Você é um privilegiado!
Leitor: – Como assim, privilegiado?
O livro: – É, privilegiado! Você é um deles! Na sociedade, há pessoas privilegiadas. Uma delas, por exemplo, pode ser aquela que tem o poder de governar e de conduzir os rumos da sociedade, o que muitas vezes pode não ser da maneira mais justa para todos. Outro exemplo…
Leitor: – Um outro…?
O livro: – Você mesmo é um, caro leitor!
Leitor: – Mas, eu?! Como?
O livro: – Simples! Seu privilégio está no fato do que você vai adquirir agora: conhecimento! Você poderá avançar no entendimento de como funciona a sociedade em que você vive, conhecer como trabalham os demais privilegiados (a elite social) e aumentar sua autonomia de reflexão e de ação diante dos fatos que lhe cercam. Sigamos adiante?
Mas o que é essa AUTONOMIA de que estamos falando? Vamos lá! Vamos descobrir! Você vai entender o que estamos dizendo, passo a passo. Essa autonomia é quanto à sua maneira de pensar e de agir frente a diversas situações. Muitas pessoas não sabem (e não se preocupam em saber) como e por que determinadas coisas mexem com suas vidas. Vamos pensar num exemplo bem simples para você entender: você já viu uma TV que não “pega” direito? O que pode ser feito para se resolver o problema do sinal?
Colocar palha-de-aço na antena resolveria?
Essa atitude, de pôr a palha-de-aço na antena, falando de tempos passados, era algo muito mais comum do que hoje com as antenas parabólicas e TVs a cabo, o que não significa que ninguém mais o faça. Mas a palha-de-aço pode até resolver o problema, consideravelmente. Outras vezes, porém, ela não será suficiente para acabar com o defeito. Dependendo do sinal que a TV esteja recebendo. O que seria a palha-de-aço? Palha-de-aço = uma espécie de Senso Comum.
No caso da TV, um técnico resolveria melhor o problema do sinal porque ele tem um conhecimento mais apurado daquilo que opera o funcionamento da televisão. Provavelmente ele iria dar uma boa gargalhada ao ver a palha-de-aço na antena, pois ele sabe que aquilo pode se apenas um “remendo no rasgo”, ainda que em alguns casos resolva, entende? Resumindo: Então, o que seria um Senso Comum? Poderíamos dizer que é uma resposta ou solução simples para o cotidiano, geralmente pouco elaborada e sem um conhecimento mais profundo.
O teólogo brasileiro e Doutor em Filosofia, Rubem Alves, em seu livro Filosofia da Ciência, considera o senso comum como sendo aquilo que não é ciência. De outra maneira, seria dizer que a palha-de-aço na antena da TV não é algo científico, mas sim um “eu acho que funciona” para o dia-a-dia das pessoas. Mas existe uma lógica em pôr a palha-de-aço na antena. As pessoas só não sabem qual é. E é por esse motivo, também, que Rubem Alves diz que a ciência, na verdade, é um refinamento, ou melhoramento, do senso comum.
O senso comum e a ciência nos dão respostas, ou inventam soluções práticas para nossos problemas. A diferença é que a ciência é um conhecimento mais elaborado. “Eu acho que…” Fique sabendo! Muitas vezes quando alguém começar uma resposta com as palavras “eu acho que…”, tal resposta pode não chegar no centro real do problema a ser entendido ou resolvido. O que não significa, porém, que ela deva ser rejeitada. Ela só precisa ser refinada.
Por exemplo, se alguém nos perguntasse o motivo que leva a economia de um país oscilar, nós poderíamos dar uma resposta certeira, com demonstrações, inclusive, mas também poderíamos dizer apenas: “eu acho que…”. A exemplo da economia, existem muitas outras coisas que acontecem na sociedade e que nos atingem diretamente. E para todas essas coisas seria muito bom que tivéssemos curiosidade para saber se aquilo que é mostrado é realmente como é, entende? E a Sociologia? Como vai aparecer nessa conversa?
Contribuindo para que possamos entender um pouco mais o lugar onde vivemos!
Veja, como já falamos, o senso comum não deve ser rejeitado. O que estamos propondo é que você pode ir além desse conhecimento comum, neste caso, sobre a sociedade. Uma outra coisa que deve ser desmitificada é o termo cientista. Confirmamos o pensamento de Rubem Alves quando diz que um cientista não é uma pessoa que pensa melhor do que os outros. Rubem Alves nos fala que a tarefa de refletir e de entender os porquês das coisas cabe a todos nós, e que a ideia de que não precisamos pensar, porque existem pessoas “melhores” para isto, é furada. Avançar um pouco mais em relação a um conhecimento elaborado e investigativo vai lhe trazer um entendimento mais claro sobre como funciona a sociedade, dentre outras coisas. Além do fato de que você terá maior autonomia para CONCORDAR OU DISCORDAR POR SI PRÓPRIO sobre as questões que você vive na sociedade. Essa é a independência que queremos que você tenha: A DE REFLEXÃO
RERERÊNCIAS:
Sociologia / vários autores. – Curitiba: SEED-PR, 2006. – 266 p.