Os comportamentos agressivos, em qualquer faixa etária, reproduzem uma sequência destes mesmos comportamentos, observe que na figura há uma reprodução sucessiva de comportamentos.
É necessário entender esses processos, que talvez sejam percebidos em sala de aula, como uma tendência de reprodução de comportamentos que cercam cada indivíduo. Antes de entramos no campo, propriamente dito, da agressividade escolar devemos localizá-la, uma vez que, esta vem ligada a outros conceitos tais como: vandalismo, indisciplina, perturbações no comportamento, bullying, dentre outros.
Claro, que a agressividade está relacionada a esses conceitos, mas o intuito deste primeiro momento é localizar, principalmente a palavra agressividade no contexto escolar. Pois bem, buscamos entender agressividade, no conceito de Abreu (1998), que está associada à “(…) capacidade ou potencialidade de alguém provocar malefícios, ofensas prejuízos ou destruições, materiais ou morais, a outra pessoa ou a si mesmo…” (p.133).
Para a organização mundial de saúde a agressividade é integrada nos distúrbios da personalidade (RAMIREZ, 2011). Outros autores, porém, consideram a agressividade como essencial para sobrevivência e defesa dos indivíduos (BERTÃO, 2004). Freud, no entanto, considerou a agressividade como um impulso inato, mais tarde Bandura (1973) considerou este fenômeno como resultante na injúria pessoal.
De fato, o conceito que envolve a agressividade, no contexto escolar, é muito vasto, não cabendo aqui a descrição de cada um dos autores citados acima, mas sim, em tentar entender meios para lidar com situações deste patamar em sala de aula, o intuito da presente subunidade. Localizar o futuro professor neste campo, que também está presente dentro das salas de aula. Ao pensarmos que a pessoa agressiva é, somente, fruto do meio incorremos no raciocínio de que o sujeito obedece ao esquema estímulo-resposta dos behavioristas.
Ou então, que nascemos assim, é nos reportarmos aos inatistas estudados anteriormente. No entanto, pensarmos que ela é fruto das interações sociais, das diversas partes que formam um ser humano complexo, talvez, seja um dos melhores caminhos adotados nesta temática, que norteará as discussões aqui propostas. Analisando crianças, de 2 a 3 anos, podemos perceber que, quando se sentem frustradas ou tristes, apresentam comportamentos agressivos, tais como machucar-se ou atirar objetos. Ato que parece inato, não?
Porém, na medida em que os pais e/ou responsáveis vão desmistificando essas “pseudo” frustrações, as mesmas vão mudando de comportamento. Porém, se isso não ocorre, a tendência é passar da agressão, de atirar objetos, para a fase da verbalização, que vai até mais ou menos os 12 anos de idade (BEE, 1997). Sendo assim, o contexto familiar e educacional, nos quais a criança vive, influencia seu desenvolvimento psicológico.
Bazi (2003), considera que a agressividade está ligada ao modelo de comportamento dos pais, levando as crianças a concluírem, por meio da observação, que bater é apropriado e poderoso, mas também, deve ser levado em consideração que o comportamento dos professores e diretores das escolas, com o ato de punir e ridicularizar, gera mais hostilidade e alienação (PAPALIA, 2000).
Em uma pesquisa, feita por Gomide (2000), sobre a relação os filmes violentos e o comportamento agressivo em crianças e adolescentes, mostrou que, em uma amostra de 520 sujeitos de ambos os sexos, o sexo masculino mostrou maior agressividade após assistir a um filme violento, o mesmo não ocorrendo com o sexo feminino. Porém, quando o mesmo grupo foi exposto a um filme com violência e abusos físicos, psicológicos e sexual, houve um aumento significativo do comportamento agressivo de ambos os sexos.
Com os argumentos mostrados até aqui, e com base nos estudos de Bolsoni-Silva e Marturano (2006), constata-se que a agressividade é um comportamento com diversas determinações, o contexto familiar onde vive, as condições socioeconômicas e os eventos estressantes podem influenciar o aparecimento de comportamentos agressivos.
Em 1986 Bandura lança a teoria social cognitiva, tentando explicar o desenvolvimento das ações humanas, com essa teoria, o autor, afirma que os acontecimentos ambientais e a história pessoal são importantes, mas o estudante não é um respondente mecanizado frente a essas forças. Um exemplo disso, são pessoas com uma história de vida terrível mas que superaram, ou deram a volta, e hoje tem uma vida boa.
Também, tem aqueles que tiveram uma vida terrível e ela ainda persiste por toda sua existência, então, uma parte disso está nas mãos dos sujeitos. Então, é através de suas ações que as pessoas “influenciam, as situações que por sua vez afetam os seus pensamentos e emoções e o (subsequente) comportamento” (BANDURA, 1982, p.125). Com base nisso temos o modelo abaixo conforme a figura
Neste modelo, proposto por Bandura (1982), observamos que há uma retroalimentação entre comportamento, contexto e pessoa, um influenciando o outro sem necessariamente um início meio e fim. Também, é defendido nesta teoria que aprendemos através da observação que fazemos de outras pessoas, ou seja, o mundo a nossa volta tem grande influência sobre nós. As pesquisas realizadas por Bandura, com o João-bobo, ficaram conhecidas no mundo todo.
Basicamente, este experimento, ocorreu da seguinte forma: crianças pré-escolares foram expostas a um vídeo onde presenciavam um modelo de comportamento desenvolvido por uma pessoa adulta, no qual essa pessoa batia, chutava, empurrava e juntamente fazia xingamentos verbais ao João-bobo. Após, as crianças individualmente foram colocadas em uma sala com um boneco igual ao modelo anterior e a reação delas foi a mesma desenvolvida pelo modelo adulto, bateram, xingaram, chutaram o boneco, inclusive, utilizando objetos para agredi-lo, vale lembrar que, na sala tinha objetos dos mais variados tipos, inclusive brinquedos.
Então, Bandura (1969 a 1979) defende em sua teoria que a exposição a modelos promove três efeitos: efeito modelador, efeito inibitório ou desinibitório e efeito de facilitação da resposta. O efeito modelador, ou de aprendizagem por observação, são os comportamentos novos que são desenvolvidos após a observação reproduzindo o comportamento observado. Efeitos inibitórios ou desinibitórios poderão exibi-los ou não, dependendo da consequência, ou possível consequência, de comportar-se de forma semelhante.
O comportamento de outras pessoas serve de facilitação para o observador. Trazendo isso para a escola, no que diz respeito à aquisição de novos conhecimentos, a mídia desempenha importante papel, sendo que, o que ela mostra como bom ou ruim são fatores preponderantes para serem seguidos. Por exemplo, uma atriz que utiliza algum adereço em seu corpo e que de certa forma desperta o interesse, ou aprovação, das pessoas à sua volta, neste mundo imaginário, a tendência será de que as pessoas reproduzam esse padrão em suas vidas.
Outro modelo muito significativo, para a criança, é a figura do professor, que deve potencializar a motivação da aprendizagem dos alunos, e auxiliando a superar as barreiras, evitando o confronto direto com aqueles que apresentam agressividade em suas ações, pois, este já tem um relacionamento comprometido. Valorizar as conquistas, por menores que sejam os avanços, promovendo o diálogo entre os educandos, gerando uma reflexão sobre as questões que envolvem comportamentos, conflitos e atitudes inadequadas, fazendo-os pensar nas soluções.
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REFERÊNCIAS:
PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM / Silva, Juliane Paprosqui Marchi da, UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA, Santa Maria | RS 2017
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