TRANSPOR UMA AULA PARA O MÓDULO NÃO PRESENCIAL É MUITO MAIS DO QUE TRANSFERIR O CONTEÚDO; É REVER SUA PRÁTICA PEDAGÓGICA, SUA MANEIRA DE ENSINAR!
O primeiro passo na transposição das atividades do ensino presencial para o virtual é ter ciência de que você não vai replicar na sua aula as atividades com a mesma concepção e prática pedagógica do contexto presencial. Lembre-se de que no ensino não presencial você e seu estudante estão em espaços diferentes e, frequentemente, em tempos diversos. Portanto, sob o ponto de vista didático, prepare-se para enfrentar novos desafios, mas o primeiro deles está destacado a seguir:
1) Planeje. Esta é a palavra-chave!
Na modalidade não presencial, o planejamento é o momento mais delicado, pois é quando se traça a metodologia mais adequada ao conteúdo e aos recursos que serão utilizados. Deve-se detalhar todas as etapas do processo de ensino e de aprendizagem para desenvolver competências específicas, sempre pensando no seu público-alvo e nas disponibilidades tecnológicas. Algumas perguntas norteadoras são:
◼ Quem é meu público-alvo?
◼ Quais ferramentas tenho disponíveis/compatíveis no ambiente virtual?
◼ Como posso despertar o interesse dos estudantes?
◼ O que espero dos estudantes ao final da disciplina?
2) Fique atento ao binômio tempo x atividade!
O tempo das atividades síncronas e assíncronas nas disciplinas remotas é bastante diferente das disciplinas presencias. Uma possível sugestão para esse binômio* é a seguinte: se o docente tem 4 horas de aulas presenciais durante a semana, recomenda-se propor atividades cujo tempo total seja no máximo 2 horas, respeitando, desta forma, o ritmo individual do estudante, sobretudo no ensino não presencial. Portanto:
◼ para os encontros síncronos, (mantendo o mesmo dia/horário da aula presencial), você não deve ultrapassar 1h30min;
◼ para videoaulas gravadas, você não deve ultrapassar 15min;
◼ caso seja realmente necessário fazer algo mais longo, o docente deve subdividir a aula em partes, complementando o tempo faltante com atividades e recursos, tais como exercícios, leitura, vídeos, videoaulas gravadas, Fóruns, Wikis, Glossário, etc.
◼ uma sugestão para a organização de uma disciplina remota é a distribuição das atividades em 70% de forma assíncrona e 30% de forma síncrona.
3) Compatibilize o tempo e sua prática pedagógica!
Lembre-se de que você está trabalhando remotamente; portanto, ao propor as atividades:
◼ nos encontros virtuais síncronos, não reproduza a prática pedagógica presencial, nem em relação ao tempo nem em relação à forma de repasse. Ninguém consegue ficar na frente do computador por muito tempo, sobretudo se for uma aula expositiva;
◼ diversifique ao propor as atividades nos encontros síncronos e reserve este momento para torná-lo um espaço de discussão com debates e diálogos e também para sanar dúvidas e ressaltar pontos mais importantes. Não utilize este momento para aulas expositivas, pois elas tendem a ser monótonas e fatigantes, tanto para o docente quanto para o estudante. Vídeos e áudios devem ser mostrados antes da aula para posterior discussão no encontro síncrono.
4) Disponibilize um calendário e um roteiro de atividades!
Para que tanto o docente quanto o estudante possam se organizar quanto às tarefas e à dinâmica dos trabalhos síncronos e assíncronos, faz-se necessário:
◼ ter um calendário bem definido no início das aulas, com datas de avaliações, tarefas, dinâmica de postagens, etc.;
◼ dividir o conteúdo da sua disciplina em tópicos, por semanas, lembrando que um tópico pode levar mais de uma semana para ser abordado, dependendo do grau de dificuldade e do assunto a ser explorado;
◼ propor um roteiro, preferencialmente semanal, com as tarefas a serem cumpridas e disponibilizadas no Moodle. Por exemplo, do dia XX ao dia YY ou da semana XX à semana YY. Explicite em detalhes o conteúdo a ser estudado naquele período. Este roteiro deve ser apresentado no início das aulas e cumprido rigorosamente. Desta forma, tanto o docente quanto os estudantes podem manter um ritmo de trabalho e estudo organizado.
Obs: NÃO ALTERE SEU CALENDÁRIO OU ROTEIROS SEM COMUNICAR AMPLAMENTE AOS ESTUDANTES, POIS O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO ON-LINE É BEM MAIS LENTO QUE O PROCESSO UTILIZADO EM AULAS PRESENCIAIS.
5) Repense seu caminhar pedagógico!
