Para Vygotsky a criança nasce apenas com as funções psicológicas fundamentais e relevantes “somente a partir do aprendizado da cultura, estas funções transformam-se em funções psicológicas superiores, sendo estas o controle consciente do comportamento, a ação intencional e a liberdade do indivíduo em relação às características do momento e do espaço presente” (COELHO; PISONI, 2012, p. 145). Ainda segundo as autoras, a evolução do psiquismo humano é sempre interposto pelo outro que indica, delimita e atribui significados à existência e realidade. Segundo Coelho e Pisoni:
Dessa forma membros imaturos da espécie humana vão aos poucos se apropriando dos modos de funcionamento psicológicos, comportamento e cultura. Neste caso podemos citar a importância da inclusão de fato, onde as crianças com alguma deficiência interajam com crianças que estejam com desenvolvimento além, realizando a troca de saberes e experiências, onde ambos passam a aprender junto. (COELHO; PISONI, 2012, p.146)
Dessa forma membros imaturos da espécie humana vão aos poucos se apropriando dos modos de funcionamento psicológicos, comportamento e cultura. Neste caso podemos citar a importância da inclusão de fato, onde as crianças com alguma deficiência interajam com crianças que estejam com desenvolvimento além, realizando a troca de saberes e experiências, onde ambos passam a aprender junto. (COELHO; PISONI, 2012, p.146)
Pensamento e Linguagem
Vygotsky afirma que o desenvolvimento da linguagem implica no desenvolvimento do pensamento, por meio das palavras o pensamento ganha existência (MIRANDA; SENRA, 2012). Para Vigotsky (1987, p.129) “A linguagem age decisivamente na estrutura do pensamento e é ferramenta básica para a construção de conhecimentos”, intervindo no desenvolvimento intelectual da criança desde seu nascimento. “A linguagem fornece os conceitos e as formas de organização do real que constituem a mediação entre o sujeito e o objeto de conhecimento” (FOSSILE, 2010, p.71).
A seguir a Figura 45 ilustra o pensamento, a linguagem e a construção do saber na teoria vygotskiana.
É importante dar voz às crianças, deixando que elas exercitem seus pensamentos, suas vontades. Nós, educadores, não devemos cerceá-las, devemos ouvi-las e agir como mediadores, auxiliando também em sua construção intelectual (ROMERO, 2015). Vygotsky (1987) afirma que a linguagem possui duas funções básicas: intercâmbio social e pensamento generalizante. A função de intercâmbio social é bem visível nos bebês, uma vez que conseguem, por meio de gestos, expressões e sons, demonstrar seus sentimentos, desejos e necessidades.
A função de pensamento generalizante pode ser exemplificada quando falamos, por exemplo, a palavra boi. Independentemente de ter visto de perto algum boi ou de comer ou não sua carne, nosso pensamento classifica tal palavra na categoria animais e nos remete à sua imagem. Dentre as manifestações da linguagem encontramos também a fala privada – é a fala consigo mesmo.
Vygotsky (1987) a considera uma ligação entre linguagem e pensamento, já que, conforme a fala privada se desenvolve, a criança torna-se capaz de orientar e dominar ações (MIRANDA; SENRA, 2012). Os pilares básicos do pensamento de Vygotsky apud Stadler et al. (2004):
- “As funções psicológicas têm um suporte biológico, pois são produtos da atividade cerebral”. O cérebro é um sistema aberto, pois é mutável. Suas estruturas são moldadas ao longo da história do homem e de seu desenvolvimento individual;
- O funcionamento psicológico tem como base as relações sociais, dentro de um contexto histórico;
- A cultura é parte essencial do processo de construção da natureza humana;
- A relação homem-mundo é uma relação mediada por sistemas simbólicos. Entre o homem e o mundo existem elementos mediadores – ferramentas auxiliares da atividade humana.
Para Vygotsky as funções psicológicas superiores (ações e pensamentos inteligentes que só encontramos no homem, como pensar, refletir, organizar, categorizar, generalizar, entre outros) são construídas ao longo da história social do homem” (STADLER et al., 2004).
A mediação para Vygotsky
Para Vygotsky as pessoas não têm um contato direto com objetos e sim uma mediação, por meio de um conhecimento ou por uma experiência, logo, ele defende a sua teoria como sócio construtivista, em que a interação é mediada por várias relações, vindo a se diferenciar do construtivismo, em que o indivíduo age sem desvios indo direto ao objetivo (MAGALHÃES, 2007). “A mediação, conceito central de sua obra, é a intervenção de um elemento intermediário em uma relação, logo, para Vygotsky, existem dois elementos mediadores: os instrumentos e os signos.
Ambos oferecem suporte para a ação do homem no mundo” (STADLER et al., 2004, s/p.). Esta relação está representada na Figura 46, a seguir. Stadler et al. (2004, s/p.) esclarece que “instrumento é todo objeto (externo) criado pelo homem com a intenção de facilitar seu trabalho e sua sobrevivência, enquanto os signos são instrumentos psicológicos (internos), que auxiliam o homem diretamente nos processos internos”.
Quando o indivíduo cria uma lista para ir ao mercado, conforme Figura 47, está criando signos, ou seja, instrumentos psicológicos que o auxiliarão, mais tarde, na realização da ação (compras no mercado).
As representações da realidade e a linguagem são sistemas simbólicos que fazem a mediação do indivíduo com o mundo. É o próprio grupo cultural quem fornece as representações e o sistema simbólico, ao interagir com o outro, o indivíduo vai interiorizando as formas culturalmente construídas, as mesmas que possibilitam as relações sociais.
FONTE:
Teorias da educação [recurso eletrônico] / Cíntia Moralles Camillo, Liziany Müller Medeiros. – Santa Maria, RS : UFSM, NTE, 2018.
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