A Sociologia é uma das áreas de conhecimento das Ciências Sociais que estuda, de maneira científica, fugindo do senso comum e dos “achismos”, a sociedade. Assim também é a Ciência Antropológica. Mas você leitor pode se perguntar: Se já existe a Sociologia, que estuda a sociedade e nos ensina a também sermos “cientistas”, pessoas que saibam refletir sobre as questões sociais e ter ação frente à sociedade, para que outra ciência? Ora, a vida do homem em sociedade é tão complexa que, durante a história, muitos se dedicaram a entender, explicar e a dar soluções a muitas questões da sociedade, incluindo as questões culturais. Tais explicações deveriam ser “certas”, tudo passa a ser explicado pelas Ciências. Isso ocorreu no cenário mundial, principalmente, no final do século XVII e início do século XIX.
Mas a cultura pode ser estudada cientificamente?
Pois é, pode sim! Foram muitos os estudiosos que tiveram a preocupação de se dedicar à elaboração de uma área específica das Ciências Sociais para desvendar os mistérios e encantos das diferentes culturas existentes entre os povos. Foi então que a Antropologia entrou em cena. O nome parece estranho, não é? Tradicionalmente, foi a Antropologia que primeiro estabeleceu métodos científicos para estudar os fenômenos culturais. Você sabe por que as Ciências em geral necessitam de instrumentais teóricos e metodológicos para poder desenvolver suas pesquisas, estudos e resoluções de problemas?
O agrônomo, por exemplo, antes de indicar certo tipo de agrotóxico ao agricultor, deve ter a precaução de “verificar” qual a doença que a planta tem. E, como ele estudou, sabe os métodos científicos para analisar a planta, pois tem as condições preestabelecidas para não errar na investigação e no diagnóstico. Assim também é com relação à análise dos fenômenos socioculturais. Veremos nas páginas seguintes, alguns dos fundamentos teóricos (as ideias científicas) e dos métodos de estudos que foram criados para dar conta de analisarmos e compreendermos a dimensão da vida cultural das diferentes sociedades. No primeiro “Folhas” abordaremos como se projetam as relações sociais cotidianas a partir da diversidade cultural brasileira.
À luz das teorias antropológicas, analisaremos uma questão fundamental que atinge a vida de todo brasileiro, a nossa identidade nacional. Entender como ao longo da história fomos construindo nossa identidade nacional em todo o processo de colonização pelo qual passamos nos permitirá analisar questões como, diferenças étnicas: preconceito racial e étnico, “cotas” para negros em universidades e em concursos públicos, etc. No segundo “Folhas” refletiremos sobre a dinâmica pela qual a CULTURA vem passando, desde o advento da Revolução Industrial e todo o processo de industrialização que vem ocorrendo a partir do século XX.
Se antes o alvo primordial da Antropologia era o estudo de povos desconhecidos e toda a questão das diferenças, agora, nas sociedades ainda mais “complexas” e desiguais, ela se preocupará também em explicar os novos rumos da dinâmica cultural. O alvo passa a ser o uso da cultura. Uso da CULTURA? Sim, é o mercado de bens culturais de consumo. A cultura como mercadoria. Como mecanismo social de controle. Veremos que isso ocorre quando uma classe social se apropria de um aspecto da cultura e o transforma em produto padronizado para atingir toda a massa.
Você consegue imaginar uma manifestação cultural folclórica transformada em mercadoria? Ou ainda, uma música ser “usada” como uma maneira de repúdio ou “imposição” de atitudes e interesses de classes? Todos estes temas e outros que não serão abordados diretamente são questões com as quais convivemos todos os dias. Algumas vezes até passam despercebidas no nosso cotidiano. Outras vezes, são motivos de alegria, festas, entretenimento, etc. Mas, como nem tudo são rosas, a cultura também pode levar o homem e sua sociedade a uma série de conflitos sociais, principalmente, em meio à diversidade cultural.
Convido você leitor, a mergulhar nas páginas seguintes e a conhecer mais do funcionamento da dinâmica sociocultural e a autenticidade das diferentes culturas, pois, conhecer e compreender os valores culturais que nos cercam nos levará, também, a sermos pessoas conscientes e com a capacidade de refletir sobre os diferentes problemas que são originados pelas visões de mundo que os grupos e as classes sociais reproduzem cultural e cotidianamente ao longo da história.
RERERÊNCIAS:
Sociologia / vários autores. – Curitiba: SEED-PR, 2006. – 266 p.
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