No ensino não presencial, você deve:
◼ repensar a quantidade de conteúdo repassado, pois o processo de leitura e compreensão escrita demanda um tempo maior que o de uma aula presencial assim como os processos de comunicação assíncronos (pondere sobre o tempo de envio da mensagem, na recepção do estudante e no retorno aos questionamentos);
◼ reorganizar a maneira de repassar os conteúdos, pois você está distante dos estudantes e algumas informações precisam ser melhor detalhadas, tais como enunciados minuciosamente explicativos nas questões, conteúdo subdividido em partes para melhor compreensão do estudante;
◼ trocar quantidade por qualidade. Selecione o que é mais pertinente no seu conteúdo e explore outras habilidades dos estudantes que podem ser realizadas fora do contexto presencial, tais como gravações de vídeos e áudios para desenvolver a compreensão textual, a resolução de problemas, etc.
Obs: O RITMO DE TRABALHO ON-LINE É BEM MAIS VAGAROSO SE COMPARADO AO ENSINO PRESENCIAL; ATENTE PARA NÃO REPASSAR CONTEÚDO EM DEMASIA!
6) Faça atividades pedagógicas incorporando teoria e prática!
Aqui, você deve pensar em dois tipos de atividades pedagógicas:
◼ Atividades com viés teórico, nas quais você faz a exposição dos conteúdos, repassa conceitos, explora ideias e relata o “como fazer”.
◼ Atividades práticas, momento em que os estudantes devem vivenciar o conteúdo, “colocar a mão na massa”, e cujo foco é a realização de tarefas práticas nas quais o conhecimento teórico serve como base do processo de aprendizagem.
Obs: IMPORTANTE TER UM PERCENTUAL EQUILIBRADO DE AMBOS: TEORIA E PRÁTICA, SEMPRE SOB O VIÉS DA MODALIDADE NÃO PRESENCIAL.
7) Diversifique os recursos!
Quando propuser um conteúdo, utilize recursos diversificados para potencializá-lo, destacar os pontos mais relevantes e evocar uma postura mais proativa do estudante. Observe um exemplo com o tema “Tecnologia na educação”:
REPENSE O ENSINO, INOVE NAS PROPOSTAS PEDAGÓGICAS E ESTIMULE MÚLTIPLAS EXPERIÊNCIAS NO CENÁRIO EDUCATIVO!
8) Seja criativo nas atividades pedagógicas com foco na teoria!
Nas atividades cujo foco é na teoria, você deve diversificar a forma como repassa o conteúdo, utilizando não somente postagens de textos, mas transformando-os em atividades mais interativas com recursos multimídia, como slides, vídeos, videoaulas gravadas, podcasts, de maneira que o estudante não se canse do longo processo de leitura textual via tela do computador e perca o interesse pela aula. Às vezes, uma simples transformação na formatação de textos pode fazer uma grande diferença no resultado final, sobretudo se forem documentos muitos longos. Destaque as informações mais relevantes via elementos visuais, tais como:
◼ hiperlinks;
◼ diagramas / tabelas / quadros;
◼ mapas conceituais;
◼ imagens, etc.
9) Organize atividades pedagógicas com foco na prática!
Quanto às atividades práticas, você deve selecionar tarefas que se configurem como um desafio e que possam ser realizadas individualmente ou colaborativamente, tais como:
◼ gravações de vídeos e podcasts;
◼ utilização de aplicativos e jogos educativos;
◼ uso de animações e avatares;
◼ confecção de portfólios e estudos de casos.
UMA AULA INTERATIVA NÃO INCLUI SOMENTE A INSERÇÃO DE FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS; ELA CONSISTE SOBRETUDO NA PARTICIPAÇÃO E NO ENGAJAMENTO DOS ESTUDANTES.
10) Faça uso de ferramentas diversas para propor atividades mais dinâmicas no Moodle!
Veja as possibilidades que o Moodle oferece:
11) Faça atividades síncronas, assíncronas e híbridas!
Para que o estudante se motive a participar ativamente da sua aula virtual, você deve preparar atividades síncronas, assíncronas ou híbridas, tais como:
◼ Síncronas: chat; webconferência.
◼ Assíncronas: fórum, e-mail, questionário, glossário, tarefa, wiki, blog, mensagem do Moodle, etc.
◼ Híbrida/Mista: webconferência que utiliza chat, fórum, e-mail, etc.
Obs: AS ATIVIDADES SÍNCRONAS DEVEM SER UTILIZADAS PARA A INTERAÇÃO, PROMOVENDO O DEBATE, O ESCLARECIMENTO DE DÚVIDAS ENTRE OUTROS OBJETIVOS. NAS ATIVIDADES ASSÍNCRONAS, OS RECURSOS UTILIZADOS DEVEM SER VARIADOS (TEXTOS, VÍDEOS, VÍDEOAULAS, IMAGENS, PODCASTS, ETC.).
