Saiba tudo sobre as grandes polêmicas da psicologia:
Podemos dizer que uma das grandes polêmicas da psicologia é tentar defini-la. A forma de abordar o objeto da psicologia depende da concepção de homem adotada por cada estudioso da psicologia. Podemos dizer também que atualmente existem diferentes escolas psicológicas que acabam formulando um conhecimento fragmentário de uma única e mesma totalidade que é o ser humano. Isso ocorre tanto no que diz respeito aos seus aspectos internos, como aos sentimentos e desejos, quanto às suas manifestações comportamentais.
A superação desse problema da fragmentação está na busca de uma visão crítica de ciência que leve a uma psicologia que conceba o homem como ser concreto e multideterminado. Algumas dessas escolas consideram a psicologia pertencente ao campo das ciências do comportamento, outras das ciências sociais e, ainda, outras das ciências biológicas.
Essas diferenças entre as escolas nos remetem ao problema da relação entre o biológico e o social no ser humano, que é um reflexo da concepção dualista do homem. O homem é visto na sua formação puramente biológica ou na sua formação social. A dificuldade está em concebermos as coisas na sua unidade.
Existe uma lógica que nos é ensina – da de que as coisas são ou não são. Mas existe uma outra maneira de entendermos o mundo que é vendo-o como sendo e não sendo ao mesmo tempo. Essa outra forma de entender o mundo é chamada de dial ética, a qual permite a construção de um conhecimento que dê conta da realidade em toda a sua complexidade, com seus elementos contraditórios e em suas permanentes transformações.
Quando separamos, dividimos o homem, chega-se, em muitos casos, a tentativas de interpretações biológicas de fenômenos sociais, sem levar em consideração que esses fenômenos têm uma história antiga e pode-se chegar a conclusões sociais e políticas de caráter reacionário.
O organismo humano nasce, forma-se e desenvolve-se segundo leis biológicas socialmente modificadas. Portanto, o homem deve ser estudado de forma mais abrangente tendo se em vista todos os campos do conhecimento, por exemplo: a história, a antropologia, a economia etc.
Devemos, então, ficar atentos aos diferentes saberes para podermos entender nosso objeto de estudo, o homem, que como toda realidade está em permanente movimento e em transformação. E sempre novas perguntas surgirão a cada dia, colocando novos desafios para a psicologia. E como diz o ditado: “Mente é como paraquedas: melhor aberta”.
Desde seu nascimento como ciência, a psicologia sofre a influência de diferentes campos do conhecimento. As três mais importantes tendências teóricas consideradas por muitos autores, na psicologia, são: o Behaviorismo (comportamentalismo), às vezes conhecida como a psicologia “dos ratinhos” por causa dos estudos feitos em laboratórios com esses animais; a Gestalt que nasce com a preocupação de se compreender o homem como uma totalidade; e a Psicanálise, talvez a mais difundida no senso comum por causa das ideias de Sigmund Freud, principalmente às relacionadas à teoria da sexualidade infantil.
Essas são as teorias mais reconhecidas no ocidente. Mas nos anos de 1920, sob o regime da ex-União Soviética, nos países do leste europeu, nascia também uma psicologia que buscava compreender o homem na sua totalidade que foi conhecida como teoria sócio-histórica. Essa teoria, fundamentada no marxismo só ganhou importância no ocidente nos anos 1970 e no Brasil apenas nos anos 1980.
O principal representante dessa teoria foi o russo Lev Vigotski que buscou estudar o homem e seu mundo psíquico como uma construção histórica e social da humanidade. Para ele, o mundo psíquico que temos hoje não foi nem será sempre assim, pois sua caracterização está diretamente ligada ao mundo material e às formas de vida que os homens vão construindo no decorrer da história da humanidade.
Além de Vigotski, outros psicólogos também se valeram das ideias de Marx para pensar a psicologia. Um deles foi o francês Henri Wallon que por defender essas mesmas ideias foi pouco difundido aqui no Brasil. Nesse curso, iremos trabalhar principalmente com as teorias de Vigotski e de Wallon por considerarmos os mais importantes entre os que marcaram as origens da psicologia moderna.
A grande contribuição deles está no fato de terem fundado uma psicologia científica, assegurando uma conexão com outras disciplinas, em um contexto de interdisciplinaridade. Suas teorias permitem que o homem moderno possa compreender a si mesmo, a partir da imagem de sua própria infância, pois suas concepções teóricas levam ao conhecimento da criança e do adulto, sendo o conhecimento do segundo adquirido por meio do conhecimento da criança.
Com essas teorias podemos concluir que:
- As relações entre o homem e o meio em que ele vive estão sempre se enriquecendo pelo fato de o meio não ser constante.
- Ao transformar suas condições de vida, o homem transforma-se a si próprio.
- A saída para o impasse da dualidade entre o ser biológico e o social é o método materialista dialético.
- O homem é um ser biológico, psicológico e social que se desenvolve na natureza.
- A dialética dá à psicologia o seu equilíbrio e a sua significação ao mostrar simultaneamente ser uma ciência da natureza e uma ciência do homem.
Título : Relações Interpessoais: abordagem psicológica
Autor : Regina Lúcia Sucupira Pedroza
Fonte Domínio Público: Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Relações interpessoais : abordagem psicológica / [Regina Lúcia Sucupira Pedroza]. – Brasília : Universidade de Brasília, Centro de Educação a Distância, 2006.