O livro Psicomotricidade: educação e reeducação: níveis maternal e infantil escrito por Meur traz estudos e conceitos da psicomotricidade como caráter de prevenção, reeducação e terapêutica. Além disso, fala a respeito do desenvolvimento do esquema corporal, lateralidade, estruturação espacial, orientação e grafismo.
Este livro é destinado aos educadores que atuam com crianças em idade escolar, contribuindo dessa forma com diversos conceitos sobre a psicomotricidade e dispondo de diversos exercícios para a atuação prática docente em sala de aula.
Psicomotricidade
A psicomotricidade é o estudo que contribui para desenvolvimento da criança no processo de aprendizagem, sendo eles nos aspectos físicos, mental, afetivo-emocional e sócio-cultural. A psicomotricidade estuda o processo de maturidade da criança e as formas de como contribuir para o desenvolvimento psicomotor.
Na pedagogia a psicomotricidade é um estudo muito importante pois por meio dele o educador compreende como ocorre o desenvolvimento motor e assim dessa forma propor atividades que contribuam para o desenvolvimento da criança.
O Desenvolvimento psicomotor se refere às partes do cérebro que governam as relações com os movimentos dos músculos. O movimento ele ocorre de acordo com o desenvolvimento da maturidade biológica e por meio da interação social do sujeito com o meio em que vive.
No ambiente escolar o professor deve ter um olhar reflexivo perante as práticas pedagógicas propondo assim dessa forma possibilitando às crianças atividades desafiadores que proporcionem a aprendizagem e o desenvolvimento de suas habilidades tais como:
Esquema corporal
O que é esquema corporal?
O esquema corporal se trata da consciência que a criança tem de si em relação ao seu corpo. Conforme a criança vai atingindo sua maturação (crescendo), aos poucos vai descobrindo as partes do corpo e adquirindo consciência do espaço que ocupa.
De 0 a 2 meses, a criança realiza movimentos descontrolados de acordo suas necessidades, como sono, fome ou algum tipo de incômodo. De 2 meses a 3 anos, a criança age se expressando por meio de movimentos ainda mal controlados para expressar suas emoções. A partir desses movimentos, ela vai criando consciência das partes de seu corpo.
De 3 a 6 anos, a criança percebe que o seu corpo é uma forma e um meio no qual ela interage consigo, com os outros e o meio ambiente. De 7 a 12 anos, a criança já tem consciência do seu corpo e consegue utiliza-lo para realizar objetivos.
Complicações envolvendo o esquema corporal
De acordo com Meur os impasses motores e intelectuais, muitas vezes se tratam de defasagem relacionadas com fatores de origem afetiva. Quando a criança não reconhece seu corpo, ela apresenta dificuldades em estabelecer relação entre as diferentes partes de seu corpo.
A falta de reconhecimento corporal também compromete sua locomoção em meio aos espaços e à capacidade de relacionar suas coordenadas como por exemplo: linhas horizontais e verticais, em cima, embaixo dentre outros.
Atividades que ajudam no desenvolvimento do esquema corporal
Colocar as crianças enfrente ao espelho é uma ótima atividade para que elas se visualizem. Propor atividades como música em que as partes do corpo sejam nomeadas em frente ao espelho proporciona à criança refletir sobre seu corpo adquirindo dessa forma autonomia.
O uso de bonecas também é uma ótima opção, pois permite a criança construir a imagem da figura humana, e os membros existentes do corpo humano.
Lateralidade
A lateralidade é a preferência de um dos lados do corpo, ou seja; um dos lados do corpo se manifestará com mais agilidade, força e primor em relação ao outro. Os bebês realizam movimentos simétricos, ou seja, pegam objetos com as duas mãos juntas, ou movem as duas pernas.
Costumam a usar a mão esquerda para pegar o que está do lado esquerdo e da mesma forma o lado direito se o objeto estiver do lado direito. Por volta de 2 a 3 anos a criança começa a transpassar a linha média do corpo, ou seja, usa a mão de forma natural e a leva até o outro lado do corpo para pegar o objeto de seu interesse.
Como acontece o desenvolvimento da lateralidade?
Quando a criança quando pequena, não possui conhecimento de que seu corpo tem dois lados. Aos poucos a criança vai descobrindo, conforme usa seus pés para chutar, andar, pegar objetos, pegar no lápis para escrever, pintar e etc, Todos essas realizações levam à criança a perceber e reconhecer que seu corpo tem dois lados.
Por volta dos 4 anos, a criança cria a consciência de que possui um braço de cada lado; uma perna de cada lado; e assim por diante. Enfim por volta dos 6 a 7 anos a criança tem consciência e reconhece os lados, e qual deles é o dominante.
Como descobrimos a lateralidade nas crianças?
