Estágios em Psicologia do Desenvolvimento

Ciclo da Vida: Infância, Adolescência, Adulto e Velhice como Construções Culturais

O conceito de estágio ou etapa tem as suas origens nas noções de idade, de era, de época, de período que são usadas pela humanidade há muitos anos e se conservam até hoje. Encontramos essas divisões quando falamos da formação do universo ou simplesmente quando dividimos o tempo em dias, meses, estações do ano, anos, séculos etc, ou mesmo quando nos referimos ao tempo de plantio, de colheita.

Todas essas classificações são criadas pela constância observada nas mudanças e na evolução dos seres e das coisas. Só bem mais tarde é que aparece a aplicação da noção de idade aos diferentes momentos da vida de um indivíduo e está ligada aos domínios da educação, da transmissão das técnicas e da cultura social para as novas gerações.

É fácil constatarmos que cada homem nasce, se desenvolve durante um certo tempo, estabiliza e depois declina e morre. Da mesma maneira, verificamos isso no nascimento e na morte de outros seres vivos e sobre todo tipo de transformações na natureza, por exemplo, as plantas.

No entanto, esse ciclo de vida no homem, como visto anteriormente, não se dá numa mesma forma linear e contínua. A divisão em etapas diferentes está certamente ligada às necessidades educativas daquilo que devemos aprender para melhor nos adaptarmos à vida. Também encontramos divisões de etapas na história, na geologia e na sociologia, por exemplo.

Estágios em Psicologia do DesenvolvimentoTemos com Karl Marx a descrição dos estágios da evolução da sociedade, cujas formas sucessivas são caracterizadas cada uma por um modo específico de produção: modo antigo, modo escravagista, modo feudal, modo capitalista e modo socialista.

A noção de estágio ou de etapa apresenta uma utilização muito ampla, aplicando-se a domínios numerosos e diferentes. O que existe de comum entre eles é que todos representam os fenômenos que mudam, que se transformam e que se desenvolvem. A noção de estágio está ligada à do “devir”, ou seja, ao que vai vir a ser.

A psicologia da criança, que se desenvolveu sob a influência das ideias da evolução, não escapou dos debates entre a continuidade ou descontinuidade do desenvolvimento e também divide esse desenvolvimento em estágios como vamos ver mais adiante. Como vimos anteriormente, a aprendizagem é um processo que está interligado com o de desenvolvimento da pessoa.

Sendo assim, a educação na escola deve proporcionar ao aluno experiências pessoais que promovam o seu desenvolvimento intelectual. A tarefa do educador é, pois, de orientar, de regular e de organizar o meio social educativo, ou seja, ele deve atuar em todos os ambientes da escola como um facilitador da sua própria interação com os alunos e das relações que se estabelecem entre eles. Com certeza você já faz isso no seu dia-a-dia quando busca conhecer um aluno e o ajuda no espaço da escola.

PODEMOS USAR COMO EXEMPLO A SEGUINTE SITUAÇÃO:

Estágios em Psicologia do Desenvolvimento

Após conversar com os dois, e cada um dizia que era culpa do outro, D. Joana, tranquilamente apenas disse que não queria saber de quem era a culpa. Se os dois estavam brigando, então os dois tinham de parar. Os meninos pararam e cada um foi para o seu lado. Vamos pensar um pouco sobre o que aconteceu. O que D.

Joana fez foi criar um espaço de conversa, tranquilo sem provocar mais ainda o conflito entre os meninos de modo que eles pudessem se acalmar e ver que os dois tinham de parar de brigar, sem culpar nenhum dos dois. Talvez você já tenha passado muitas vezes por uma situação como essa e resolveu a situação mesmo sem ter tido antes nenhum conhecimento de alguma teoria de psicologia.

Poderíamos dizer que D. Joana fez o que algumas teorias propõem que é resolver os conflitos a partir do diálogo, nesse caso, mesmo sem conhecer a teoria. Muito tem sido exigido dos educadores e poucos têm sido os recursos fornecidos para que possam, efetivamente, desenvolver tudo que é pedido. Muitas vezes, espera-se que os funcionários que eles cumpram com todos os seus serviços da melhor maneira possível sem serem dadas as condições necessárias para tal.

