O livro Didática do ensino da arte: a língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte escrito por Gisa Picosque, Terezinha Telles e Mirian Celeste Martins volta sua obra com o enfoque na arte e sua importância na transformação tanto dos alunos quanto dos educadores e sua prática pedagógica.
As autoras trouxeram em seu trabalho muitas contribuições a respeito da arte. Sendo artistas em seus comércios e trabalhando constantemente com a arte no seu dia-a-dia, resolveram interligar a sensibilidade artística ao amor do educador.
Tornando o ensino em arte e a arte como meio de transformação no ensino e como forma de descobrir o mundo. Sendo assim, o livro dispõe a respeito da abordagem das práticas metodológicas visando às linguagens artísticas em todas suas formas de expressão: (teatro, dança, música e visuais).
Um dos problemas inerentes abordados no livro diz respeito à questão como a arte é abordada nas escolas, sendo ensinada como conteúdo do currículo, mas de forma superficial. Para as autoras do livro, falta a verdadeira essência no ensino da arte. Saber ensinar como apreciar a arte e manifesta-la não tem ocorrido de forma contextualizada.
Didática do ensino da arte: a língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte
Trabalhar a arte apenas se utilizando do “conhecimento expressivo” significa que o sujeito expressa a arte utilizando o seu saber e suas experiências para manifestar sua arte sem que antes tenha tido a oportunidade de apreciar a arte e de contextualiza-la. Ou seja, o ensino da arte dessa forma acaba sendo preconizado.
Pensando em todos esses detalhes a respeito da arte, o livro foi elaborado e organizado para direcionar passo a passo como trabalhar a contextualização da arte, a apreciação e manifestação. Possibilitando aos educadores compreender que a arte desde a antiguidade sobre influências culturais e que toda forma de manifestação artística possui uma história, que deve ser compreendida e admirada possibilitando aos espectadores adquirir novos conhecimentos e experiências de vida.
Tendo como base todas essas condições na arte, e tomando como base a busca pela sapiência da trajetória de expressão durante a infância, foram estudados os principais autores percursores do desenvolvimento expressivo da criança. Assim sendo as autoras buscaram aprofundar-se e sugerir práticas para contribuir para o desenvolvimento da prática da arte de forma sensibilizadora.
Desenvolvimento expressivo da criança
A arte é um fator indispensável na vida do ser humano, sendo considerado um feito necessário para a vida. Todo sujeito carrega consigo conhecimento adquiridos durante a vida, percepções a respeito do mundo, formas e pontos de vista. Segundo Martins:
“Cada um de nós, combinando percepção, imaginação, repertório cultural e histórico, lê o mundo e o reapresenta à sua maneira, sob o seu ponto de vista, utilizando formas, cores, sons, movimentos, ritmo, cenário…” (MARTINS, M. et al, 1998, p.57).
Sendo assim a arte deve ser ensinada de forma contextualizada, ou seja, o expressar da arte não pode ser apenas baseado no conhecimento que o sujeito tem sobre seu mundo. É necessário que a expressão da arte também seja manisfestada frente ao significado do objeto apresentado ao sujeito, para que dessa forma seja apreciada e compreendida, possibilitando a aquisição de novas experiências de vida.
Considerando esses fatores o desenvolvimento da criança perante a arte segundo o livro enfatiza que a arte é de suma importância para a ampliação dos saberes durante a infância, e que nesse período de desenvolvimento o professor deve participar ativamente como mediador durante esta fase.
Desde a infância o professor como mediador deve propor à criança que ela desenvolva um olhar analítico, crítico e apreciativo na arte. Isso contribui para que a criança compreenda e crie formas de manifestar o que sente e sabe de acordos com suas experiências.
Se a arte é manifestada de acordo com as experiências de vida, emoções, valores culturais, dentre outros fatores, o ambiente escolar deve proporcionar que a arte seja vista como disciplina e não como atividade.
Sendo assim deve proporcionar à criança o direito de compreendê-la como forma de expressão. A arte é forma de expressão e a expressão está ligada a vida da criança. Desde pequenos manifestamos diversas coisas por meio da arte (rabiscos e desenhos).
Desenho na Infância
A formação da criança como sujeito está ligada intrinsecamente às suas experiências de vida. Dessa forma, desenvolver o lado expressivo da criança irá proporcionar a ela a ampliação da criatividade. Todo humano possui a capacidade de aprender e de ensinar, sendo assim, todos os seres humanos possuem em sua essência formas de expressar tudo àquilo que aprende ao seu modo.
