PRÁTICAS DE ESCRITA PELO ALUNO
Para aprender a escrever, há momentos em que se propõe aos alunos produções de textos coletivos nas quais o professor será o escriba. Nessas atividades, os alunos têm a oportunidade de se aproximar da linguagem própria a cada gênero textual. Em outros momentos, os alunos assumem o controle, em situações de escrita de próprio punho. Nesses casos, você não precisa informar a escrita correta, favorecendo assim que os alunos lidem com o desafio de colocar em jogo seus conhecimentos sobre o sistema de escrita e produzam da melhor forma possível, ou seja, procurando aproximar-se ao máximo da escrita convencional.
No entanto, como não se trata de uma cópia, espera-se que as produções finais correspondam às hipóteses que, até aquele momento, os alunos construíram sobre a organização do sistema de escrita alfabética. Trata-se de uma escrita de próprio punho, mas não por isso o aluno estará sozinho nessa situação, contando somente com aquilo que já sabe. Para que cumpram seus objetivos, as propostas de escrita pelo aluno podem envolver situações de trabalho colaborativo, organizadas em duplas ou quartetos previamente formados pelo professor, que deve buscar, nesses agrupamentos, garantir parcerias produtivas, ou seja, parcerias em que a troca de informações favoreça o avanço de todos os integrantes.
Além da colaboração dos colegas, ao escrever por si mesmos os alunos também podem contar com sua ajuda. Mesmo quando o professor se abstém de mostrar a escrita correta, nem por isso se torna um mero espectador da produção dos alunos: você pode realizar intervenções que contribuam para problematizar ou ampliar os conhecimentos deles. As escritas autônomas são extremamente valiosas. Quando propostas individualmente, permitem conhecer aquilo que já foi possível, para cada aluno, aprender sobre o funcionamento do sistema de escrita alfabético, além de ter informações para avaliar o avanço de cada um em determinado período.
Conhecer o processo de cada criança ajuda a identificar aquelas que necessitam de um apoio mais próximo, dá oportunidade para que se realizem intervenções mais ajustadas para cada aluno e, também, permite que se organizem parcerias produtivas de trabalho. É interessante propor situações como essa de tempos em tempos para levantar as informações sobre o processo de construção da compreensão do sistema de escrita realizado por cada criança. No entanto, as situações de escrita individual necessitam ser periódicas.
PRÁTICAS DE LEITURA PELO ALUNO
Em qualquer ato de leitura, o leitor conta com informações prévias que lhe permitem antecipar o que, provavelmente, estará escrito num texto. Assim, o processo de construir o sentido de um texto é favorecido quando, sobre ele, se conta com várias informações diferentes: tudo o que se sabe antes da leitura (onde o texto foi publicado, o autor, informações de pessoas próximas que já o leram etc.), as informações não verbais que acompanham o texto escrito (imagens, diagramação), as informações textuais que ajudam a delimitar cada parte do texto (títulos e subtítulos).
Além disso, a clareza do leitor quanto ao que espera realizar (seus objetivos de leitura) fará com que a atividade seja mais ou menos complexa, definirá a profundidade da leitura. Tudo isso contribui para que o leitor construa o significado do texto, favorecendo o processamento das informações obtidas pela exploração daquilo que está escrito. As crianças que ainda não dominam o sistema alfabético de escrita não são capazes de ler com autonomia. Se observadas, no entanto, algumas condições, é possível propor a realização de atividades relacionadas à leitura.
Em determinadas circunstâncias, o conteúdo de um texto já pode ser bem conhecido das crianças. Em alguns casos, sua organização favorece a memorização (como ocorre com as parlendas, poemas e outros textos organizados em versos). Em outros, além de serem textos simples, o professor traz várias informações sobre aquilo que contêm. É o caso das listas, em que ele informa todos os itens que as compõem, porém não indica a ordem em que estão dispostos.
Mesmo que ainda não saibam ler, no sentido convencional, tais condições permitem que as crianças coordenem as informações prévias que possuem (o texto memorizado ou os itens que já sabem constar de uma lista) para tentar identificar, no texto escrito, onde está escrita cada parte, arriscando diferentes possibilidades de leitura. Em todos os casos, seja nos textos memorizados, seja nas listas, o desafio de leitura proposto aos alunos é o de descobrir “onde está escrito” aquilo que se sabe estar escrito.
Fonte:
Educa juntos : língua portuguesa / Secretaria de Estado da Educação e do Esporte. – Curitiba : SEED – PR, 2019. – 210 p. (Caderno de orientações didáticas para o professor ; primeiro ano).