A palavra pop vem da abreviatura do termo popular. Por exemplo, atualmente, usa-se o termo em inglês pop music para designar um certo tipo de música popular. Essas músicas, assim como alguns tipos de danças, festas, pinturas, etc, fazem parte do que se costuma identificar como Cultura Popular. Na língua inglesa a palavra “pop” primeiramente designa um som de uma explosão. Que explosão será essa? Cultura diz respeito ao modo de ser e de viver dos grupos sociais, que coletivamente vão produzindo tudo aquilo que é necessário para a existência de um povo, ou seja, a língua usada, as regras de convívio, o gosto, o que se come, o que se bebe, o que se veste, etc.; saber que é elaborado e reelaborado através do tempo. Trata-se de conhecimentos, técnicas, valores, hábitos, regras, símbolos, etc. que constituem “… o conjunto da produção humana”. (SAVIANI, 1992)
Tudo que é popular é arte?
A palavra “popular” significa tudo que é aceito pelo povo ou, ainda, o que é feito pelo e para o povo. Você já ouviu alguém dizer “Aquele cantor é popular ”, isto significa que a maioria das pessoas do povo conhece o cantor. Assim, quando falamos em cultura popular estamos nos referindo a aspectos da cultura que são aceitos ou conhecidos pelo povo e que são produzidos por ele próprio ou para ele.
A respeito da Cultura Popular, Marilena Chauí, indaga: “Seria a cultura do povo ou a cultura para o povo?” (CHAUÍ, 1994) Levando em conta a questão do seu processo produtivo, identificamos uma oposição entre duas formas de cultura, uma produzida pelo e para o povo e outra pela e para uma elite, ou seja, a classe dominante. Isso acontece porque nossa sociedade é dividida em classes sociais que ocupam diferentes funções e têm acesso diferenciado aos bens culturais, como a Arte, por exemplo.
Opondo-se à “Cultura Popular”, a “Cultura Erudita” é mais valorizada por ser considerada uma cultura mais elaborada e refinada. Essa oposição ocorre porque os grupos sociais dominantes monopolizam e se apoderam dos meios de produção e elaboração do conhecimento para realizar seus interesses próprios. No âmbito da cultura popular encontramos elementos que são produzidos coletivamente no cotidiano de um povo e transmitidos oralmente de geração para geração, sem que se saiba quem é o seu autor. Esses elementos como o artesanato, a música sertaneja, as festas, os costumes, as crenças, também fazem parte da cultura popular e formam um complexo cultural de uma nação que retrata a alma desse povo.
Diversidade da Cultura e Arte Popular
A cultura popular brasileira é ampla e diversificada pela miscigenação, que revela justamente a mistura das etnias e das culturas dos povos que constituíram a nossa identidade. Sabe aquele chá que sua avó ensinou sua mãe a fazer quando alguém estava doente? Ele faz parte da cultura popular que geralmente é transmitida oralmente de geração para geração: o folclore. O folclore brasileiro valoriza os costumes e crenças de cada região do país.
As “Festas Juninas”, por exemplo, são festas populares que acontecem em todo o Brasil, mas são feitas de diferentes maneiras, dependendo dos costumes e das particularidades locais. O mesmo acontece com as brincadeiras e cantigas de roda. Você lembra de alguma cantiga de roda cantada pelas crianças na sua infância? Será que as crianças de hoje cantam as mesmas cantigas? Ou será que mudou alguma coisa? E sobre Arte Popular, você ouviu falar? Costuma-se chamar de Arte Popular aquela que agrada ao povo, é feita para ou pelo povo. Mas, de modo geral, essa qualificação de “popular” carrega uma conotação pejorativa como se fosse inferior, de menor qualidade ou menos elaborada.
Na verdade “… a burguesia acabou impondo às outras o seu conceito particular de arte e, do mesmo modo, seu critério de beleza e o seu padrão de gosto”. (JUSTINO, 1999) De fato, de acordo com Justino, cria-se uma ruptura entre popular e erudito. Hoje, no entanto, a elite incorpora ao seu padrão estético vários elementos da Arte Popular. Quando se pensa em Arte Popular não é raro vir em nossa memória o artesanato, a dança, a música, as festas, ou as cenas em miniatura do Nordeste brasileiro, modeladas em barro, ou, ainda, as Carrancas colocadas na proa das embarcações.