Sendo assim, espero que o que estamos dizendo aqui, possa, entre outras coisas, possibilitar um conhecimento sobre como se dá o processo de desenvolvimento humano para que você possa se relacionar melhor com os alunos e com os colegas de trabalho. Como vimos antes, existem várias teorias do desenvolvimento na psicologia. Possivelmente, você já ouviu falar de Freud e Piaget. Esses, sem dúvida, são os teóricos mais conhecidos da psicologia do desenvolvimento.

A Psicanálise de Freud

Estágios em Psicologia do DesenvolvimentoSigmund Freud é mais conhecido pela sua teoria do desenvolvimento da sexualidade. Muitas são as pessoas que dizem que para ele tudo “é sexo”. Mas, não é isso. A grande contribuição da psicanálise, a teoria dele, é mostrar que o homem tem um desenvolvimento sexual ao longo da sua vida que é determinado pela cultura em que está inserido. Para Freud, a sexualidade no homem não é apenas dada pelo desenvolvimento biológico, mas é formada, principalmente, por uma energia que ele chamou de libido, que é motor de busca de satisfação de nossos desejos.

O que foi bastante revolucionário na sua teoria, foi o fato de ter mostrado que o impulso sexual já se manifesta no bebê e tende a uma definição de escolha da atividade sexual no adulto. Em um dos seus escritos mais importante, Três ensaios sobre a sexualidade (1905), Freud descreveu a sequência típica das manifestações do impulso sexual, distinguindo cinco fases do seu desenvolvimento: oral, anal, fálica, latência e genital.

Poderíamos apontar muitas outras contribuições da psicanálise, mas talvez o que nos interessa no momento é sabermos que não temos conhecimento total da nossa consciência, pois ela se encontra dividida em: consciente, pré-consciente e inconsciente. Isso significa que todos nossos atos, mesmo aqueles aparentemente praticados por acaso, estão relacionados a uma série de causas, das quais nem sempre temos consciência. Foi Freud que tentou explicar porque dizemos coisas que não queríamos dizer.

A Teoria de Piaget

Estágios em Psicologia do DesenvolvimentoJean Piaget é outro dos teóricos de muita relevância no cenário da Psicologia do desenvolvimento. Seus trabalhos são reconhecidos no mundo todo e sua contribuição para educação é considerada como essencial. A partir dos estudos com crianças, principalmente observando sistematicamente o comportamento dos seus filhos, ele elaborou uma teoria que revolucionou a compreensão do desenvolvimento intelectual.

Sua teoria explica o desenvolvimento mental do ser humano no campo do pensa – mento, da linguagem e da afetividade. Na sua proposta teórica, o desenvolvimento cognitivo é explicado numa sucessão dos seguintes est ágios: sensório motor (0 a 2 anos); pré-operacional (2 a 6 anos); operações concretas (7 a 11 anos); operações formais (12 anos em diante). Essas idades atribuídas aos est ágios não são rígidas, podendo haver grande variação individual.

Piaget também contribuiu com uma sistematização do desenvolvimento da moral e sua busca pelo entendimento do porque as pessoas davam respostas “aparentemente erradas”, levou-o a questionar os testes de inteligência que eram aplicados na época. A partir desses questionamentos concluiu que as crianças não pensam de modo algum como os adultos.

Seu método de investigação era a entrevista em forma de perguntas do tipo: Por que chove? O que faz o sol brilhar? Quando alguém chuta uma bola, a bola sente dor? Depois, ele analisava as respostas das crianças, não para avaliar se estavam certas, mas para entender como elas encontravam soluções para as perguntas.

