Skinner na educação: razões da prática

Skinner na educação: razões da práticaPara Matos (1995) Skinner surge na reformulação da filosofia behaviorista, propondo algumas mudanças – o behaviorismo deste autor ficou conhecido com behaviorismo radical. Ainda segundo o autor, na explicação da escolha do termo radical já se pode tirar as principais respostas e desfechos do que Skinner aconselha para essa filosofia. Matos afirma que o termo radical:

Foi empregado em dois sentidos: por negar radicalmente (i.e., negar absolutamente) a existência de algo que escapa ao mundo físico, isto é, que não tenha uma existência identificável no espaço e no tempo (como a mente, a consciência e a cognição); e por radicalmente aceitar (i.e., aceitar integralmente) todos os fenômenos comportamentais. (MATOS, 1995, p. 31)

Pode-se perceber que o behaviorismo radical adota uma postura diferenciada em relação ao que deve ser observado por uma posição behaviorista. Outro ponto de diferença exposto por Skinner é a aceitação da auto-observação – este apenas questiona a fidedignidade dessa informação. Skinner (2006) afirma que uma pessoa pode observar o funcionamento do seu corpo, o que não garante que esteja fazendo uma descrição da fisiologia do mesmo e tampouco que explique a causa do seu comportamento.

Ainda fez parte da obra desse autor a corroboração da importância da busca pela causalidade dos comportamentos e valorizou, ainda mais, o estudo do ambiente. É importante mencionar que Skinner desenvolveu o conceito de Comportamento Operante, hoje é este o cerne principal da Análise do Comportamento.

Este conceito consiste num comportamento voluntário, no qual as consequências determinam a sua probabilidade de ocorrência (SKINNER, 2003). Até o momento abordamos uma linha quase histórica sobre esta corrente na psicologia, pontuando autores e teorias, mas, ainda não chegamos ao ponto educacional. Porém, Skinner (2003) veio a mudar esse panorama, podemos dizer que ele era mais flexível e até mesmo mais humano em relação aos outros, mesmo aplicando o behavior; que parece ser uma ideia quase oposta. É aí que nasce a grandeza da aplicação de seus estudos dentro do contexto escolar. A estrutura que Skinner (2003) desenvolveu, não ignorava o sujeito, pelo contrário, sua teoria mesmo que repleta de métodos não excluía a essência social, ela incluía-se na mesma.

Para Skinner (2003) é a família que atua como agência educacional ao ensinar a criança andar, falar, comer e vestir-se. Se utiliza reforçadores primários, como alimentos disponíveis e também de reforçadores condicionados como atenção, aprovação entre outros desde que o mesmo se adeque e seja um membro útil de acordo com tal cultura que permeia. Ou seja, fora do núcleo familiar também há muitas formas de se receber instruções, de forma casual por membros da comunidade e grupos semelhantes àquelas do controle ético que definem certo ou errado.

Atenção: educar é estabelecer comportamentos que serão vantajosos para o indivíduo em um tempo futuro, isso porque a educação dá ênfase à aquisição do comportamento em lugar de sua manutenção. Skinner (2003 p. 437-438) Teorias da Aprendizagem.

Em consonância com Skinner (2005), pode-se dizer que a aprendizagem está sempre em alternância em relação à viabilidade da resposta, e que devemos distinguir as condições sob as quais ocorre. Também é importante ressaltar que o mesmo autor garante ainda que a execução de um comportamento é essencial, mas não é isso que afirma a existência de uma aprendizagem.

Logo, se faz necessário que se saiba a natureza do comportamento, bem como, entenda-se o seu método de obtenção. Logo, o foco que os estudiosos e pesquisadores devem ter não é nas ações que os sujeitos emitem em si, mas sim as contingências do qual o comportamento é função (SKiNNER, 2005). Tentando explanar e explicar melhor sua ideia, Skinner (1972) expõe que são três as variáveis que integram as chamadas contingências de reforço, sob as quais há aprendizagem:

(1) a ocasião em que o comportamento ocorre;

(2) o próprio comportamento;

(3) as consequências do comportamento.

Ainda, para Skinner (2005), um dos grandes problemas do ensino na contemporaneidade está em criar condições favoráveis para as consequências do comportamento, ainda para que este seja efetivamente reforçado é importante que a consequência esteja associada em um breve tempo com a resposta emitida pelo organismo. A preocupação de Skinner (2005) com um trabalho individual que seja coordenado pelo próprio sujeito mostra que, diferentemente do que se divulga em muitos materiais didáticos, este autor considera a subjetividade de cada indivíduo.

Fica evidenciado, então, que a teoria de Skinner (2005) não só aponta para um trabalho individualizado, como também indica formas de fazê-lo Skinner (2005) ainda considerou o educador como um dos principais elementos para a aprendizagem dos sujeitos. Esta ideia se torna ainda mais explicita quando o autor diz que “ensinar é o ato de facilitar a aprendizagem; quem é ensinado aprende mais rapidamente do que quem não é” (SKINNER, 1972, p. 4). Para o autor o papel que o educador possuí é indispensável para uma aprendizagem eficiente.

FONTE:

Teorias da educação [recurso eletrônico] / Cíntia Moralles Camillo, Liziany Müller Medeiros. – Santa Maria, RS : UFSM, NTE, 2018.

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