As Carrancas colocadas nas proas das embarcações, são uma forma de Arte Popular bem conhecidas em alguns lugares. Você já sabe o que vem a ser uma Carranca? As Carrancas constituem-se numa das mais belas e enigmáticas manifestações da Arte Popular brasileira. São cabeças enormes, geralmente esculpidas em madeira que são colocadas na proa (frente) de embarcações, desde o tempo dos Vikings. Entre as várias versões sobre a sua finalidade, as mais populares são aquelas que afirmam que elas servem para proteger as embarcações e afastar os maus espíritos. No Brasil, elas são muito frequentes nas embarcações do Rio São Francisco. Atualmente, são mais utilizadas como elemento de enfeite.
O pop não poupa ninguém
E Pop Art, o que significa?
Não é a arte feita pelo povo, mas produzida para o consumo de massa, como a pop music! Esta Arte nasceu na Inglaterra no início dos anos 50, em pleno desenvolvimento da cultura industrial. Pop Art é uma abreviação do termo em inglês popular art, cuja tradução literal seria Arte Popular.
O pai da pop art
Richard Hamilton é considerado o “pai da pop art”. Desde muito cedo manifestou seu “… entusiasmo por uma arte, em oposição à longa tradição cultural da Europa”. (HONNEF, 2004) Ele pinta, desenha, fotografa, produz colagens, instalações e design’s.
Observe a obra abaixo:
Esta colagem do interior de uma casa dos anos de 1950 é um marco da arte pós-guerra. Nela o artista combinou fotografias com recortes de revistas para mostrar o paraíso do consumidor. A inscrição POP no imenso pirulito é instigante e inovadora, trata-se da primeira vez que a palavra é utilizada para anunciar uma nova arte, ou seja, o movimento da Pop Art, que utilizava como fontes de inspiração símbolos da cultura de massa, objetos e temas do cotidiano moderno, principalmente, ligados à sociedade de consumo e aos meios de comunicação.
Sanduíches, tiras de história em quadrinhos, anúncios, cenas de TV, e fotos de celebridades são incorporados diretamente ao trabalho artístico e complementados por meio de diferentes técnicas, tais como fotografia, pintura, colagem, escultura, serigrafia, etc.. As colagens e reprodução de imagens em série são características das obras da Pop Art. (HONNEF, 2004)
O papa da pop art
Andy Warhol é considerado o “papa da pop art”. Sua arte é inspirada nos símbolos de consumo das massas urbanas: lâmpadas elétricas, enlatados, automóveis, sinais de trânsito e, até mesmo, as imagens de celebridades que, também, são consumidas em massa, por meio do cinema, da tv e das revistas. Veja, como exemplo, o trabalho feito a partir de uma fotografia de Elvis Presley, um dos maiores ídolos do rock americano.
O retrato foi um dos temas mais explorados por Andy Wahrol, principalmente de personalidades famosas do cinema e da política, a partir de imagens fotográficas bem conhecidas usadas na publicidade, utilizando a técnica da serigrafia, valorizando detalhes e acrescentando cor.
Você conhece essa técnica? Aposto que alguém da sua sala tem alguma camiseta com uma figura estampada! Você sabia que geralmente elas são feitas a partir da técnica da serigrafia?
A serigrafia é uma técnica com a qual se pode fazer várias reproduções sobre papel ou tecido. Utiliza-se uma armação com tela fina, de seda ou tecido sintético. A imagem que se quer reproduzir é transferida para a tela por meio de um processo que veda os espaços que devem ficar em branco, deixando passar a tinta onde está a figura ou texto que deve ser reproduzido. A tela é colocada sobre o papel ou tecido que se deseja estampar e a tinta apropriada é aplicada sobre a tela e espalhada com uma espátula. Atualmente existem máquinas que facilitam esse processo. (MARCONDES, 1998) Se for possível, sugerimos que façam uma visita a uma oficina de serigrafia para conhecer melhor o processo. É bem interessante!
Roy Lichtenstein: Outro papa, outro Pop?
Além de Warhol, outros artistas também fizeram parte deste movimento artístico. Entre esses, podemos citar Roy Lichtenstein, que chamou a atenção do mundo nos anos de 1960, com sua forma de fazer arte. Muitos dos quadros de Lichtenstein refletem a influência e a fascinação do artista pela linguagem e imagem das histórias em quadrinhos. Em sua obra procurou valorizar essa técnica, a fim de criticar a cultura de massa produzida pela indústria cultural. As obras mais conhecidas de Lichtenstein são seus quadros em cores brilhantes e em tamanho grande, retirados de Histórias em Quadrinhos. Essa imagem típica de tiras de quadrinhos com o vento soprando, cria um forte impacto.