A Teoria de Wallon

Além de Freud e Piaget, Wallon apresenta uma visão do desenvolvimento que é muito importante para a compreensão do ser humano. Nós vamos estudá-la mais detalhada – mente para entendermos o processo de formação da pessoa por achar que ele nos proporciona uma visão do ser humano mais completa, que abrange os aspectos cognitivos, afetivos e sócio-históricos da constituição do indivíduo. Segundo Wallon, a criança e o adulto formam uma unidade indissolúvel.

Isso porque, o desenvolvimento da criança se dá em direção à vida adulta. É preciso ver a pessoa em uma perspectiva que contemple o passado, o presente e o futuro. O problema é que nos acostumamos a pensar as coisas como se elas fossem pré-determinadas e que não mudassem. “Pau que nasce torto, morre torto”. Se aceitarmos esse dito, não dever íamos nem falar em educação, pois não levaria a nada educar alguém. Não é mesmo?

Eu acredito na possibilidade da mudança mesmo que ela seja muito difícil de conquistar. Wallon nos mostra a necessidade de concebermos o desenvolvimento como um processo de evolução dinâmica, sempre em movimento e sofrendo mudanças não só quantitativas, mas, qualitativas a partir de uma base material, ou seja, do orgânico. Esse desenvolvimento se dá em etapas cada qual com suas características específicas.

Período da vida intra-uterina

Wallon começa a descrever as etapas do desenvolvimento mostrando a importância do período da vida intra-uterina. Nesse período, a criança encontra-se em uma total dependência biológica do organismo materno, mas já se faz presente no meio social por meio dos seus movimentos. Você que já teve neném, que já acompanhou a gravidez de alguém, com certeza já curtiu sentir “as mexidas” da barriga da mulher grávida.

Estágio impulsivo

E o que ocorre depois do nascimento? Com o nascimento, surge uma nova fase, na qual a criança já depende de si própria em relação à respiração e à capacidade de auto-regulação da temperatura do seu organismo. No restante, sua de – pendência com o meio, especialmente com a mãe, é de total exigência de atenção.

A importância dessa atenção se refere tanto ao desenvolvi – mento psíquico como físico. A sua falta pode acarretar danos às funções orgânicas, podendo mesmo chegar a definhar fisicamente. O bebê humano necessita de um outro até para mudar de posição. Às vezes, ele chora porque está muito tempo em uma mesma posição, podendo ter câimbra. É por isso que Wallon diz que o ser humano é desde sempre social, pois sem um outro que o alimente e o embale, ele não sobrevive.

É o período das necessidades alimentares e posturais, da mudança de posição e de ser transportada ou embalada. Muitas vezes a criança precisa apenas de estar no colo para sentir a presença do outro e se acalmar.

Estágios em Psicologia do DesenvolvimentoNessa fase, a satisfação das suas necessidades não é automática, o que faz com que a criança comece a conhecer os sofrimentos da espera ou da privação, levando-a a ter reações de espasmos e gritos, com gestos explosivos de simples descargas musculares.

As reações do recém-nascido geram interpretações dos adultos, na tentativa de decifrar suas necessidades expressas em cada tipo de grito. Os primeiros gestos são manifestações da emoção e constituem-se na primeira linguagem do homem. O adulto à sua volta tenta decifrar as expressões do bebê e estabelece uma comunicação que permite o início nos significados do adulto. É só lembrar de uma criança com fome. Ela grita e esperneia sem que ninguém consiga fazê-la parar de berrar.

Estágio emocional

Por volta dos seis meses, a criança já é capaz de manifestar uma grande quantidade de expressões emocionais, tais como a raiva, a dor, a tristeza e a alegria. Durante esses dois est ágios, a criança depende muito dos outros em sua volta. Não apenas para alimentá-la, mas para desenvolvê-la emocionalmente. Daí a importância de começar desde o nascimento a conversar com a criança, pois é por meio da linguagem que ela vai se apropriando da cultura em que está inserida.

