Quando o professor apresenta um jogo matemático à sua turma, cabe orientar e estimular a aprendizagem, criando primeiramente um ambiente socializador com seus alunos, explorando as experiências vivenciadas para mostrar que a Matemática é utilizada para facilitar o cotidiano.
O professor desempenha o papel de mediador promovendo o debate sobre os resultados e reformulando as soluções mais adequadas. Assim, ao optar pelos jogos em sala de aula o professor deve ter a consciência de selecionar os conteúdos a serem trabalhados e classificá-los se for para fixação ou construção de novos conceitos.
Para que o trabalho em grupo seja enriquecedor para a aprendizagem, as crianças precisam conversar, elaborar suas hipóteses e até “torcer” enquanto jogam. Borin (2002) diz que quando usamos jogo em sala de aula, a conversa ou o barulho para alguns é inevitável, pois as crianças estão discutindo para chegarem a resultados.
No jogo das “Tampinhas” elas precisam contar e, para muitas crianças, isso acontece oralmente. Contam as suas tampinhas e as dos colegas para durante o jogo observarem quem tem mais e quem tem menos.
JOGO DAS TAMPINHAS
Participantes – Três a quatro crianças. Indicado para Educação Infantil e 1º ano do Ensino Fundamental.
Material – Prato de papelão e/ou isopor, tampinhas, dados.
Tópicos de aprendizado – Noções de sequência, cor, classificação, ideia aditiva e subtrativa.
Desenvolvimento – Coloca-se uma determinada quantidade de tampinhas numa bandeja no centro da mesa. Em grupos, as crianças jogam o dado (uma de cada vez) e pegam a quantidade de tampinhas que marcou o dado, independente da cor. Ganha a criança que tiver mais tampinhas em seu pratinho. Depois do jogo, solicitar que elas criem sequências e registrem em forma de desenho.
Problematização – O professor problematiza com os alunos: Sem contar, quem tem mais tampinhas em seu grupo? Quem tem menos? Quem será que tem mais tampinhas azuis? E as vermelhas? Paulo tem cinco tampinhas azuis e Ana tem três, quem tem mais? Quantas tampinhas Paulo tem a mais? Vamos contar juntos?
Variação – Para trabalhar a ideia subtrativa, o professor coloca vinte tampinhas num prato para cada grupo. Cada criança joga o dado e retira do prato as tampinhas de acordo com a quantidade indicada nos dados.
Existem muitas variações para esse jogo. A partir do 2º ano podemos pontuar as tampinhas conforme sua cor. A azul vale um ponto, a vermelha vale dois pontos e a branca, três pontos. Depois do jogo, a criança conta quantos pontos conseguiu no total. Para o 3º ano até o 5º ano, cada cor de tampinha pode representar as ordens do sistema de numeração decimal. Para essas crianças outra sugestão é que joguem os dois dados e multipliquem o resultado.
O trabalho com jogos matemáticos em sala de aula faz com que o professor consiga observar mais a aprendizagem matemática, percebendo:
- as dificuldades reais dos alunos;
- se o conteúdo matemático trabalhado foi assimilado;
- se o aluno elabora perguntas e tira conclusões durante a jogada.
Alguns critérios foram elaborados por Krulik e Rudnik (apud BORIN, 2002), para a promoção do aprendizado da Matemática com a utilização dos jogos; sobre os quais concluímos que:
- o jogo é uma atividade que as crianças realizam juntas, e prioritariamente deve ser para dois ou mais jogadores;
- o jogo deve ter as regras preestabelecidas pelo grupo e não podem ser modificadas no decorrer de uma rodada;
- o jogo não deve ser mecânico e sem significado para os jogadores;
- o jogo deve permitir que cada jogador utilize suas estratégias. A sorte deve ter um papel secundário ou nada interferir.
Através do jogo Salute (KAMII, 1986) trabalhamos o conteúdo de multiplicação, favorecendo a concentração e o cálculo mental que são facilmente memorizados pela criança através da compreensão do processo multiplicativo.
JOGO SALUTE
Participantes – Três alunos. Indicado para anos iniciais – 3º ano do Ensino Fundamental.
Material – Fichas ou cartas confeccionadas pelas crianças ou pelo professor, numeradas de 1 a 5 (ou de 1 a 9, conforme multiplicação a ser trabalhada).
Tópicos de aprendizado – Multiplicação.
Desenvolvimento – As cartas são distribuídas igualmente para dois dos três jogadores, que devem sentar-se frente a frente, com seus montes de cartas virados para baixo. Ao mesmo tempo, os dois retiram a carta de cima de seus montes e gritam Salute, segurando-as perto de seus rostos, de maneira que possam ver somente a carta de seu adversário. O terceiro jogador anuncia o produto das duas cartas, e entre os dois jogadores aquele que primeiro descobrir o valor de sua carta leva o par para si. Ganha aquele que conseguir o maior número de cartas.
Por exemplo: O jogador A mostra o 5 para o jogador B que mostra o 4. O terceiro jogador anuncia 20. Então o jogador A, observando a carta do seu colega, deve calcular mentalmente e anunciar que a sua ficha é de número 5.
Variação – Este jogo pode ser indicado para o 2º ano do Ensino Fundamental utilizando a adição ou subtração das fichas.
A participação das crianças em diferentes tipos de jogos matemáticos contrapõe a ideia de que para se aprender Matemática é necessário um ambiente que predomine a rigidez e o silêncio. Para não deixar o trabalho da Matemática mecanizado e repetitivo devemos buscar alternativas por meio do jogo, tornando o aprendizado mais significativo, no qual a criança participe raciocinando e compreendendo o que está sendo elaborado.
Por meio do jogo, a criança se desenvolve de uma maneira integral, pois se sente estimulada na construção dos conceitos, buscando, junto com seus colegas, soluções para um determinado problema apresentado pelo professor e/ou colegas de sala. Por esse motivo, essa ferramenta deve ser utilizada periodicamente, pois oferece situações de aprendizagem significativa, possibilitando a apropriação dos conteúdos de uma forma mais descontraída.
FONTE: Educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental : saberes e práticas
DOWNLOAD: Educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental : saberes e práticas / autores Catarina de Souza Moro [et al] / organizadores: Arleandra Cristina Talin do Amaral, Roseli Correia de Barros Casagrande, Viviane Chulek. – Curitiba : SEED–PR., 2012
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