Mesmo antes de estarem alfabetizados, ou seja, de poderem produzir textos de forma autônoma, os alunos podem produzir textos na modalidade oral. Nessas situações devem pensar sobre as propriedades do sistema de escrita e ter o apoio do professor, que é o escriba, para organizar o texto do ponto de vista da sintaxe e do léxico mais adequados.
Em geral, atividades desse tipo envolvem estruturas textuais mais simples (tais como listas, etiquetas ou títulos) ou textos cujo conteúdo foi previamente memorizado (parlendas, quadrinhas, poemas, legendas etc.) e, por conseguinte, não exigem que se pense na linguagem. As atividades voltadas para esse objetivo podem envolver a leitura ou a escrita, mas é importante manter um equilíbrio entre as duas modalidades.
ESCRITA
As atividades envolvendo a escrita antes que a criança saiba escrever convencionalmente devem contemplar as seguintes condições didáticas:
- Adequação dos textos – A escolha dos textos é importante quando o objetivo pretendido é fazer os alunos escreverem para aprender o sistema de escrita alfabética. O texto deve permitir que os alunos concentrem sua atenção em quais são as letras e quantas precisam utilizar para produzir, por exemplo, listas, legendas, manchetes, quadrinhas, parlendas, cantigas etc.
- Textos memorizados – Nas situações de escrita de cantigas, parlendas, quadrinhas etc., se os alunos já souberem o texto de memória, poderão dedicar sua atenção às questões de escrita. Saber um texto de memória não significa saber sua forma escrita (letra por letra), mas ser capaz de recuperá-lo oralmente. Em suas brincadeiras, as crianças recitam quadrinhas, poemas, trava-línguas etc., ou seja, memorizam o texto pelo uso que fazem dele em situações significativas.
LEITURA
As atividades que envolvem o aprendizado da leitura são similares às voltadas para a escrita, com algumas condições didáticas peculiares:
- Adequação dos textos – Como ocorre no caso das atividades de escrita, é interessante que os textos propostos não envolvam estruturas muito elaboradas.
- Informações prévias – Além do conhecimento das letras, as crianças precisam ter outras informações sobre o texto que devem ler, para que possam realizar antecipações. Se você pedir para lerem uma lista, por exemplo, elas devem saber previamente qual foi o critério utilizado para agrupar as palavras; elas podem prever o que encontrarão em uma lista de nomes de frutas, de nomes próprios ou de animais, mas não saberão o que incluir numa lista de palavras que comecem com a letra P.
- Conhecimento do conteúdo – Para as crianças que ainda não sabem ler, as atividades de leitura costumam envolver a localização de palavras: elas precisam procurar uma palavra em especial, misturada a diversas outras em um texto. Dito de outra forma: ainda não conseguem responder à pergunta “o que está escrito aqui?”, mas podem responder à pergunta “onde está escrita tal palavra?”. Para enfrentar esse desafio, o aluno contará com informações oferecidas previamente: sabe que se trata de uma lista de frutas na qual, em algum lugar, está escrito ABACAXI; e conta com seu conhecimento das letras para saber que ABACAXI começa com A, termina com I, tem X etc. Em outra atividade, de leitura de um texto memorizado, o desafio está em encontrar a correspondência entre o que está escrito e o que se fala.
ALUNOS ALFABÉTICOS, OUTROS NEM TANTO
Ao longo do processo de alfabetizacão, é importante considerar o maior ou menor domínio dos alunos com relação à escrita alfabética e planejar seu trabalho com base nessa diversidade. Para tanto, analisar as avaliações diagnósticas sobre as hipóteses de escrita dos alunos, bem como outros instrumentos de acompanhamento das aprendizagens, é imprescindível para determinar os saberes dos alunos. Afinal, é certo que, desde o início do ano letivo, você se depare com alunos em diferentes níveis de conhecimento sobre o sistema de escrita.
Do ponto de vista do encaminhamento do trabalho, é fundamental planejar atividades que atendam às diversas necessidades da turma e contemplem objetivos de aprendizagem distintos. No entanto, também é fundamental incentivar o intercâmbio entre os alunos com escrita alfabética e não alfabética, já que, dessa forma, o processo de aprendizagem de ambos poderá beneficiar-se com essa troca de experiências. Você pode prever situações de planejamento, produção e revisão de textos nas quais esses alunos alternem, por exemplo, os papéis de organizador das ideias, escriba e revisor.
Fonte:
Educa juntos : língua portuguesa / Secretaria de Estado da Educação e do Esporte. – Curitiba : SEED – PR, 2021. – 286 p. Caderno de orientações didáticas para o professor ; segundo ano).