Sociologia: Globalização

Sociologia: GlobalizaçãoSaiba a respeito da sociologia: Globalização

Você já parou para observar onde são fabricados os produtos que são consumidos no seu dia-a-dia? Já olhou a etiqueta da sua camiseta ou a sola do seu tênis e viu a procedência de cada um deles? Ou já observou estas lojas que vendem produtos a preços baixos e identificou a origem de cada um?

Já ouviu falar ou já utilizou a Internet? Notou que as comunicações se aceleraram e uma pessoa na sua escola neste instante pode se comunicar com outro estudante de outra escola, em outro continente? Se isto ocorre entre estudantes, pense o que está ocorrendo no mundo dos negócios?

A rapidez da internet parece uma ação meio mágica, além das relações que os indivíduos estabelecem no cotidiano. Veja que a internet imprime uma velocidade à vida cotidiana como se todos fossem ficar com mais tempo livre para o lazer. Será que realmente é assim, no cotidiano das pessoas que trabalham e necessariamente precisam da internet como instrumento de trabalho? Você conhece alguém que aumentou ou que diminuiu a sua jornada em função desta “mágica”? Com ela parece que o mundo ficou menor, ou mais Global?

Por exemplo, já reparou na roupa e nos acessórios que os jovens de outros lugares do mundo usam? Não é da mesma marca que o seu tênis, o seu celular, a sua televisão? No cinema, as estreias são mundiais, o que significa que você e os habitantes de outras regiões do globo podem assistir ao filme em uma curta diferença de tempo.

E o que tudo isto têm haver com você? Você consome produtos, utiliza a internet, vai ao cinema… parece que tem muito!. Mas para entendermos o quanto ela interfere na sua vida vamos entender porque é que ficamos com a impressão de que o mundo ficou menor ou mais global. Para isso vamos começar lendo os trechos das notícias que seguem:

Sociologia: Globalização

Sociologia: Globalização

Com a leitura dos trechos das notícias acima você pôde perceber que existem reuniões entre os representantes dos países ricos, em alguns lugares do mundo e que existem pessoas que são contra elas. Se você leu com atenção observou que essas pessoas se reúnem para protestar contra o G-8., FMI, OMC. São siglas que vão aparecer nos noticiários de jornais e são relativas à globalização. Globalização novamente!

O que isto tem a ver com a sociedade em que vivemos? Bem, vivemos numa sociedade capitalista que está organizada a partir da valorização do capital, isto é, a riqueza que é propriedade do capitalista. Esta é empregada no processo produtivo – novas tecnologias, novas matérias-primas, novas fábricas – e possibilita que um novo acúmulo de riqueza/capital seja gerado.

Este acúmulo ocorre a partir da extração da mais-valia que pode ser absoluta quando o trabalho se estende em jornadas longas ou além da jornada estipulada legalmente, ou relativa que é gerada pela produção de mais produtos via a utilização de novas tecnologias que intensificam a produção.

FIQUE DE OLHO Como é esta riqueza que o capital emprega? Entenda que todo trabalhador para executar suas atividades é contratado por um número X de horas que é a sua jornada de trabalho. Dentro desta jornada o que ele produz paga o seu salário, a matéria-prima, os impostos, água, luz, telefone, transporte da matéria-prima, do objeto produzido e às vezes do próprio trabalhador. Vamos supor que isto ocorra com metade das horas trabalhadas. A outra metade das horas, em que o trabalhador continua trabalhando é o lucro do patrão E isto gera a mais-valia, isto é um valor a mais, que é o lucro do capitalista. Por exemplo, em uma jornada de oito horas, quatro horas trabalhadas todos os dias no mês pagam os custos com a produção; as outras quatro horas em que o trabalhador continua trabalhando é a mais-valia.

O funcionamento desta sociedade em que se produz muitos objetos que serão consumidos não é harmônico. É uma sociedade que tem um desenvolvimento baseado em contradições – problemas que a humanidade ainda não resolveu, como a fome entre as populações carentes em quase todas as regiões do mundo. Estas contradições podem gerar crises para o funcionamento da sociedade. Crise? Você sabe o que é uma crise? Já ouviu alguém dizer que está em crise? Observe que quando a pessoa afirma isso, ela está querendo dizer que existem problemas que precisam de soluções, mas que estão difíceis de serem encontradas. E o que isso tem a ver com os problemas que a sociedade capitalista encontra para funcionar?

Bem, desde os anos 70, o mundo capitalista vive uma crise que tem como estopim o aumento do barril do petróleo estipulado pela Organização dos Produtores e Exportadores de Petróleo – OPEP. Como o petróleo é a forma de energia dominante no capitalismo, tanto que o seu controle pode significar a invasão de países e a morte de seres humanos, o aumento do seu preço traz problemas para os capitalistas, pois encarece tudo o que é produzido, impulsionando a diminuição do lucro dos capitalistas. Esta crise foi caracterizada pelos economistas, geógrafos e sociólogos em geral como uma crise de superprodução.