Cada um manifesta o que sente de um jeito próprio da mesma forma que cada um sente a arte e vê ela ao seu modo. Nas crianças a arte está ligada às coisas voltadas para a ludicidade, ou seja, o prazer e a satisfação. Sendo assim o desenhar durante a infância permite a ela que se envolva e manifeste seus pensamentos, conhecimentos.
Segundo Mirian Celeste Martins toda a criança sente prazer em produzir traços e movimentos com o lápis. A criança explora e reproduz diversas formas de mobilizações criando variações expressivas. Consequentemente nesse período de interação com o desenho, também desenvolve a capacidade motora ao desenhar.
Diferentes situações de aprendizagem
O ato de desenhar que se inicia por prazer, com o tempo se tornam como forma de registrar coisas do mundo e de sua vida em específico. A criança se depara com a capacidade de representar o que está a sua volta. Tenta reproduzir coisas que conhece e que faz parte do seu cotidiano.
Cada metodologia utilizada durante o ensino/aprendizagem estimula de forma diferente e desenvolve no sujeito habilidade, experiências e competências peculiares. Dessa forma se compreende que a forma de abordar a arte é a chave para a conquista de uma proposta bem sucedida no quesito desenvolvimento das habilidades da criança.
O professor como mediador no processo de aprendizagem tem como papel fundamental estimular as crianças a conhecer o universo artístico, as histórias que existem por trás da arte e a cultura envolvida em sua criação.
Abordagem Triangular
Na Abordagem Triangular existem três momentos: A Proposta Triangular segundo Ana Mae Barbosa possui estruturantes, a seguir descritos: a contextualização, a apreciação e a produção.
O eixo contextualização
A contextualização da arte se trata da capacidade de estabelecer um contexto determinado para o objeto de conhecimento. A prática dessa abordagem exige uma atitude dialógica no qual a conversa se encontra presente como meio do desenvolvimento entre alunos e professor.
A troca de conhecimento por meio do diálogo permite aos educandos fazerem escolhas frente o objeto do conhecimento, ou seja, se trata de uma abordagem eclética no qual o aluno se sujeita a diversas linhas de pensamento.
O ponto fundamental da abordagem triangular se trata do pensar e se questionar perante a imagem, sua origem, o que ela significa, a história existente por trás da obra dentre outros fatores.
Isso significa que para uma boa leitura da arte é necessário que se contextualize a obra de forma completa se atentando às suas raízes culturais, sobre o autor, sua história e a mensagem que ele pretende passar com a obra.
Na contextualização da produção artística são levados em consideração todos os aspectos simbólicos, históricos e culturais utilizados pelo autor da obra para a realização de seu trabalho, a fim de compreender a mensagem que o autor pretendia transmitir a todos os apreciadores.
A apreciação da arte
Quando falamos em apreciação artística, estamos falando em saber analisar, compreender e refletir sobre todos os critérios culturais envolvidos na arte, fazendo uso da mobilização das competências advindas das relações formais adquiridas durante a vida. O sujeito durante a apreciação impulsiona seus conhecimentos para compreender e fazer leitura da arte buscando de acordo com seus conhecimentos uma forma de interpretá-la.
Deslumbramento, emoção, criação da arte
Após buscar a contextualização da arte, conhecer a sua história e todos os fatores envolvidos em sua construção, aprimoramos nosso olhar, nosso reflexão perante a obra sabendo apreciar e a compreende-la. Sendo assim o sujeito aprende a compreender as mensagens que uma obra pretende transmitir.
A arte tem o poder de transmitir emoções e questões simbólicas, e quando o sujeito cria a capacidade de apreciar a arte, isso contribui para que saiba também criá-la com o intuito de saber produzir arte e transmitir emoção por meio dela.
Quando o sujeito se torna o autor da criação artística, ele mobiliza diversos conhecimentos e linguagens de natureza simbólica, formal, conceituais e procedimentais para produzir. Todas as etapas percorridas de acordo com a abordagem triangular contribuem para que o sujeito produza a arte utilizando seu lado tanto crítico quanto o sensível.
Leia o livro: Didática do ensino de arte: a língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte
MARTINS, Mirian Celeste Ferreira Dias. Didática do ensino de arte: a língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD,1998.