12) Atualize seu roteiro de atividades!
Na seleção dos recursos, tenha em mente o objetivo da atividade, o tempo disponível do estudante e as disponibilidades tecnológicas para realizar as tarefas. Veja algumas dicas:
◼ Nos recursos multimídia – simuladores, animações, games, avatares, vídeos – faça uma pesquisa para saber se os estudantes efetivamente possuem a habilidade e a tecnologia adequadas para usá-los.
◼ No uso de textos – utilize fontes tipográficas que facilitem o processo de leitura na tela, destaque com clareza títulos e subtítulos e não utilize textos justificados. Se o texto for longo, divida-o em várias telas, pois pesquisas mostram que a maioria dos estudantes não utiliza a barra de rolagem para chegar até o fim.
13) Dê preferência para atividades colaborativas!
Para cada atividade que propuser no ambiente virtual, você precisa dar feedback para os estudantes, e isso leva muito mais tempo do que em uma aula presencial. Dependendo do tipo de atividade e recurso utilizados, você terá que fazer download do arquivo, fazer a correção e postar o feedback. Isso consome um bom tempo. Portanto, privilegie atividades colaborativas, preferencialmente em recursos tecnológicos que não necessitem fazer download de arquivos (ferramentas como fóruns, glossários, wikis, etc.). Assim, ao dar feedback para os estudantes, você pode fazer algo mais geral, destacando as características do grupo e alguns detalhes individuais.
NAS ATIVIDADES VIRTUAIS, O DOCENTE DEVE ATUAR COMO MEDIADOR, GUIANDO AS DISCUSSÕES PARA OS PONTOS MAIS RELEVANTES.
14) Alterne sua seleção de atividades!
Para motivar os estudantes a participar das atividades, uma sugestão é variar os tipos de atividades, tais como:
◼ hipertexto
◼ glossário
◼ questionário
◼ wiki
◼ fórum
◼ múltipla escolha
◼ clique e arraste
◼ quebra cabeça
◼ caça-palavra
◼ relacionar colunas
◼ preencher lacunas
◼ ordenar elementos
◼ gravar vídeos e áudios
◼ fazer animações
◼ utilizar simuladores e avatares
◼ fazer chat e webconferências
◼ propor jogos interativos
15) Escolha avaliações adequadas!
Na escolha das avaliações, tenha em mente seus objetivos primários. Relembre algumas modalidades:
◼ Avaliação Diagnóstica: objetiva diagnosticar as necessidades dos estudantes e verificar o nível de conhecimento, para orientar e definir um modo pessoal de aprendizagem. É aplicada no início das aulas.
◼ Avaliação Formativa: engloba o uso de variados tipos de avaliações e práticas pedagógicas inovadoras, pois ela precisa atender a uma diversidade de estudantes. É aplicada no dia a dia do estudante.
◼ Avaliação Somativa: tem a função de mensurar a quantidade de conhecimento acumulada ao longo do ciclo de aprendizagem; para ser aprovado, o estudante necessita obter um mínimo considerado como padrão para aprovação. É aplicada no final do ciclo. A avaliação da frequência do estudante pode ser contabilizada pela sua participação em atividades previstas no plano de ensino e na matriz instrucional.
◼ Autoavaliação: realizada tanto pelo docente quanto pelos estudantes para refletir e avaliar o seu próprio desempenho, pontos fortes e de melhoria. É aplicada durante ou no final do ciclo.
PREFERENCIALMENTE, FAÇA VÁRIAS AVALIAÇÕES AO LONGO DO PROCESSO PARA QUE O ESTUDANTE TENHA CIÊNCIA DO QUE APRENDEU ATÉ AQUELE MOMENTO E DO QUE AINDA PRECISA DESENVOLVER NO SEU CAMINHAR.
16) Utilize instrumentos variados nos processos avaliativos!
Considerando as várias ferramentas e os recursos disponíveis on-line, aproveite para fazer avaliações variadas, que computem diversas competências e habilidades dos estudantes. Um vídeo ou um podcast pode ser muito mais eficiente do que uma atividade em word para posterior postagem, se levarmos em conta o momento atual no qual as mídias estão embutidas em nossa rotina. Veja algumas sugestões:
◼ debate em fórum
◼ gravação de vídeo ou áudio
◼ mapa mental
◼ portfólio
◼ estudo de caso
◼ diário de bordo
◼ jogo interativo
◼ simulação
◼ animação
17) Faça feedback construtivo!
AO DAR O RETORNO AO ESTUDANTE, SEJA CLARO E PRECISO NAS SUAS COLOCAÇÕES, SOBRETUDO CONSIDERANDO QUE O ESTUDANTE DEVE RECEBER O FEEDBACK REMOTAMENTE E SOZINHO.