Estágio sensório-motor

Do primeiro ano de vida ao começo do segundo, a criança procura explorar o mundo a seu redor. Agora as atividades dominantes são a marcha e a fala, que libertam a criança de numerosas dependências ou limitações. A partir daí começam os conflitos entre os adultos e as crianças. Elas não têm ideia dos perigos, mas precisam explorar e conhecer o que está em sua volta. É o princípio da aprendizagem e do desenvolvimento das capacidades intelectuais É preciso permitir à criança que ela vá descobrindo por ela mesma as coisas ao seu redor.

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Período do personalismo

Por volta dos três anos, surge a etapa em que a criança passa a ser o foco principal. É como se ela se voltasse para o seu interior e começasse a tomar consciência de si mesma. A criança demonstra a necessidade de se afirmar, de conquistar a autonomia, o que leva ao surgimento de muitos conflitos com ela mesma e com os adultos que cuidam dela. Ela se confronta e se opõe às pessoas sem motivo aparente, mas com o propósito de provar sua independência e existência.

É o famoso período em que a criança diz “não” para tudo, mudando de opinião sem explicação. É um período difícil que é sucedido por um outro mais positivo, de encanto. É a idade da graça, mas também de muita timidez e inibição; é quando a criança tem prazer em se exibir diante dos adultos, mas é tomada repentinamente por uma vergonha que a imobiliza.

O conflito às vezes acaba por imobilizar a criança, então o único recurso que resta é chorar. Por fim, apresenta-se um novo confronto com as outras pessoas, com uma nova forma de participação e de oposição. Já não se trata apenas de reivindicação de ser diferente, mas sim de um esforço de substituição pessoal por imitação de um papel, de uma personagem, ou de alguém preferido ou invejado.

Estágios em Psicologia do DesenvolvimentoA imitação permite a identificação de um modelo e não significa que a criança já esteja fazendo escolhas para sua vida adulta. É importante que o adulto possibilite essa identificação que muitas vezes aparece como um jogo simbólico. É quando a criança se veste com uma fantasia de super-herói e se acha o mais valente de todos.

 Parece até que a brincadeira preferida é a de “agora eu sou …” em que tudo é possível! Mesmo lutando pela sua independência, a criança continua ainda neste período, numa profunda dependência do seu meio familiar, mantendo-se assim até à idade de entrar na escola, no ensino fundamental.

Período da puberdade e adolescência

Neste período que vai dos seis aos doze anos, a criança se volta outra vez para as coisas em volta dela. A escola, neste período, desempenha um importante papel na vida psíquica da criança, alargando suas relações pessoais e sua capacidade intelectual. No entanto, isso se dá de forma lenta e difícil. Diante de tarefas propostas pelo professor, na maioria dos casos, impostas, sem utilidade aparente, a criança reage chegando às vezes a uma “verdadeira sonolência intelectual” demonstrando um falso desinteresse pelas coisas.

Estágios em Psicologia do DesenvolvimentoPor isso é importante o adulto tentar conhecer como a criança pensa e que relações ela faz ao pensar em determinado assunto, para fazer com que ela se interesse pela tarefa da escola. O equilíbrio é rompido nessa fase de maneira mais ou menos repentina e violenta, a pessoa encontra-se em uma cri – se que pode ser comparada à dos três anos.

A diferença é que, neste momento, as outras pessoas são menos importantes para o adolescente e as exigências de sua personalidade, agora em primeiro plano, entram em conflito com os costumes, hábitos de vida e relações da sociedade. O retorno da atenção sobre ele próprio causa, no adolescente, as mesmas alternâncias de graça e de embaraço dos três anos.

Período da fase adulta

Finalmente surge a fase adulta em que aparentemente a pessoa atinge um equilíbrio entre as alternâncias de se voltar para o seu interior e o interesse pelo intelectual. Nesse momento, o adulto continua se desenvolvendo emocional e intelectualmente.

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Título : Relações Interpessoais: abordagem psicológica

Autor : Regina Lúcia Sucupira Pedroza

Fonte Domínio Público: Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Relações interpessoais : abordagem psicológica / [Regina Lúcia Sucupira Pedroza]. – Brasília : Universidade de Brasília, Centro de Educação a Distância, 2006.

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