A expressão corporal
Muitas vezes não damos a atenção adequada ao nosso corpo e esquecemos que ele necessita de cuidados para que possa continuar a nos servir com eficiência. O alongamento, o aquecimento corporal e o exercício físico, sem esquecer de uma correta alimentação, são fundamentais para todos nós e devem ser levados a sério também na prática do Teatro. Atores e atrizes necessitam exercitar constantemente seu corpo, que é seu instrumento de trabalho.
Existem diversos jogos que podem ser usados para estimular e proporcionar maior consciência corporal, flexibilidade e agilidade. Desta forma, os movimentos ou gestos em cena poderão tornar-se mais expressivos e ter maior qualidade. A expressão corporal é uma técnica muito eficiente para sensibilizar os indivíduos sobre suas possibilidades motoras (movimentos) e emotivas (sentimentos), inclusive no que diz respeito à expressividade gestual e facial. Todo o nosso corpo pode ser expressivo, mas, para tanto, devemos ter consciência de cada parte separadamente, para que o resultado do conjunto da expressividade corporal seja satisfatório. Conheça as principais possibilidades expressivas do corpo:
a) A expressão gestual
Antes mesmo de desenvolver a palavra escrita ou falada, o homem já utilizava gestos para se comunicar e transmitir suas mensagens. Em Teatro, gesto é o movimento do ator, que transmite significados ou mensagens. Todo o corpo pode produzir gestos: tronco, cabeça, face e membros, porém, os gestos são produzidos, mais comumente, pelos braços, mãos e dedos. Você já percebeu que quando cumprimentamos alguém ou comunicamos algo à distância utilizamos gestos, como balançar os ombros, acenar e apontar? Para representar bem uma personagem o ator deve ter consciência e domínio de seus gestos, pois em cena tudo o que o ator faz é observado pelo público.
b) A expressão facial
É o conjunto de expressões fisionômicas produzidas pela face, como caretas, formas de olhar, sorrir, entre outras. Fazemos uma infinidade de expressões faciais, durante o dia, para transmitir o que estamos sentindo, como dúvida, alegria, indiferença, medo, entre outras. Mas no Teatro, tanto as expressões gestuais, quanto as faciais, devem ser transmitidas com exatidão ao público, para que não haja distorção entre o que o ator pensou em transmitir por meio delas, e aquilo que o público entendeu. No Teatro existe uma técnica de expressão, muito utilizada, a mímica. Ela consiste em comunicar sentimentos ou sensações sem o uso da palavra, utilizando-se de um conjunto de expressões fisionômicas e gestos corporais.
A Expressão Vocal
A expressão vocal é formada pelas falas e sons emitidos, numa encenação, por meio da voz do ator que expressa os sentimentos e emoções, caracterizando e identificando uma personagem. A voz humana, além de ser um aparelho poderoso de comunicação, funciona como um dos mais completos instrumentos musicais. Podemos produzir uma infinidade de sons com o volume, a altura, o timbre e a entonação da voz. Os atores buscam neste recurso formidável, que é a expressão vocal, maneiras de caracterizar suas personagens. A partir do texto que será encenado, podem-se encontrar indicações sobre a personalidade, o sexo, as características físicas e emocionais da personagem. Daí em diante, tudo depende do conhecimento, técnicas e a criatividade do ator ou atriz que irá interpretar o papel.
As falas da personagem, se não forem ditas com clareza, poderão causar inquietação e o desinteresse do público. Por isso, é muito importante uma boa dicção, que pode ser melhorada com exercícios vocais. A dicção é a arte de pronunciar corretamente os sons das palavras.
Você sabe como a voz é produzida em nosso corpo?
A voz é produzida por um conjunto de órgãos chamados de “aparelho fonador”, este é formado pela boca, língua, pregas vocais, laringe e faringe. A sua produção inicia-se na laringe, que é uma espécie de tubo no qual estão localizadas as pregas vocais (popularmente chamadas de cordas vocais), e estão em posição paralela ao solo, quando estamos em pé. Ao inspirar as pregas se afastam e o ar entra nos pulmões. Ao falarmos, as pregas vocais se aproximam, o ar sai dos pulmões e quando passa pela laringe, produz as vibrações, resultando no som da voz. Os sons da fala são articulados na cavidade da boca, por meio dos movimentos da língua, lábios e mandíbula. Olhe o desenho abaixo, para entender o quanto é importante e delicado o nosso aparelho fonador.
