Além de situar historicamente a produção artística, compreendendo-a no contexto em que está inserida, é preciso destacar as razões que nos levam a estudá-la.
“Habitamos um mundo que vem trocando sua paisagem natural por um cenário criado pelo homem, pelo qual circulam pessoas, produtos, informações e principalmente imagens. Se temos que conviver diariamente com essa produção infinita, melhor será aprendermos a avaliar esta paisagem, sua função, sua forma e seu conteúdo, o que exige o uso de nossa sensibilidade estética. Só assim poderemos deixar de ser observadores passivos para nos tornarmos espectadores críticos, participantes e exigentes.” (COSTA, 1999, p. 09)
Pela arte, então, o ser humano torna-se consciente da sua existência individual e social, ele se percebe e se interroga, sendo levado a interpretar o mundo e a si mesmo. E nas aulas de Arte, como estas questões serão abordadas e desenvolvidas?
Na disciplina de Arte, trabalharemos com:
- Os conhecimentos que foram historicamente construídos, bem como o conhecimento que trazemos conosco, sendo este um momento em que a racionalidade opera de forma mais intensa.
- Percepção e apropriação, isto é, a familiarização com as diversas formas de produção artística.
- O trabalho artístico, o fazer, que é o momento do exercício da imaginação e criação, sendo este o instante no qual a sensibilidade opera de forma mais intensa.
O acesso que temos à arte e ao seu conhecimento possibilita tornarmo-nos mais críticos e conscientes em relação ao mundo, pois passamos a compreendê-la e a percebê-la, não só como parte da realidade humano-social, mas como algo que transcende essa realidade.
A arte não implica em dom inato, como muitos pensam, mas pressupõe o contato do ser humano com seu meio, com a experiência e o conhecimento que ele é capaz de adquirir por meio de suas próprias experiências e/ou cientificamente.
“A arte não vive num puro terreno da afetividade imediata. Ela requer, para o criador como para o consumidor, a posse de um certo número de ferramentas intelectuais e técnicas que nenhuma espontaneidade permite dispensar.” (PORCHER, 1982, p. 22)
Para isso, nas aulas de Arte você perceberá que teoria e prática caminharão juntas, pois o objetivo de seu estudo não se restringe ao domínio dos fazeres artísticos, mas também da compreensão dos conteúdos necessários à sua apreciação e expressão, isto é “(…) a Arte envolve um processo racional pois, embora normalmente as pessoas não pensem desta forma, a razão é necessária à emoção artística.” (PORCHER, 1982, p. 22)
Isso significa que precisamos conhecer para analisar e apreciar a Arte, superando uma visão restrita ao gosto pessoal. Cabe então, destacar os conteúdos estruturantes que serão estudados nestes três últimos anos da educação básica. São eles:
- Elementos Formais (linha, cor, timbre, altura, duração, ação, personagem, movimento corporal…).
- Composição (figurativa, tridimensional, harmonia, enredo, coreografia…)
- Movimentos e Períodos (medieval, barroco, romantismo, vanguardas artísticas…).
Os Conteúdos Estruturantes
Para podermos compreender o sentido da arte em nossa vida, tanto no presente quanto no passado, precisamos ter conhecimento dos saberes que se constituem fundamentais à formação dos sentidos humanos. Estes saberes, conteúdos estruturantes, da disciplina de Arte, podem ser comparados à construção de uma moradia. Por exemplo: quando construímos um edifício ou algum tipo de residência, necessitamos de elementos basilares, fundamentais para termos a sustentação: a fundação, o piso, as paredes e o teto. Observe que no projeto da casa a seguir, podemos identificar cada uma dessas partes, bem como nas construções da oca e do iglu:
No caso da Arte, estes elementos basilares e fundamentais são os conteúdos estruturantes: os elementos formais, a composição, os movimentos ou períodos e, perpassando a todos estes, a relação do tempo e espaço. Analise a comparação que fizemos entre os conteúdos estruturantes e as construções: nelas são usados os mais diversos tipos de materiais. De forma semelhante, ocorre na “construção artística”, isto é, no fazer arte. Este é o momento que utilizamos os elementos formais, como matéria-prima, que com os conhecimentos e práticas da composição artística (conteúdos, técnicas) organizam e constituem a obra de arte.
No caso do edifício ou de outras moradias, este trabalho de composição também organiza e constrói a obra final. Cada obra tem dimensões, formas, cores, enfim, uma estrutura que se difere das outras. Além disso, dependendo da época e do lugar em que foram feitas, cada uma, apresenta resultado diferente de acordo com o movimento ou período, isto é, dos fatos históricos, econômicos, culturais ou sociais envolvidos naquele momento. Ainda deverá ser considerado, para este construir e fazer, a compreensão do espaço e tempo envolvidos no momento desses fazeres. Observe as imagens a seguir:
REFERÊNCIAS:
Arte / vários autores. – Curitiba: SEED-PR, 2006. – 336 p