David Ausubel, psicólogo norte-americano, propõe uma teoria de aprendizagem cujo conceito central é a Aprendizagem Significativa. De acordo com Ausubel et al. (1980), a aprendizagem é significativa quando uma nova informação adquire significado para o aluno por meio de uma ancoragem em aspectos relevantes já existentes na estrutura cognitiva do indivíduo.
Nesse processo, a nova informação interage com uma estrutura de conhecimento específica presente na estrutura cognitiva de quem aprende, a qual Ausubel denomina subsunçor. Os subsunçores servem de ancoradouro para cada nova informação recebida pelo sujeito.
Na aprendizagem significativa há uma interação entre a nova informação e o conhecimento já existente, na qual ambos se modificam. Deste modo, como o conhecimento precedente ancora a atribuição de significados à nova informação, ele também se modifica, ou seja, os subsunçores vão ganhando novos significados, tornando-se mais estáveis, implicando na aquisição de novos conceitos.
Ausubel propõe distinguir dois tipos diferentes de aprendizagem: aprendizagem significativa e aprendizagem memorística ou mecânica. Para que a aprendizagem seja significativa são necessárias duas condições. A primeira é que o aluno precisa ter uma disposição para aprender, e a segunda, é que o conteúdo escolar a ser aprendido seja potencialmente significativo, lógica e psicologicamente.
O significado lógico diz respeito à natureza do conteúdo, enquanto o significado psicológico refere-se à experiência que cada pessoa tem. Cada indivíduo processa os conteúdos de maneira particular, selecionando os conteúdos que têm significado ou não para si próprio.
É um processo dinâmico que, em função da formação e interação de novos subsunçores, possibilita que a estrutura cognitiva se reestruture constantemente. Aprender significativamente implica atribuir significados, e eles têm sempre componentes pessoais. A aprendizagem sem atribuição de significados pessoais, sem relação com o conhecimento preexistente, é mecânica, não é significativa.
Ao ingressar na escola a criança já possui um conjunto de ideias genéricas. Essas ideias têm muita importância pois contemplam o conhecimento prévio que constitui a base para a aprendizagem significativa, quando os novos conceitos serão assimilados, compreendidos e fixados. As situações vivenciadas pelos alunos potencializam o processo de reflexão teórica, transformando as informações em conhecimento.
De acordo com Ausubel, a mente humana armazena as informações de modo altamente organizado, com uma hierarquia conceitual na qual elementos mais específicos de conhecimento são atrelados a conceitos, ideias, hipóteses mais gerais e inclusivas.
Contrapondo a aprendizagem significativa, Ausubel define aprendizagem memorística ou mecânica, na qual o novo conhecimento é armazenado de maneira arbitrária e literal na mente do indivíduo, não interagindo com a estrutura cognitiva já existente, desta forma, não adquirindo significados.
Por certo período de tempo, a pessoa é capaz de reproduzir mecanicamente o que aprendeu, mas sem a significação de um conhecimento construído. As ilustrações abaixo (Figura 16 e Figura 17) provocam reflexões acerca da aprendizagem descontextualizada e mecânica, que não contribui para a construção do conhecimento.
Mapas conceituais
Baseados na teoria da aprendizagem significativa de Ausubel e, partindo do princípio que aprendemos com mais facilidade a partir de ideias mais gerais e inclusivas, em meados da década de setenta, Joseph Novak e seus colaboradores criaram os mapas conceituais, para servir como estratégia facilitadora de ensino.
Para eles, os mapas conceituais valorizam o processo de construção e reestruturação do conhecimento pelo próprio sujeito, pois enfatizam o sentido de unidade, articulação, subordinação e hierarquização dos conhecimentos sobre determinado tema, permitindo uma visão integrada e abrangente dos diversos saberes disciplinares, bem como as suas inter-relações (NOVAK; GOWIN,1984).
De acordo com os autores, os mapas conceituais têm por objetivo “representar relações significativas entre conceitos na forma de proposições. Uma proposição consiste em dois ou mais termos conceptuais ligados por palavras de modo a formar uma unidade semântica” (NOVAK; GOWIN,1984, p. 31). Nesse sentido, um mapa conceitual é uma figura esquemática que representa um conjunto de significados conceituais inseridos numa estrutura de proposições.
Eles servem para tornar claras, tanto aos professores como aos alunos, as ideias chave em que devem se focar para uma tarefa de aprendizagem específica. Quando concluída a tarefa, os mapas conceituais possibilitam visualizar um resumo esquemático do que foi aprendido.
Por constituírem uma representação clara e definida dos conceitos e proposições que o indivíduo possui, os mapas conceituais permitem aos professores e alunos modificar os seus pontos de vista sobre a validade de uma determinada ligação preposicional, ou perceber a falta de ligações entre conceitos.
Novak e Gowin (1984) esclarecem que na construção de um mapa conceitual os conceitos devem ser organizados de forma hierárquica, em que os conceitos mais gerais e mais inclusivos situam-se no topo do mapa, e os conceitos mais específicos e menos inclusivos, organizados sucessivamente debaixo deles. Todavia, não há regras gerais fixas para o traçado de mapas conceituais.
Mas sempre deve ficar claro no mapa quais os conceitos mais importantes e quais os secundários ou específicos. Setas podem ser utilizadas para dar um sentido de direção às relações conceituais. Os mapas podem ser utilizados como recursos em todas as etapas, tanto no desenvolvimento de novos conhecimentos como na avaliação da aprendizagem.
O indivíduo que fez o mapa deve ser capaz de explicar os significados das relações que se estabelecem entre os conceitos. Vejamos alguns exemplos de mapas conceituais (figura 18, figura 19, figura 20, figura 21, figura 22 e figura 23) que abordam as teorias estudadas anteriormente.
Os exemplos acima mostram que os mapas conceituais podem ser elaborados com diferentes graus de complexidade em relação aos conteúdos. Contudo, sempre devem manter a clareza e a organização das ideias para que a aprendizagem significativa ocorra de fato. Mapas de conceitos são valiosos para a construção de significados na aprendizagem, sendo sua análise essencialmente qualitativa.
Mas são pouco utilizados no contexto escolar, que continua atribuindo grande valor à aprendizagem memorística, na qual os alunos estão acostumados a memorizar os conteúdos e reproduzi-los nas avaliações e muitos professores ainda preferem a segurança de ensinar conteúdos sem muita margem para interpretações pessoais.
Os mapas conceituais demandam um enfoque de ensino e aprendizagem diferenciado, em direção oposta ao ensino mecânico. Um enfoque que promova consistentes modificações na maneira de ensinar, de avaliar e de aprender.
Título : Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem
Autoras : Josieli Piovesan, Juliana Cerutti Ottonelli , Jussania Basso Bordin e Laís Piovesan
Fonte: Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem [recurso eletrônico] / Josieli Piovesan … [et al.]. – 1. ed. – Santa Maria, RS : UFSM, NTE, 2018.