Uma crise de superprodução ocorre quando o capital empregado não tem retorno para o capitalista, nem como forma de valor (extração da mais-valia), como também de consumo, pois este não acompanha o excesso de oferta de produtos. Isto ocorre quando se produz mais do que se consome, gerando desemprego, o que diminuiu o consumo. Para resolver essa crise, que se aprofundou nos anos de 1973 e 1974 e atingiu todos os países que necessitavam de petróleo para manter a produção de objetos, as soluções foram interessantes para os capitalistas: diminuir o número de trabalhadores, utilizar novas formas de organizar a produção e a utilização de novas tecnologias; diminuir as taxas a serem pagas ao Estado.

Tendo em vista que esta crise, que tem nos anos 70 o seu ápice, impossibilitava que o capitalismo internacional (indústrias, bancos estrangeiros e os organismos internacionais) o FMI e o Banco Mundial mantivessem a sua taxa de lucro semelhante ao pós-guerra (após 1945 quando houve um crescimento da economia), a saída capitalista foi a abertura de mercados, a reestruturação produtiva e a instalação de governos neoliberais. Vamos entender cada um destes itens. Segundo o pensador Robert KURZ (1997), a globalização significou uma perda para os trabalhadores e aquelas pessoas excluídas do mercado de trabalho, seja ele o mercado formal – com a carteira assinada, seja o informal – sem carteira e sem benefícios.

Ela significa não a modernização, mas um aprisionamento do Estado aos interesses das grandes corporações e dos organismos multinacionais. Neste processo, o Estado vai liberando a fronteira econômica do país para que as empresas estrangeiras se instalem com isenção de taxas – água, luz, impostos – e com a adequação de uma infraestrutura que possibilita a chegada de matérias-primas e o escoamento da produção – via estradas, portos e aeroportos. Aliado a isso, há uma abertura de mercado aos produtos estrangeiros, que passam a competir com os produtos nacionais. Neste processo, as pessoas menos favorecidas são prejudicadas, pois o Estado, ao diminuir o investimento em programas e projetos sociais, impossibilita que justamente aqueles que mais precisam tenham acesso aos serviços públicos.

Além da diminuição (veja que estamos destacando uma diminuição e não extinção) do poder do Estado, com o processo de globalização, os blocos econômicos intensificam as tarefas como: a abertura comercial e a possibilidade das empresas globalizadas de utilizarem a mão-de-obra mais barata que possa existir neste conjunto de países regionalmente fronteiriço. É o caso do MERCOSUL, do NAFTA e da proposta da ALCA. (Estas siglas estão definidas no fim do texto).

Os blocos econômicos são reuniões de países que possuem relações econômicas e uma proximidade geográfica – veja o exemplo do MERCOSUL – e se organizam para realizar uma abertura comercial mais intensa das suas fronteiras alfandegárias e sociais. A existência dos Blocos Econômicos foi uma das saídas do capitalismo à crise dos anos 70, e impõem sobre os trabalhadores no mundo, e no caso da ALCA, sobre os trabalhadores de todo o continente americano, a possibilidade de perder direitos trabalhistas com as mudanças neoliberais (ver neste texto sobre Neoliberalismo e Estado).

Essa organização intensifica a circulação de capital – da extração da mais-valia, pois pode se deslocar instalando fábricas nas regiões onde a mão-de-obra é mais barata e com uma organização sindical inexistente ou mais enfraquecida. Essa circulação aumenta a exploração sobre os trabalhadores e a transforma em uma exploração continental.

A globalização cria uma ilusão de que vivemos a era de um progresso sem limites, e esconde assim a sua forma exploratória (o aumento da exploração do trabalho, com as empresas circulando, se instalando e desinstalando sem se preocupar com o ônus social) e destrutiva (ao estabelecer junto com as políticas neoliberais uma forma de retirar dos trabalhadores a seguridade que as leis trabalhistas proporcionam). Em 2002, foi realizado no Brasil um plebiscito sobre a ALCA. Você teve conhecimento do seu resultado? Pesquise em sites relacionados com o movimento social e popular sobre este resultado e reflita sobre o que os brasileiros pensam sobre esta questão.

FIQUE DE OLHO Já leu nos jornais sobre migrantes ilegais tentando entrar nos países buscando melhores condições de vida; isto ocorre com brasileiros e mexicanos tentando entrar nos EUA, com bolivianos tentando entrar no Brasil, chineses e africanos tentando entrar na Europa. Em relação a isso, duas questões são importantes para que possamos pensar: por que não conseguem ficar no seu país? O que ocorre nos países de origem que os impede de ficar e trabalhar, ter família, estudar, ter acesso ao lazer? A outra questão é como estas pessoas são tratadas nestes países em que tentam entrar? Essa situação só tem se agravado com o processo de globalização em que, como diz o pensador citado acima, Robert Kurz, neste processo os trabalhadores, em todos os lugares do mundo, vêm perdendo. Acompanhe as notícias sobre essas migrações e não esqueça que todos somos seres humanos e devemos ser tratados com respeito.

RERERÊNCIAS:

Sociologia / vários autores. – Curitiba: SEED-PR, 2006. – 266 p.