Lichtenstein empregou em suas obras uma técnica parecida com o pontilhismo para simular os pontos reticulados das revistas. Cores primárias, chapadas e contornadas por um traço negro contribuíam para reproduzir os efeitos das técnicas industriais. Com essas obras, o artista pretendia oferecer uma reflexão sobre as linguagens e as formas artísticas. Seus quadros, desvinculados do contexto de uma história, são simplesmente imagens representativas do mundo moderno.
Para quem é essa Arte dos Quadrinhos?
Os quadrinhos são uma forma de contar fatos e histórias por meio de imagens, utilizando, ao mesmo tempo, desenhos e palavras escritas. A história que se quer contar é dividida e explicada por meio de quadros com desenhos e textos curtos, que se distribuem na página um depois do outro, dando sequência à história.
As Histórias em Quadrinhos têm fascinado diferentes gerações, desde o seu surgimento até hoje. É importante lembrar que para a criação de uma História em Quadrinhos, muitas vezes, o desenhista pode assumir diferentes papéis no processo de criação ou, então trabalhar em equipe, como as modernas editoras. Cria os personagens, escreve a história, desenha, cria os diálogos, os efeitos de som e sentimento (com as onomatopéias) e dá colorido e acabamento para fascinar diferentes gerações que são adeptas dessa arte.
É importante lembrar que, para entender uma História em Quadrinhos, é necessário ler o texto e analisar as imagens, já que muitas informações são obtidas de acordo com as características dos personagens, seus gestos, seus movimentos, etc. Vários são os recursos gráficos utilizados nas Histórias em Quadrinhos: balões para inserir os textos (que expressam diálogos, narrativas ou pensamentos).
Observe ao lado algumas onomatopéias usadas para expressar diferentes sons e sentimentos: O desenho dos personagens é definido por meio de linhas mais ou menos espessas e cores mais ou menos vivas, próprias para indicar seus sentimentos, expressões faciais, movimentos, deslocamentos e ações.
Takka Takka demonstra um conhecimento profundo de Lichtenstein sobre o papel que as imagens provocam. Nesse quadro, o artista transmite uma impressão inesquecível da guerra: a ameaçadora boca da metralhadora em preto e branco por cima das folhas verdes da selva, e sublinhada pela onomatopéia Takka Takka, em vermelho sangue, criando espaço para uma invasão do real no mundo da ficção. (HONNEF, 2004) Observe que a imagem possui um balão com um texto escrito em inglês. Evidentemente é necessário um conhecimento da língua estrangeira para melhor compreensão do texto. Além disso, observe que o artista usa letras maiúsculas sobre um fundo amarelo para chamar a atenção dos observadores.
Leia o texto buscando compreender seu sentido.
Comente com seus colegas sobre a mensagem do texto.
E a colagem? Sabia que nem sempre foi utilizada na arte?
Como já falamos em fotografia e serigrafia, veremos agora um pouco de colagem, que é uma técnica também muito utilizada pelos artistas pop. A colagem vem do francês collage. Como o próprio nome diz, a colagem é uma técnica, na qual diferentes materiais são colados em uma superfície plana. Esses materiais podem ser pedaços de papel, folhas de árvores, pedaços de tecidos e muitos outros.
Observe essa Colagem criada por Wesselmann na década de 1960. Pode-se perceber que a fisionomia foi deixada em branco para evitar qualquer sugestão de retrato, pois nessa época a imagem da nudez ainda era rara nos meios de comunicação. Wesselmann utiliza símbolos eróticos e da cultura popular da sociedade de consumo para afirmar seu apoio à liberdade sexual.
Nem tudo é o que parece ser !
O que você vê nesta obra?
Por meio da representação de um hambúrguer em tamanho gigante, Oldenburg pretendia fazer uma arte que refletisse a vida cotidiana, chamando a atenção neste caso para o fast-food americano. Oldenburg tornou-se conhecido por suas gigantescas esculturas moles, que rompem com o conceito tradicional de escultura como um objeto sólido, elaborado com materiais convencionais ou nobres. Andy Warhol também rompeu com os conceitos tradicionais de escultura.
REFERÊNCIAS:
Arte / vários autores. – Curitiba: SEED-PR, 2006. – 336 p