A função da escola, concebida como instituição especificamente configurada para desenvolver o processo de socialização das novas gerações, aparece puramente conservadora: garantir a reprodução social e cultural como requisito para a sobrevivência mesma da sociedade. Por outro lado, a escola não é a única instância social que cumpre com esta função reprodutora; a família, os grupos sociais, os meios de comunicação são instâncias primárias de convivência e intercâmbios que exercem de modo direto a influência reprodutor da comunidade social. No entanto, a escola, ainda que cumpra esta função de forma delegada, especializa-se precisamente no exercício exclusivo e cada vez mais complexo e sutil de tal função. A escola, por seus conteúdos, por suas formas e por seus sistemas de organização, introduz nos alunos/as, paulatina, mas progressivamente, as ideias, os conhecimentos, as concepções, as disposições e os modos de conduta que a sociedade adulta requer. Dessa forma, contribui decisivamente para a interiorização das ideias, dos valores e das normas da comunidade, de maneira que mediante este processo de socialização prolongado a sociedade industrial possa substituir os mecanismos de controle externo da conduta por disposições mais ou menos aceitas de autocontrole (PÉREZ GÓMEZ, 1998, p. 2).
A escola apresentou diferentes funções ao longo da história, decorrentes das demandas sociais existentes em cada época. Assim, o processo de socialização das novas gerações não pode ser caracterizado de forma linear, pois a tendência conservadora ainda está presente na sociedade e nas escolas, reproduzindo comportamentos, valores e ideias.
O equilíbrio para a convivência em sociedade ainda requer a conservação de alguns aspectos, porém, exige a mudança em outros. A primeira parte desse material aborda a constituição da escola e suas funções sociais no decorrer da história a partir de diferentes conceitos, enfatizando a ideia de cinco autores: Pierre Bourdieu e a noção de escola conservadora; Pérez Gómez e o conceito de escola conservadora, reprodutora e transformadora; Demerval Saviani e a ideia de escola promotora do homem; Antônio Gramsci e a noção de escola unitária e desinteressada; e por fim as ideias de Gilberto Luís Alves e as atuais funções da escola.
Esses cinco autores permitem visualizar as alterações das funções sociais da escola no decorrer de diferentes tempos. Esta unidade tem como objetivo historicizar a construção das instituições de ensino como espaços de formação de consciência e construção do conhecimento e problematizar os diversos sentidos da educação e as funções sociais assumidas pela escola ao longo dos anos.
A segunda parte trata da relação entre família e escola, como instituições socializadoras com objetivos comuns e divergentes, mas que não podem ser vistas e atuar de forma independente uma da outra. E a terceira parte trata das problemáticas atuais da escola, apresentando um breve histórico de como a escola visualizava tais questões, culpabilizando inicialmente o próprio sujeito e posteriormente a família pelo fracasso escolar. E por fim, discute aspectos do uso das tecnologias na educação como dispositivos de aprendizagem.
Título : Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem
Autoras : Josieli Piovesan, Juliana Cerutti Ottonelli , Jussania Basso Bordin e Laís Piovesan
Fonte: Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem [recurso eletrônico] / Josieli Piovesan … [et al.]. – 1. ed. – Santa Maria, RS : UFSM, NTE, 2018.
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