Composição Fundamental dos Acordes Simples

A música é uma linguagem universal que comunica emoções, histórias e imagens através de sons organizados de maneira sistemática. No coração dessa organização estão os acordes, que são combinações de notas tocadas simultaneamente. A compreensão profunda dos acordes começa pela análise dos acordes simples, que são compostos pelos graus I, III e V da escala. Neste texto, exploraremos em detalhes a composição fundamental dos acordes simples, abordando tanto os acordes maiores quanto os menores.

O Conceito de Graus

Antes de nos aprofundarmos nos acordes, é essencial entender o conceito de graus na música. A música ocidental é geralmente estruturada em escalas diatônicas, sendo a mais comum a escala maior. Cada nota de uma escala é denominada um grau, começando com o primeiro grau (a tônica) e numerando sequencialmente até o oitavo grau (a oitava), que é a repetição da tônica uma oitava acima. Por exemplo, na escala de Dó maior (C maior), os graus seriam:

  1. Dó (C) – I grau (tônica)
  2. Ré (D) – II grau (supertônica)
  3. Mi (E) – III grau (mediante)
  4. Fá (F) – IV grau (subdominante)
  5. Sol (G) – V grau (dominante)
  6. Lá (A) – VI grau (submediante)
  7. Si (B) – VII grau (sensível)
  8. Dó (C) – VIII grau (tônica novamente, uma oitava acima)

Acordes Maiores

Os acordes maiores são caracterizados por um som alegre e aberto. Eles são formados pelos graus I, III e V da escala maior. A principal característica de um acorde maior é a relação intervalar entre essas notas.

Intervalos nos Acordes Maiores

Para que um acorde seja maior, é necessário que do I ao III grau haja uma distância de dois tons inteiros, e do III ao V grau haja uma distância de um tom e meio. Vamos explorar isso em detalhe usando a escala de Dó maior como exemplo:

  • Dó (C) ao Mi (E): Entre C e D há um tom (C para D), e entre D e E há outro tom (D para E), totalizando dois tons.
  • Mi (E) ao Sol (G): Entre E e F há meio tom (E para F), e entre F e G há um tom inteiro (F para G), totalizando um tom e meio.

Portanto, o acorde de Dó maior (C maior) é composto por C, E e G.

Outros Exemplos de Acordes Maiores

  1. Acorde de Sol Maior (G Maior):
    • Sol (G) ao Si (B): Dois tons (G para A e A para B).
    • Si (B) ao Ré (D): Um tom e meio (B para C e C para D).

    Acorde: G, B, D.

  2. Acorde de Ré Maior (D Maior):
    • Ré (D) ao Fá# (F#): Dois tons (D para E e E para F#).
    • Fá# (F#) ao Lá (A): Um tom e meio (F# para G e G para A).

    Acorde: D, F#, A.

Acordes Menores

Os acordes menores, em contraste, são conhecidos por seu som mais triste e melancólico. Eles também são formados pelos graus I, III e V, mas a disposição intervalar é diferente.

Intervalos nos Acordes Menores

Para que um acorde seja menor, do I ao III grau deve haver uma distância de um tom e meio, e do III ao V grau deve haver uma distância de dois tons. Vamos usar a escala de Lá menor (A menor) como exemplo:

  • Lá (A) ao Dó (C): Entre A e B há um tom (A para B), e entre B e C há meio tom (B para C), totalizando um tom e meio.
  • Dó (C) ao Mi (E): Entre C e D há um tom (C para D), e entre D e E há outro tom (D para E), totalizando dois tons.

Portanto, o acorde de Lá menor (A menor) é composto por A, C e E.

Outros Exemplos de Acordes Menores

  1. Acorde de Mi Menor (E Menor):
    • Mi (E) ao Sol (G): Um tom e meio (E para F e F para G).
    • Sol (G) ao Si (B): Dois tons (G para A e A para B).

    Acorde: E, G, B.

  2. Acorde de Ré Menor (D Menor):
    • Ré (D) ao Fá (F): Um tom e meio (D para E e E para F).
    • Fá (F) ao Lá (A): Dois tons (F para G e G para A).

    Acorde: D, F, A.

Acordes Maiores e Menores: Comparação e Contexto Musical

A diferença entre acordes maiores e menores, embora sutil na teoria, tem um impacto significativo no contexto musical. Os acordes maiores tendem a ser usados em passagens musicais que transmitem alegria, triunfo e leveza. Em contraste, os acordes menores são frequentemente utilizados para evocar tristeza, introspecção e tensão emocional.

Função Harmônica

Na harmonia tradicional, cada acorde tem uma função específica dentro de uma progressão. Os acordes maiores e menores desempenham papéis diferentes:

  1. Acorde Tônica (I):
    • Maior: C (C, E, G) em C maior.
    • Menor: Am (A, C, E) em A menor.
  2. Acorde Subdominante (IV):
    • Maior: F (F, A, C) em C maior.
    • Menor: Dm (D, F, A) em A menor.
  3. Acorde Dominante (V):
    • Maior: G (G, B, D) em C maior.
    • Menor: E (E, G#, B) em A menor.

Além dos acordes maiores e menores, existem outras variações que incluem os acordes diminutos, aumentados, de sétima e muitos outros. No entanto, os acordes maiores e menores constituem a base da harmonia na música ocidental e são fundamentais para a compreensão de estruturas harmônicas mais complexas.

Exemplos Práticos

Para entender melhor a aplicação dos acordes maiores e menores, vamos explorar algumas progressões de acordes comuns em diversas tonalidades.

Progressão I-IV-V-I

Esta progressão é uma das mais utilizadas na música popular e clássica. Vamos analisá-la em C maior e A menor:

  • C Maior:
    • I: C (C, E, G)
    • IV: F (F, A, C)
    • V: G (G, B, D)
    • I: C (C, E, G)
  • A Menor:
    • I: Am (A, C, E)
    • IV: Dm (D, F, A)
    • V: E (E, G#, B)
    • I: Am (A, C, E)

Progressão ii-V-I

Essa progressão é muito comum no jazz e na música popular:

  • C Maior:
    • ii: Dm (D, F, A)
    • V: G (G, B, D)
    • I: C (C, E, G)
  • A Menor:
    • ii: Bm7(b5) (B, D, F, A)
    • V: E (E, G#, B)
    • I: Am (A, C, E)

A composição fundamental dos acordes simples, formados pelos graus I, III e V, constitui a base da harmonia musical. A diferença intervalar entre os acordes maiores e menores, embora aparentemente pequena, define o caráter e a emoção da música. Compreender esses princípios é essencial para qualquer músico ou entusiasta da música, permitindo uma apreciação mais profunda e uma maior habilidade na criação musical.

Teoria Musical

Acordes Consonantes Maiores no Teclado

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