A Figura 32 é representada por meio de um esquema definindo a palavra cognição.
Segundo Teixeira (2015, s/p.) “cognição é o conjunto dos processos mentais usados no pensamento, na percepção e na classificação, reconhecimento e compreensão, para o julgamento por meio do raciocínio, para o aprendizado de determinados sistemas e soluções de problemas”. De uma maneira mais simples podemos dizer que cognição é a forma como o cérebro percebe, aprende, recorda e pensa sobre toda informação captada, por intermédio dos cinco sentidos que estão relacionados com a percepção do meio interno e externo, são o olfato, paladar, visão, audição e tato.
O modo que o questionamento e a abordagem cognitivista da aprendizagem divergem do ponto de vista do comportamentalista, se dá pelo fato de destacar a complexidade inerente a este processo e de se centrar nos processos mentais que ocorrem para que a aprendizagem tenha lugar (MIZUKAMI, 1986). Contudo para os cognitivistas a aprendizagem é estruturada e idealizada como um processo de aquisição de esquemas de resposta e de adaptações sucessivas ao meio, conforme Figura 33.
Quando falamos de aprendizagem têm de ocorrer uma mudança da estrutura cognitiva do sujeito, na forma como ele percebe, seleciona e organiza os objetos e os acontecimentos e nos significados que lhes atribui. A capacidade de aprender novos conceitos depende do conhecimento prévio e das estruturas cognitivas já existentes no indivíduo e as novas informações que o indivíduo recebe são relacionadas umas com as outras e provocam alterações cognitivas na estrutura já existente. Na concepção cognitivista a motivação é um elemento de grande importância no processo de aprendizagem. O que leva um indivíduo a aprender são sobretudo as suas necessidades internas, a sua curiosidade e as suas expectativas.
Implicações Pedagógicas
Com o passar de décadas vários filósofos e teóricos desenvolveram contribuições atendendo à complexidade dos processos cognitivos, porém, nunca nenhum teórico finalizou nenhuma teoria, mas eles conseguiram chegar a várias concepções diferentes dentro das teorias cognitivas. No Quadro 11 são apresentados os principais teóricos David Ausubel e Robert Gagné das implicações pedagógicas.
DAVID AUSUBEL
A teoria de Ausubel baseou-se na visão cognitivista, que é aprendizagem, organização e integração de material na estrutura cognitiva do indivíduo. Segundo Moreira (1997) para Ausubel a aprendizagem significativa no processo de ensino necessita fazer algum sentido para o educando e, nesse processo, a informação deverá interagir e ancorar-se nos conceitos relevantes já existentes na estrutura do educando. A teoria da aprendizagem significativa, elaborada por Ausubel conforme Moreira et al. (1997), foi definida como o processo que gera uma nova informação relacionando-se com o aspecto relevante da estrutura de conhecimento do indivíduo.
A Estrutura cognitiva é uma estrutura hierárquica de conceitos que são abstrações da experiência do indivíduo (MOREIRA et al., 1997). Para Moreira (2008) novas ideias e informações são aprendidas e retidas na medida em que existem pontos de ancoragem. Logo, para o autor, a aprendizagem significativa ocorre quando uma nova informação aporta-se em conceitos relevantes preexistentes na estrutura cognitiva de quem aprende, na Figura 34 é apresentado a estrutura cognitiva.
“Aprendizagem implica em modificações na estrutura cognitiva e não só acréscimos” (MOREIRA, 1997, p.12). Ainda segundo o autor à medida em que a aprendizagem significativa ocorre, conceitos são desenvolvidos, elaborados e diferenciados em decorrência de sucessivas interações:
Diferenciação progressiva – As ideias mais gerais e mais inclusivas da disciplina devem ser apresentadas no início, para depois irem sendo progressivamente diferenciadas. Em termos de detalhe e especificidade é mais fácil para o ser humano captar aspectos diferenciados, de um todo mais inclusivo previamente aprendido, do que chegar ao todo a partir de suas partes diferenciadas.
Reconciliação integrativa – Explorar relações entre ideias, apontar similaridades e diferenças importantes, reconciliar discrepâncias reais ou aparentes. O conteúdo deve, não só proporcionar a diferenciação progressiva, mas também: explorar, explicitamente, relações entre proposições e conceitos, chamar atenção para diferenças e similaridades importantes e reconciliar inconsistências reais ou aparentes. A programação do material instrucional deve contemplar também a exploração de relações entre ideias.
ROBERT GAGNÉ
Gagné considera a aprendizagem como uma mudança interior e tenta integrar os conceitos básicos das teorias cognitivas e comportamentais (NASCIMENTO, 2011). Segundo ele, esta teoria convenciona que existem diferentes tipos ou níveis de aprendizado. A importância destas classificações é que cada tipo requer diferentes tipos de instrução.
Gagné identifica cinco categorias de aprendizagem conforme Figura 35, segundo (FERNANDES, 2015).
Sabe-se que condições internas e externas diferenciadas são essenciais para cada tipo de aprendizado. Gagné (1987) exemplifica, para que as estratégias cognitivas sejam aprendidas é preciso que exista uma chance para se praticar o desenvolvimento de novas soluções para os problemas. Para aprender atitudes, a pessoa precisa ser exposta a um modelo verossímil de papel, ou a argumentos persuasivos.
Termo do glossário: Verossímil – que parece verdadeiro. Persuasivo é aquele alguém que possui a capacidade, a habilidade ou o dom de persuadir, ou seja, de convencer outra pessoa a acreditar em determinado fato, argumento, hipótese, teoria ou qualquer que seja a vertente. Toda pessoa persuasiva é também alguém convincente. Em outras palavras, persuasivo nada mais é do que um adjetivo da palavra persuasão.
Segundo Fernandes (2015) Gagné sugere que tarefas de aprendizado para habilidades intelectuais podem ser organizadas em hierarquia, de acordo com a complexidade, conforme Figura 36.
Fernandes (2015) também defende que a hierarquia é importante para detectar os pré-requisitos que devem ser realizados a fim de tornar mais fácil o aprendizado em cada um dos níveis, fornecendo, assim, uma base sólida para a sequência de instrução. A teoria, conforme Fernandes (2015) propõe nove eventos de instrução e processos cognitivos correspondentes, conforme Quadro 12.
Logo, tais eventos servem para satisfazer ou fornecer as condições necessárias para o aprendizado e servir como base para criar instruções e selecionar os meios apropriados para que ocorra a aprendizagem (GAGNÉ, 1987).
Na Figura 37 é apresentado um esquema que resume este capítulo sobre cognitivismo e aprendizagem.
FONTE:
Teorias da educação [recurso eletrônico] / Cíntia Moralles Camillo, Liziany Müller Medeiros. – Santa Maria, RS : UFSM, NTE, 2018.
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