A filosofia sempre foi uma interrogação das coisas essenciais da vida: quem somos, para onde vamos, de onde viemos e qual o caminho e a chave da felicidade humana. Os gregos, buscaram responder estas questões, a partir da vida vivida, sem recorrer aos mitos e aos deuses. Não há por isso a filosofia, há filosofias. Os caminhos são muitos. Muitas são as maneiras de configurar os dados da nossa experiência de vida e emprestar-lhes um sentido. Há aquelas filosofias que inclusive negam tudo, com receio de pedir emprestado qualquer salva-vidas; apostam no NADA, fazem do nada seu sentido – posição filosófica que se chama niilista [nihil(ismo) do latim: nada]!
Sempre que buscamos a verdade, conhecer, compreender, analisar, temos pelo menos hipóteses filosóficas ou formas de interpretação acerca do nosso conhecimento do e por sobre o mundo: estamos no campo da filosofia chamado teoria do conhecimento ou epistemologia, que dirige nossos valores e ações. Da concepção de mundo segue comportamento e ação. Sempre que julgamos em base de valores, escolhemos um caminho, e rejeitamos outros, nos conduzimos pelas balisas feita por nós, em diálogo com nosso grupo, nossa etnia, nossa civilização.
Estamos no campo da ética, da moral, campo da axiologia (campo dos valores) regulado pelas filosofias. Ao realizar uma ação, uma prática concreta, um projeto político, processos educacionais que criam pessoas, estamos no habitat da filosofia, o campo da praxiologia (agir e pensar o que se fez, para um novo agir).
A filosofia tem como missão PRO-VOCAR e CON-VOCAR.
Pro-vocar é chamar de fora; con-vocar é chamar de dentro. Provação e convocação, para juntar-se à luta de todos os outros e outras. Não é que a filosofia seja por si mesma um instrumento para a guerra. O contexto histórico que a circunscreve lhe dirá qual papel lhe cabe representar para garantir a formação da pessoa, seu melhor entendimento de si, dos outros e do mundo; e, qual poderá ser o sentido de suas escolhas e ação no agora. Estamos numa batalha, não se ganhará a luta só.
Neste contexto a filosofia é uma aliada à luta dos educadores no contexto da violência, expropriação de direitos, formulação de políticas públicas. Neste contexto, a filosofia é sim arma imprescindível para qualificar pessoas para a luta em favor da mesma grande perseguição dos primeiros homens e mulheres que pensaram filosoficamente o mundo: o projeto humano de construir a felicidade pessoal e coletiva de todos e todas!
Filosofia se faz na vida. Pode, até, ser uma investigação, mas terá de ser sempre vida. Dize-me como fazes, porque e para que, e eu te direi que filosofia te inspira. Quando descobrimos algumas coisas novas, algum poeta (Freud) e, sobretudo, algum filósofo, já andou por lá. É por isso que temos muito a aprender conversando com os outros, com outras filosofias, sabendo ouvir e aprendendo sempre. Porque nada somos sós. Somos, em comunhão, e através das lutas.
Que é, pois, Filosofia?
É a busca de reflexão intencionada, de um pensamento que se pensa a si próprio e se confronta com todos os outros pensamentos, em busca de melhor compreender, de melhor eleger valores, de posicionar-se num mundo complexo e conflitivo. É busca da transformação desse próprio mundo, sabendo que a felicidade pessoal desejada inclui, necessariamente, a felicidade de todos os demais. Filosofia será sempre luta, num contexto de hegemonia da mesmidade, reprodução, acomodação, subserviência e dominação.
REFERÊNCIAS:
Fundamentos de Filosofia: os caminhos do “Pensar” para quem quer transformação / Luiz Augusto Passos. — 1ª ed., 1ª reimp. — Brasília/DF: Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, 2014.
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