Aspectos Emocionais dos Transtornos de Aprendizagem

A aprendizagem ocupa lugar central em nossa vida. O não aprender é visto como um fracasso, uma falha. O sentimento de insuficiência, de não corresponder às expectativas dos pais e professores, aliado à exposição diante dos colegas, reflete na maneira como o indivíduo irá se reconhecer, se relacionar e se comportar (CORDIÉ, 1996; SCORSATO, 2005; SOUZA, 2002). Nós nos reconhecemos a partir do olhar do outro e quando esse reconhecimento vem através de mensagens ou olhares de incapacidade? Quando, mesmo após estudar, se esforçar, se dedicar, não se consegue aprender como os colegas?

Essa é a realidade de muitos alunos com transtornos de aprendizagem, especialmente ao considerar que grande parte desconhece o diagnóstico, sendo considerados preguiçosos e burros. Neste cenário, o processo de aprender pode vir acompanhado de sofrimento e mal-estar, contribuindo para a construção de uma auto-imagem prejudicada, influenciando o entendimento que o sujeito faz de si, bem como, a maneira como se relaciona com outras pessoas em seu convívio social (SOUZA, 2002).

As dificuldades podem minar a crença do indivíduo quanto a sua capacidade e possibilidade de avançar (BRIDI-FILHO; BRIDI, 2016). Após tantas tentativas sem êxito, o aluno pode desacreditar em si e a mensagem, implícita ou explicita, de que ele é incapaz passa a ser considerada como verdade. Essa situação pode ser exemplificada pela tirinha abaixo (Figura 26):

Aspectos Emocionais dos Transtornos de Aprendizagem

As dificuldades de aprendizagem, frequentemente, contribuem para o aparecimento de sintomas de ansiedade, irritabilidade, desinteresse, falta de motivação e baixa auto-estima, refletindo no comportamento do aluno que pode se tornar desafiador, introvertido, indiferente, entre outros.

Neste sentido, aos profissionais e aos professores compete fornecer um espaço que transcenda essa crença de impossibilidade e incapacidade, a fim de possibilitar que o aluno ressignifique sua relação com o aprender e com o espaço escolar. Lembre-se! Um diagnóstico não define quem é o indivíduo. É preciso sim considerá-lo, negar o transtorno é negligenciar o cuidado.

Mas, reduzir o indivíduo a um diagnóstico é tirar-lhe o que mais nos caracteriza como humanos, nossas diferenças. E, acima de tudo, a educação precisa respeitar e aprender com as diferenças. A figura 27 provoca uma reflexão acerca da necessidade de respeitar às diferenças.

Aspectos Emocionais dos Transtornos de Aprendizagem

Título : Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem

Autoras : Josieli Piovesan,  Juliana Cerutti Ottonelli , Jussania  Basso Bordin e Laís Piovesan

Fonte: Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem [recurso eletrônico] / Josieli Piovesan … [et al.]. – 1. ed. – Santa Maria, RS : UFSM, NTE, 2018.

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