Jogo e Teatro. O que uma coisa tem a ver com a outra? E o que o Jogo e o Teatro têm a ver com a Arte?
O Jogo no Teatro
O Jogo faz parte de nossa vida e aprendemos a jogar desde cedo, seja bolinha de gude (búlica), futebol, jogos eletrônicos ou nas brincadeiras de faz de conta. Quando jogamos, afloram muitos sentimentos, como: prazer, alegria e muitos outros sentimentos bons. Mas podemos experimentar também dessabores, como a chateação, raiva, entre outros. Entretanto, iremos nos concentrar nos sentimentos agradáveis. Dessa forma tentaremos descobrir o que o Teatro, que também é uma atividade que pode ser muito prazerosa e divertida, tem a ver com o Jogo.
Buscando conhecer um pouco mais sobre o Jogo, descobrimos que é uma palavra que vem do latim, jocu, e quer dizer, entre outros significados, atividades físicas ou mentais organizadas por um sistema de regras, passatempo, brinquedo, divertimento. O Jogo para HUIZIN[1]GA (1996) e CAILLOIS (1990) é “… uma atividade livre e desobrigada das regras sociais. Os jogadores, crianças ou adultos, jogam por jogar, ou seja, pelo prazer que encontram na prática lúdica. ” O Jogo também é uma forma de organização social e de trabalho em grupo e pode propiciar o envolvimento e a liberdade para a experimentação.
O Jogo é muito utilizado na escola por várias disciplinas, entre elas, a de Arte e Educação Física e existem vários tipos de jogos, como os jogos motores (correr, pular), intelectuais (xadrez), competitivos, cooperativos, entre outros. O Jogo pode propiciar ambientes desafiadores e estimular o nosso raciocínio e ainda nos ensina a lidar com nosso corpo, com nossas sensações e emoções. Dessa forma, tanto o Jogo quanto o Teatro, têm em comum, alguns aspectos como: o fato de obedecer a regras e a possibilidade de poder reconstruí-las, a diversão, o prazer, exercitar o corpo (músculos e coordenação dos movimentos) e a mente, além de desenvolver os sentimentos.
Veja o que LOPES (1989) diz sobre Jogo e Teatro: “O Teatro que faço surge do jogo dramático. Que jogo é esse que não se inclui nas Olimpíadas, mas que entre todos é o mais antigo jogo humano? Ele que é a cabeça e o coração da Comédia dell’Arte italiana, dos folguedos dramáticos populares, das correrias dos mamulengos, teatro da representação das guerras e colheitas das tribos africanas e brasileiras? Ele é tudo o que o teatro da simulação, morto e sobrevivo nas casas de mercado da arte, não pode alcançar: o jogo dramático é um exercício poético de e para liberdade”.
O Jogo pode envolver várias pessoas, pois, mesmo que possamos jogar sozinhos, por exemplo, arremessos de basquete ou jogando futebol, é muito interessante jogar em grupo. Em Teatro, podemos jogar sozinhos, fazendo um monólogo, porém temos o público como parceiro. De acordo com o Dicionário de Teatro de Patrice Pavis, 2003, um monólogo pode se basear em uma série de elementos e é classificado da seguinte forma:
- Monólogo técnico – a personagem expõe acontecimentos passados ou que não podem ser representados diretamente para o público.
- Monólogo lírico – a personagem expõe, em forma de uma confidência, suas reflexões ou emoções.
- Monólogo de reflexão ou decisão – a personagem, diante de uma situação de decisão ou escolha delicada, expõe, para si mesmas, os argumentos e contra-argumentos de uma ação.
Você, alguma vez, já falou com seu espelho, fazendo uma revelação, crítica ou pedindo uma opinião sobre algo importante? De certa forma você estava fazendo um monólogo.
Quem joga?
Brincar e jogar estão relacionados a uma pré-disposição ao divertimento, que se caracteriza pela inexistência da obrigatoriedade de participação. Mas, para que o jogo seja bem-sucedido é necessário um acordo do grupo sobre as regras e objetivos que envolverão a atividade. Para isso, é indispensável que os jogos tenham:
- Jogadores: pessoas que estão dispostas a brincar, criar e conhecer.
- Regras: informações necessárias que os participantes precisam saber e respeitar, mas que podem ser adaptadas.
- Tempos e Espaços: determinados e combinados.
Quando jogamos temos sempre a possibilidade de aprender a raciocinar, a tomar decisões, a colaborar, a lidar com nossos sentimentos e também com os dos outros. A prática teatral, assim como a do jogo, pode permitir o aprimoramento do diálogo, da capacidade de expressão, da espontaneidade, da liberdade pessoal, do relacionamento com colegas, professores e familiares, contribuindo para que nossas relações com o mundo se ampliem.
Como jogar no teatro?
O Jogo Dramático
Os jogos de teatro são chamados de Jogos Dramáticos e são uma prática coletiva que reúne um grupo de “jogadores” (e não de atores), que improvisam coletivamente de acordo com um tema preestabelecido. Não existe separação entre ator e espectador e sim uma tentativa de que todos façam parte da execução de uma atividade cênica. O jogo dramático tem como objetivo levar os participantes à compreensão dos mecanismos que fundamentam o teatro: personagem, ação e espaço cênico (este último será tratado num capítulo separadamente). Também facilita a liberação corporal, vocal, emotiva e criativa dos participantes. O jogo de teatro é mais uma prova de que aprender pode ser prazeroso e divertido e que podemos aprender jogando.
Quem sou eu? Quem é você?
A Personagem
Segundo o dicionário de teatro, PAVIS, 2003, personagem é: “… pessoa notável, eminente, importante; personalidade, pessoa; cada um dos papéis que figuram numa peça teatral e que devem ser encarnados por um ator ou uma atriz; figura dramática”. A autora Olga REVERBEL (1996) nos explica melhor: ”Personagem é o papel interpretado pelo ator numa peça. O ator não é a personagem, mas representa-a para o espectador, assumindo a personalidade, os traços psicológicos e morais da pessoa criada pela imaginação do dramaturgo”. Um ator ou atriz ao preparar ou construir uma personagem para ser apresentada a um público deve fazê-lo cuidadosamente.
Seus gestos, expressões, aparência física, maneira de andar, sua personalidade e sua história devem estar claras para o ator ou atriz que vai representá-la. Na língua portuguesa podemos nos referir à personagem usando duas formas: “a personagem” ou “o personagem”, para ambos os gêneros. Uma personagem é constituída de expressões corporais, faciais, gestos e expressões vocais que servirão para revelá-la ao público. Para que o ator ou atriz possa construir ou descobrir essas expressões, com frequência recorre-se aos jogos dramáticos.
REFERÊNCIAS:
Arte / vários autores. – Curitiba: SEED-PR, 2006. – 336 p
Descubra mais sobre Curso Completo de Pedagogia
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.