As investigações psicogenéticas evidenciam que o ensino do nome próprio é uma importante fonte de informação sobre o sistema de escrita e pode cumprir com alguns propósitos didáticos bem específicos nas salas de aula dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental como: ajudar as crianças a compreender que não é qualquer conjunto de letras que serve para qualquer nome; que a ordem das letras não é aleatória; que o começo do nome escrito tem algo a ver com o começo do nome quando dito; e também a compreender o valor sonoro das letras.
Além dessas contribuições, o trabalho com nomes próprios apresenta aos alunos um conjunto de letras que lhes servirão para compor outras escritas e assim, possibilitar que continuem – quaisquer que sejam seus conhecimentos sobre o sistema de escrita – avançando em seu processo de construção do sistema alfabético. Por essas razões, a rotina semanal para o 1º ano prevê um trabalho com nomes próprios durante todo o ano letivo. São, portanto, atividades permanentes.
O nome é parte da identidade de cada um e, como tal, tem valor intrínseco. Por isso, ler e escrever o próprio nome e o de alguns colegas da classe são aprendizagens que carregam um significado emocional importante. Além disso, os nomes assumem grande valor para a aprendizagem do sistema alfabético, pois, a partir de situações em que é preciso ler ou escrever seu próprio nome (ou de algum colega), colocam-se problemas interessantes que contribuem para ampliar os conhecimentos dos alunos sobre a organização do sistema de escrita alfabética. Várias pesquisas comprovam que a lista de nomes dos colegas da classe é uma valiosa fonte de informação para a criança, pois:
- elas indicam que, para a escrita de determinado nome, é preciso um conjunto de letras específico;
- ao considerar o conjunto de nomes dos colegas, as crianças observam que todos eles são escritos somente com as letras do alfabeto, não há grafismos inventados para cada nome;
- é possível observar que as letras não são partes exclusivas de um único nome: as mesmas letras podem estar presentes em diferentes nomes de colegas;
- os nomes também tornam explícito que a ordem das letras nas palavras não é aleatória e que existe um sentido convencional para a leitura;
- a leitura e escrita de nomes ajudam a compreender, também, o valor sonoro convencional das letras;
- ao analisar as semelhanças e diferenças entre os nomes dos colegas, as crianças aprendem que um mesmo conjunto de letras, na mesma ordem, remete a determinado nome, ao passo que pequenas diferenças entre os nomes podem remeter a nomes diferentes (como ocorre em FERNANDO e FERNANDA); e ao observar essas diferenças, os alunos aprendem a considerar indícios variados para realizar a leitura dos nomes: podem usar a quantidade de letras para diferenciar nomes (por exemplo, se há poucas letras é mais provável que seja o nome do PEDRO do que de RONALDO), a quantidade de palavras (MARIA LUÍSA tem duas partes e MARIANA só uma), a diferença entre as letras (para diferenciar FERNANDO de FERNANDA, por exemplo, é preciso observar a letra final).
Além de fonte de conflito, esse conjunto de palavras conhecidas funciona como um importante “material de consulta”: ao escrever determinada palavra, as crianças aprendem a buscar na lista de nomes dos colegas informações que lhes permitam escrever de maneira mais próxima da convencional outras palavras cuja escrita não dominam. Por exemplo, ao escrever uma lista de frutas, o nome de MANUEL poderá ser consultado para a escrita da palavra MAÇÃ, uma vez que as crianças observam que ambas as palavras se iniciam pelo mesmo som e, portanto, devem ter a (s) mesma (s) letra(s) inicial (is).
Fonte:
Educa juntos : língua portuguesa / Secretaria de Estado da Educação e do Esporte. – Curitiba : SEED – PR, 2019. – 210 p. (Caderno de orientações didáticas para o professor ; primeiro ano).
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