Como você não está fisicamente presente no retorno das atividades, faça feedback detalhado e construtivo, indicando os pontos positivos e aqueles a serem melhorados. Isto estimula os estudantes a aprimorar os pontos fracos. Como sugestão, faça modelos de feedback e ajuste-os, conforme perfil dos estudantes e desempenho nas atividades, pois o feedback escrito pode levar um bom tempo em grupos com número grande de estudantes. Outra sugestão é fazer um feedback oral, por meio de gravação, mas este pode consumir um bom tempo, dependendo de sua habilidade com a tecnologia.
18) Dê feedback brevemente!
Os feedbacks nas aulas remotas, mais do que nos encontros presenciais, devem ser dados logo, tanto quanto possível. Em função dos estudantes estarem distantes, a sua comunicação é necessária para que eles se sintam acolhidos e criem vínculo mais próximo com o docente. Esses feedbacks devem ser realizados da seguinte forma:
◼ feedbacks das atividades – prazo máximo de uma semana;
◼ retorno às dúvidas – prazo máximo de até 48 horas.
Obs: NÃO DEMORE MUITO PARA DAR RETORNO AOS ESTUDANTES; NO ENTANTO, SE FOR NECESSÁRIO UM TEMPO MAIOR PARA DAR FEEDBACK, COMUNIQUE-OS PARA EVITAR QUE FIQUEM ANSIOSOS.
19) Fique atento aos processos de comunicação!
Em função da distância espacial e, frequentemente temporal, os processos de comunicação se tornam bastante relevantes, pois é através deles que você interage com o estudante e dialoga, proporcionando motivação, troca de experiência e aprendizagem interativa. É essencial manter constante diálogo com o estudante, seja via mensagens, chats, webconferências ou qualquer outro meio de interação, para que ele se sinta acolhido e encorajado a se manifestar. A frequência do envio das mensagens é primordial para o estudante se sentir compelido a acessar o ambiente virtual. Portanto, faça-o com frequência.
TENHA EMPATIA E CRIE UM AMBIENTE DE COLABORAÇÃO E AFETIVIDADE NO AMBIENTE VIRTUAL, POIS AQUI O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO PODE MINIMIZAR SUA AUSÊNCIA FÍSICA.
20) Selecione a linguagem adequada!
Tenha cuidado ao se manifestar no ambiente virtual, seja por postagem de mensagens escritas ou orais, pois dependendo da escolha das palavras e da maneira como você transmite essa mensagem, via recursos visuais ou auditivos, por exemplo, você pode, inadvertidamente, incorporar um tom que não seja aquele pretendido. Selecione cuidadosamente as palavras para minimizar possíveis inconsistências na decodificação da sua mensagem. Pense no objetivo da mensagem, nos destinatários e no canal de comunicação mais adequado.
EVITE RUÍDOS NA COMUNICAÇÃO E ELABORE MENSAGENS DIRETAS COM LINGUAGEM CLARA E PRECISA!
21) Garanta acessibilidade, se necessário!
Acessibilidade significa proporcionar às pessoas com qualquer deficiência o acesso aos espaços de aprendizagem de maneira adequada, conforme suas necessidades individuais, para que o aprendizado seja efetivado. No estudo não presencial, isso inclui disponibilizar conteúdo com design acessível de modo a acomodar o maior número possível de habilidades e estilos de aprendizagem (visual, auditiva ou tátil). Ao detectar alguma necessidade de acessibilidade entre seus estudantes, entre em contato com a Coordenadoria de Acessibilidade Educacional (CAE), setor vinculado à Secretaria de Ações Afirmativas e Diversidades (SAAD) da Universidade Federal de Santa Catarina. Para outras informações, clique aqui: https://cae.ufsc.br/o-que-e-a-cae
A ACESSIBILIDADE É UM DIREITO DE TODOS OS ESTUDANTES E, PORTANTO, DEVE SER ASSEGURADA MEDIANTE A IGUALDADE DE OPORTUNIDADES E ELIMINAÇÃO DE BARREIRAS.
22) Aprimore sua aula com algumas dicas de vídeo e áudio!
Clique no link abaixo ou na foto que segue e assista ao vídeo intitulado: “Dicas para gravação de vídeo e podcast – UFABC”.
Dicas para gravação de vídeo e podcast – UFABC – YouTube
FONTE:
Cartilha do docente para atividades pedagógicas não presenciais [recurso eletrônico] / autores, Denise Mesquita Corrêa … [et al.] ; organização e edição, Luciano Patrício Souza de Castro. – Florianópolis : SEAD/UFSC, 2020.
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