Por meio de brincadeiras e atividades que requeiram levar uma bola com o pé ou chuta-la, lançar uma bola com as mãos, pintar ou recortar um papel dentre outros.
Segundo De Meur Staes (1991, p.13) “o conhecimento estável da esquerda e da direita só é possível aos cinco ou seis anos e a reversibilidade (possibilidade de reconhecer a mão direita ou esquerda de uma pessoa a sua frente) não pode ser abordada antes dos seis anos, seis anos e meio”.
Quando a criança adquire o domínio da lateralidade, ela consequentemente irá aprender os movimentos para expressar suas grafias. Com isso evoluindo e construindo sua reprodução na escrita e dando início à criação da escrita como fundamentos necessários para à aprendizagem da escrita.
Estruturação espacial
O que é percepção e orientação espacial?
É a habilidade que a criança tem em reconhecer e interagir nos espaços. A percepção e orientação espacial não é algo inato, ou seja, algo que o sujeito já nasce, essa capacidade vai se desenvolvendo de acordo com sua maturidade e a interação com o meio ambiente em que ela está inserida.
Como se inicia a exploração do espaço durante a infância?
Isso ocorre a partir do momento em que a criança foca sua visão em algum objeto e tenta pegá-lo. De acordo com suas capacidades de mobilidade e sua maturidade física, se direciona para os objetos e locais que mais chamam a sua atenção.
De Meur & Staes (1991, p.13) “portanto a estruturação espacial é parte integrante de nossa vida; alias é difícil dissociar os três elementos fundamentais da psicomotricidade: corpo-espaço-tempo […]”.
Todo esse processo de se dirigir rastejando ou andando até o objeto até conseguir pegar é algo muito importante no desenvolvimento infantil. Todos esses fatores permitem à criança desenvolver a lateralidade ao pegar o objeto e ao se locomover em meio aos espaços.
Assim sendo, de forma gradual a criança desenvolve sua imagem corporal e dessa forma, a criança constrói a noção de espaço, a partir de si mesma, e dos movimentos que ela realiza no espaço.
Orientação temporal
A orientação temporal possui características semelhantes perante a estruturação espacial. Trabalhar as questões de tempo com as crianças não é uma tarefa considera fácil, pois as mesmas tem dificuldade em diferenciar:
O tempo longo e curto,
Ritmo rápido e lento,
Sucessão de acontecimentos como antes, durante, depois,
A renovação cíclica de alguns períodos como, por exemplo, dias da semana, meses e estações do ano.
As crianças quando pequenas costumam a lidar com o presente sem ter consciência do tempo. A estrutura temporal da criança não é algo inato, ou seja, a orientação temporal ocorre por meio do ritmo e a interação com o meio e a maturidade do sujeito.
O desenvolvimento da estruturação temporal é um fator muito importante, pois por meio dele a criança irá exercer competência durante a fase escolar sabendo lidar com a construção de palavras de forma contínua.
Grafismo
De acordo com Meur a aprendizagem está ligada aos elementos desenvolvidos na psicomotricidade, ou seja, a coordenação motora, a lateralidade, o esquema corporal e a estruturação espacial, são fatores importantes do desenvolvimento da criança em relação ao conhecimento e sua escrita.
Ainda segundo Meur, o professor tem um papel muito importante na educação infantil. A construção do conhecimento da criança durante esta fase é formada e constituída por meio da exploração do meio e a interação realizada em meio às atividades.
Sendo assim, quanto mais o professor proporcionar o engajamento da criança favorecendo seu desenvolvimento, mais ela irá se desenvolver. É importante salientar que devemos respeitar as fases do desenvolvimento da criança, tendo consciência de que a criança passa por etapas.
A princípio a educação psicomotora fixou suas ideias no desenvolvimento das habilidades motoras. Logo depois ela foi além; sua preocupação passou também serem as questões de atrasos motores e mentais da criança, partindo por fim para a ligação do corpo, mente e afetividade.
A escrita presume a necessidade de direção gráfica, ou seja, ao escrevemos de acordo com a forma convencional, iniciamos na horizontal e da esquerda para a direita. Assim sendo, compreende-se que a prática de exercícios durante a pré-escrita e de grafismo são inevitáveis para a compreensão e conhecimento das letras.
Quando a criança pratica atividades motores (grafismos), o mesmo contribui para a escrita tanto na lousa quanto no papel. A expressão espontânea da criança frente à grafia lhe permite acrescentar expressões diversificadas de sua visão a respeito do mundo. Com isso ela aperfeiçoa o seu aprendizado se preparando para o futuro de uma escrita bem sucedida
Leia o livro: Psicomotricidade: educação e reeducação: níveis maternal e infantil
MEUR, A. de. Psicomotricidade: educação e reeducação: níveis maternal e infantil. São Paulo: Manole, 1991.