Cuide de sua Voz
Não só os profissionais que utilizam a voz como instrumento de trabalho, como cantores, atores e professores devem cuidar dela. Todos nós podemos e devemos tomar conta desse delicado instrumento.
Quando estiver falando em público, cantando ou participando de uma representação teatral, procure:
- Tomar sempre goles de água (à temperatura ambiente), antes, durante e depois de utilizar a voz, para hidratar as pregas vocais;
- Quando sentir vontade de pigarrear, inspire pelo nariz, engula a saliva e solte o ar pelo nariz;
- Não fume. O fumo causa irritação na garganta, além de outros males;
- O consumo de bebidas alcoólicas provoca inchaços nas pregas vocais e faz mal à saúde;
- Pratique aquecimento vocal, antes de utilizar sua voz e desaquecimento logo depois da atividade;
- Caso tenha dúvidas ou problemas com a voz procure um Fonoaudiólogo, profissional de saúde responsável que saberá como ajudá-lo.
A Ação
Ação é a sequência de fatos e acontecimentos cênicos essencialmente produzidos em função do comportamento das personagens. Ela é o elemento transformador e dinâmico que permite às personagens passar de uma situação para outra. (PAVIS, 2003) Explicando de maneira mais simples: a ação no Teatro é o conjunto do que as personagens fazem, seja em cena ou fora dela, no decorrer de uma encenação teatral. A ação está ligada, no teatro dramático, ao surgimento e à resolução dos conflitos entre as personagens ou entre uma personagem e uma situação. O conflito dramático é o resultado de um jogo de forças opostas. Ele estimula a relação (os ânimos) entre duas ou mais personagens ou entre duas formas de pensar, e a busca pela resolução dos conflitos gera a ação.
As Formas de Ação
Falar, andar, sentar, rir e chorar são algumas das ações de uma personagem, numa encenação teatral. A ação pode se apresentar sob diversas formas, vamos conhecer algumas delas:
- Ação ascendente/ação descendente: na ação ascendente a sequência dos fatos se dá mais intensa e rapidamente quanto mais nos aproximamos de um acontecimento importante da peça, chamado de clímax. Logo após o clímax, a ação é descendente.
- Ação representada/ação narrada: a ação, quando feita ao público por meio da expressão do ator, é representada. A ação é narrada quando é contada por uma das personagens ou por um narrador.
- Ação interior/ação exterior: ação interior trata-se dos pensamentos e emoções que motivam a personagem a agir. A ação exterior aparece na expressão corporal, gestual e vocal da personagem, ou seja, o que a personagem faz. A ação interior pode motivar a ação exterior.
Improvisação?
Você já teve que improvisar em algum momento da sua vida? Você chega na sala de aula e um colega lembra que você terá que apresentar um trabalho para os outros alunos, mas você não teve tempo de se preparar. Como você conhece e estudou o assunto, poderá improvisar sua apresentação. (Porém nesse caso seria bom mesmo ter preparado a apresentação, não é?). No Teatro, improvisação é mais do que isso; é interpretar algo imprevisto, que não foi preparado anteriormente, é representar algo inventado no momento da ação. Trata-se de uma atividade dramática que pode estimular o desenvolvimento da espontaneidade, liberação corporal, criatividade e imaginação. Pode ser espontânea ou preparada, falada ou em mímica. A improvisação pode ser espontânea, quando é criada durante a ação. É preparada quando prevista anteriormente por meio de um roteiro, com indicações da sequência das ações a serem executadas durante a improvisação.
Jogando e aprendendo: uma coisa tem a ver com a outra!
Os grupos teatrais, amadores ou profissionais, em geral, utilizam- se de muitos jogos de improvisação e expressão durante o período dos ensaios, na construção das personagens. Por meio dos jogos pode-se aprender mais sobre as personagens, sobre os outros e nós mesmos. Por meio dos jogos podemos experimentar a sensação de criar um mundo diferente e nos permitir ser quem não somos. Mesmo que seja por pouco tempo, quando estamos jogando ou improvisando, podemos experimentar, participar e superar limites corporais, verbais ou desafios, o que será fundamental para aprendermos a viver e nos relacionar com o mundo e com as pessoas.
REFERÊNCIAS:
Arte / vários autores. – Curitiba: SEED-PR, 2006. – 336 p