Aprender demanda tanto recursos internos quanto externos. Portanto, quando falamos em dificuldades de aprendizagem elas podem estar relacionadas a problemas psicopedagógicos, sociais, culturais, motivacionais, familiares e/ou neurológicos.
Neste ponto, é importante esclarecer a diferença entre três termos que comumente são usados de forma aleatória na literatura e nos espaços escolares: dificuldade, transtorno e distúrbio de aprendizagem.
Para alguns teóricos essa distinção não é necessária, mas compartilhamos da compreensão daqueles (MOOJEN, 1999, RUBINSTEIN, 1999, CORSINI, 1998; CIASCA; ROSSINI, 2000) que consideram que se tratam de condições distintas e que, dada a sua importância na educação, merecem esclarecimentos.
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a) Dificuldade de Aprendizagem:
Refere-se a problemas de ordem psicopedagógica, social, cultural e/ou emocional. Nas palavras de Ciasca e Rossini (2000, p. 13) dificuldade de aprendizagem é “qualquer tipo de dificuldade apresentada durante o processo de aprender em decorrência de fatores variados, que vão desde causas endógenas e exógenas”.
Distúrbio de Aprendizagem:
Para Fonseca (1995), o distúrbio de aprendizagem está ligado a um grupo de dificuldades pontuais e particulares, caracterizadas pela presença de uma disfunção do sistema nervoso central, resultando em prejuízos na aquisição e processamento da informação.
Ciasca e Rossini (2000) acrescentam que o distúrbio é uma perturbação no ato de aprender caracterizado por alterações nos padrões de aquisição, assimilação, utilização e armazenamento da informação, resultantes de uma disfunção neurológica.
Hammill (1990, p.77 apud GIMENEZ, 2005, p.79) define distúrbio como “um termo genérico que se refere a um grupo heterogêneo de desordens, manifestadas por dificuldades na aquisição e no uso da audição, fala, escrita e raciocínio matemático”.
O autor acrescenta que alterações no sistema nervoso central são as causas prováveis do distúrbio e que problemas emocionais, psicogênicos, familiares, sociais, deficiências sensoriais e intelectuais podem coexistir com o distúrbio, porém, não são a sua causa.
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b) Transtorno de Aprendizagem:
Quanto à definição de transtornos de aprendizagem, a National Joint Comitte Of Learning Disabilities define como:
[…] é um termo global que diz respeito a um grupo de dificuldades referentes à aquisição e uso de habilidades acadêmicas como leitura, escrita e matemática. Os transtornos de aprendizagem são decorrentes de disfunções do sistema nervoso central e relacionados a uma “falha” no processo de aquisição e processamento da informação, diferindo das “dificuldades de aprendizagem”, pois este último quadro decorre de questões relacionadas a problemas de ordem pedagógica, emocional ou sociocultural ou a quadros neurológicos (RUBINSTEIN, 1999).
A partir das definições, percebe-se que os termos distúrbio e transtorno de aprendizagem resultam de condições neurológicas, diferentemente das dificuldades, que geralmente estão relacionadas a inadequações no método de ensino, na relação professor-aluno, além de fatores pedagógicos, emocionais, motivacionais, sociais e familiares (BRIDI-FILHO; BRIDI, 2016; CIASCA; ROSSINI, 2000).
Porém, como citado anteriormente, esta diferenciação não é unânime, ainda são necessários avanços quanto às formas de nomear e classificar esse campo que é tão vasto. Neste contexto, é importante esclarecer que a presente unidade se debruçará sobre os transtornos e distúrbios de aprendizagem, especialmente a Dislexia, a Discalculia, a Disortografia e o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
Título : Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem
Autoras : Josieli Piovesan, Juliana Cerutti Ottonelli , Jussania Basso Bordin e Laís Piovesan
Fonte: Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem [recurso eletrônico] / Josieli Piovesan … [et al.]. – 1. ed. – Santa Maria, RS : UFSM, NTE, 2018.