo menos tentar modificar. É necessário modificar e modernizar as instituições, as relações entre educador e educando, assim como, de modo geral, indivíduo-sociedade. Dessa forma Souza nos diz que:

É necessário um trabalho árduo e contínuo, para que a preparação das novas gerações seja feita de maneira satisfatória, tornando o homem mais conhecedor de si e preparado o suficiente para lhe dar com a realidade. Ratificando, portanto, o que é exposto mais acima, a escola deve tornar-se um mundo real e prático. (SOUZA, 2011, s/p.)

Mas Souza (2011) também acredita que o papel do educador torna-se cada vez mais desafiador, no sentido de tentar inovar suas aulas, suas metodologias e mais além, buscando novas práticas, levando para o contexto escolar algo que provoque e desperte o educando para os estudos. Outro aspecto que acredita-se relevante é lembrado por Cambi (1999), quando destaca as propostas de socialização e de ativa colaboração entre os próprios indivíduos, nas escolas fundadas por Edmond Demolins, conforme Figura 7. Assim, estes processos de ações comunicativas devem sim ser amplamente incentivados pelos indivíduos e pelas instituições escolares para a organização da vida comum, com propósito de vida harmônica entre os meios, que até nos divergem, e os indivíduos que acabam por se integrar no contexto social.

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Desta forma para Souza:

O trabalho também é um instrumento importante para a construção gradativa do homem, livrando-o da ociosidade em meio à prática experimental como para as relações interpessoais, com aquele propósito de socialização. Por isso, é sempre de grande relevância salientar que as novas instituições inovem também neste sentido, de elaboração de atividades grupais, realização de práticas e teorias no ensino, mas sempre incentivando o trabalho coletivo. (SOUZA, 2011, s/p.)

O idealismo se intera com suas novas teorias pedagógicas, “capazes de repensar de modo novo e radical a identidade e o papel cultural e político da pedagogia” (CAMBI, 1999, p.534). A pedagogia no século XX é reestruturada e renovada no que se refere ao seu plano teórico, conforme Figura 8, fazendo assim, surgir um novo modelo pedagógico onde a filosofia e a ciência, principalmente como pesquisa experimental ganham espaço. Portanto, educação nova consiste em uma “corrente que trata de mudar o rumo da educação tradicional, intelectualista e livresca, dando-lhe sentido vivo e ativo” (LUZURIAGA, 1987, p. 227).

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O filósofo e educador John Dewey se tornou um grande nome devido às suas propostas a cerca de uma teoria empírica, e sua pedagogia caracterizada por um pragmatismo associado entre as teorias e as práticas.

Saiba mais: pragmatismo – corrente de ideias que prega que a validade de uma doutrina é determinada pelo seu bom êxito prático aplicado ao movimento filosófico norte-americano baseado em ideias de Charles Sanders Peirce (1839-1914) e William James (1842-1910).

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Segundo Larroyo (1989), em suas referências também constata-se a educação nova, a partir da criação das escolas novas, que superaram as escolas memoristas e livrescas com seu conceito intelectualista da educação. As escolas novas se manifestaram promovendo importantes transformações sociais, mediante trabalhos manuais e técnicos, assim, elas tornaram-se órgão de coordenação de toda obra educativa, favoreceram a pedagogia experimental, os estudos da criança e a comprovação objetiva do trabalho escolar, entre outros.

Larroyo (1989), lembra-nos que mesmo com o surgimento das escolas novas do século XIX/XX, estas não foram as primeiras instituições docentes criadas com este propósito de renovar a educação. Ele cita diversas escolas em sua pesquisa que haviam se manifestado para este fim, porém, se preocupou em estudar as instituições mais atuais sobre este assunto. As escolas novas que obtiveram êxito em seus ensaios, para tais modificações educacionais, tinham objetivos em comum e propunham, além das transformações radicais e progressistas da educação, o princípio de liberdade da criança e do adolescente em contato com a vida, com o meio social fora e mesmo do ambiente familiar.

Assim, foi criado o chamado boarding house (Veja a Figura 10), onde a educação de grupos de alunos vivendo em casas separadas seria de extrema importância na ajuda da construção de um ser voltado para a sociedade, que tivesse uma visão de mundo abrangente, sem falar no processo de integração do indivíduo ao meio, devido a isto tornava-se cada vez mais contundente a perspectiva de acabar com os internatos da época. Desta forma, a citação abaixo bem justifica o que expomos acima. “As mais importantes características das últimas escolas era a ideia de educação em comunidade sobre a base de um regime autônomo pelo qual se governavam mestres e alunos”. (LARROYO, 1989, p.718)

O Século XX Até os Anos 50. “Escolas Novas” e Ideologia da Educação

Contudo, considera-se que a educação nova com sua proposta emancipatória, de preparar o indivíduo desde cedo para a vida em sociedade através dos processos de socialização, de tentativa de igualdade entre os membros, inclusos dentro de uma proposta democrática, tem acarretado melhoras para o contexto educacional.

Contudo, considera-se que a educação nova com sua proposta emancipatória, de preparar o indivíduo desde cedo para a vida em sociedade através dos processos de socialização, de tentativa de igualdade entre os membros, inclusos dentro de uma proposta democrática, tem acarretado melhoras para o contexto educacional.

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Conclui-se então, que a educação nova veio de forma a transformar o pensamento dos próprios indivíduos de maneira a ser um grande ponto de partida para transformar não somente o campo educacional, mas também a sociedade. É a partir de uma junção destes aspectos sociais que ocorrerá o desenvolvimento do meio social, a evolução das técnicas, da modernidade e as transformações educativas.

FONTE:

Teorias da educação [recurso eletrônico] / Cíntia Moralles Camillo, Liziany Müller Medeiros. – Santa Maria, RS : UFSM, NTE, 2018.

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