Relação família e escola

Relação família e escolaComo se dá a interação entre a escola e a família? Quais os desafios que permeiam essa interação? Qual a importância da relação familiar no desenvolvimento intelectual do aluno no ambiente escolar?

A família constitui-se como a primeira instituição em que o sujeito encontra um espaço natural para o seu desenvolvimento. A noção de família tem se modificado no decorrer dos anos e a cada período histórico.

Até um tempo atrás – não faz muito – o modelo de família consistia em pai – mãe – prole. Esse modelo de estrutura familiar era considerado ideal pelo modo dominante de pensar na sociedade e, por isso, bastante usado para classificar todos os outros como desestruturados, desorganizados e problemáticos (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008, p. 236).

Atualmente, existem configurações familiares distintas, que se assemelham por sua função social. Os autores supracitados afirmam que o grupo familiar possui como uma de suas funções, determinada a partir das necessidades sociais, o dever de prover seus membros para que estes possam exercer atividades produtivas, além do dever de educá-los para que tenham uma moral e valores em consonância com a cultura a qual pertencem.

Oliveira (2002) compreende a função familiar como a de educar moralmente, ou seja, de transmitir valores e costumes de determinadas épocas. A educação primária, constituída pelo modelo de papéis apresentados à criança e o desempenho de seus papéis sociais, é de responsabilidade familiar, uma vez que a família tem a função de orientar o desenvolvimento e a aquisição de comportamentos adequados dentro de alguns padrões sociais de determinada cultura.

Sobre a família, Polonia e Dessen (2005, p. 304) afirmam que “um dos seus papéis principais é a socialização da criança, isto é, sua inclusão no mundo cultural mediante o ensino da língua materna, dos símbolos e regras de convivência em grupo, englobando a educação geral e parte da formal, em colaboração com a escola”.

À escola compete a função de socialização do saber sistematizado, do conhecimento já elaborado pela criança e da cultura erudita. Saviani (2005) compreende que a escola está relacionada com a ciência e não com o senso comum, contribuindo para a aquisição de instrumentos que possibilitem o saber elaborado e as bases desse saber.

Assim, família e escola não podem ser vistas como instituições independentes, embora possuam objetivos distintos. Tais instituições se interpenetram e compartilham a função de preparar crianças e jovens para a sua inserção e participação na sociedade.

Ambas são responsáveis pela transmissão e construção do conhecimento culturalmente organizado, modificando as formas de funcionamento psicológico, de acordo com as expectativas de cada ambiente. Portanto, a família e a escola emergem como duas instituições fundamentais para desencadear os processos evolutivos das pessoas, atuando como propulsoras ou inibidoras do seu crescimento físico, intelectual, emocional e social. (DESSEN; POLONIA, 2007, p. 22).

Ao considerar que família e escola compartilham funções, fica evidente a necessidade destas instituições manterem relações próximas. A comunicação pais e/ ou responsáveis e professores é fundamental. Estreitar os laços é peça chave para o processo de aprendizagem do aluno.

Todavia, apesar de se reconhecer a importância dos pais na escolarização dos filhos e a necessidade dos professores conhecerem a realidade de seus alunos, isso nem sempre ocorre. O que, comumente, se observa é um distanciamento das escolas e da família. Com o objetivo de refletir esse cenário, Oliveira e Marinho-Araújo (2010) trazem algumas ponderações.

Muitos professores desconhecem a realidade familiar de seus alunos. Isso contribui para que muitos atribuam características negativas à família, culpabilizando os pais pelas dificuldades ou comportamentos dos alunos. Também, para alguns professores, a aproximação dos pais pode atemorizar, por se sentirem questionados na sua competência e função de ensinar.

Além disso, é comum que a comunicação entre a família e a escola se intensifique nas situações de mal comportamento ou dificuldades na aprendizagem, o que corrobora para que essa relação seja associada a situações desagradáveis. No que se refere à percepção dos pais, os autores relatam que muitos relacionam a sua participação na escola com o comparecimento a reuniões e em datas comemorativas, o que revela um vínculo superficial.

Título : Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem

Autoras : Josieli Piovesan,  Juliana Cerutti Ottonelli , Jussania  Basso Bordin e Laís Piovesan

Fonte: Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem [recurso eletrônico] / Josieli Piovesan … [et al.]. – 1. ed. – Santa Maria, RS : UFSM, NTE, 2018.

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