Aprender a apreender continuamente, essa é uma das grandes necessidades da atualidade. A figura traz essa perspectiva.
Essa subunidade, para fechamento da disciplina, me parece fazer um resgate de tudo que estudamos até aqui. Os processos de aprendizagem em nossa vida são contínuos, nunca paramos de aprender, aprendemos quando conversamos com um colega, vizinho, parente e professor, estamos em constante troca.
Entender que a educação tem o papel de ensinar, mas o educador enquanto ensina também aprende, é comungar das ideias e das teorias defendidas por Paulo Freire, educador que foi, e ainda, continua sendo verdadeiro ícone na educação brasileira. O intuito desta subunidade não está pautado em entender a aprendizagem continuada no contexto da educação formal, ou seja, nos mais diversos cursos de pós-graduação, mas sim, na aprendizagem que se desenvolve nos ambientes não formais de ensino.
Aprender a utilização de novas metodologias, ou ferramentas, no contexto da aprendizagem continua para profissionais da educação, que tornem o ensino mais atrativo, se dá através de comunidades de aprendizagem, estas podem ser em ambientes presenciais, e até mesmo virtuais, de aprendizagem. Graças ao advento das tecnologias da informação e comunicação:
Alteraram as limitações espaciais e temporais da identificação. […] o sucesso das redes informáticas mundiais não se deve apenas ao acesso à informação que oferecem, mas também à possibilidade de conectar entre si pessoas que compartilham um interesse, desenvolvendo, com isso, relações de identificação com e d u c a ç ã o d o c a m p o | Psicologia da aprendizagem · 83 pessoas de todo o mundo. […] nossas identidades se expandem e se disseminam (por assim dizer) ao longo dos tentáculos de todos estes cabos e adquirem, por meio da imaginação, dimensões planetárias (WENGER, 2001, p.238)
Como já mencionamos, em momentos anteriores, a aprendizagem colaborativa tem se tornado forte aliada no compartilhamento de saberes, sendo impulsionada pelo advento das tecnologias que, de certa forma, impulsionaram a mudança da postura e das práticas pedagógicas do professor em sala de aula.
Não estamos mais distantes de nada, o mundo está perto, as pessoas estão perto, podemos nos conectar com qualquer pessoa no globo terrestre e trocar mensagens em tempo real, então, a aprendizagem colaborativa vem trazendo novas possibilidades e expectativas em aprender continuamente.
Coll e autores (2010) assinalam que:
No transcurso dos últimos 15 anos, aproximadamente, as expressões “comunidades de aprendizagem” (CA) e comunidades virtuais de aprendizagem (CVA) alcançaram um elevado nível de difusão em nossa sociedade em âmbitos de atividade tão diversos quanto o educacional, o organizacional, o político, o cultural e o empresarial. […] também surgiram propostas para criar CA e CVA como parte de estratégias formativas para ter acessos postos de trabalho, para atualização e reciclagem ocupacional e profissional em instituições educacionais ou nas próprias empresas. (p.268).
Atualizar-se, cotidianamente na sociedade da informação que se apresenta, é um desafio imposto a qualquer área do conhecimento. Estamos em constante processo de transformação, o que nos move hoje pode não ser o que nos moverá amanhã, então, desenvolver-se pessoalmente é uma questão de fazer parte do mundo que nos cerca.
Estar em constante atualização nos faz profissionais com postura mais flexível e maleável, muitas vezes, abandonamos nossas crenças e paradigmas por entendê-las de forma diferente, ou ainda, por compreendermos que não fazem mais parte do mundo no qual vivemos. Araújo (2000) salienta que:
A Educação Continuada deve ser entendida como processo constituído por práticas cotidianas de reflexão sobre o trabalho que o professor desenvolve, além de compreender, também, que essa denominação oferece-nos uma possibilidade mais abrangente para obtermos visão mais integrada da educação. (ARAUJO, 2000, p. 34).
Segundo Imbérnon (2010), a educação continuada para professores deve perpassar os pontos a seguir:
- A reflexão prático-teórica do docente sobre a sua própria prática, mediante uma análise da realidade educacional e social de seu país, sua compreensão, interpretação e intervenção sobre a mesma. A capacidade dos professores de gerar conhecimento pedagógico por meio da análise da prática educativa.
- A troca de experiências, escolares, de vida, etc., e a reflexão entre indivíduos iguais para possibilitar a atualização em todos os campos de intervenção educacional e aumentar a comunicação entre os professores.
- A união da formação a um projeto de trabalho, e não ao contrário (primeiro realizar a formação e depois um projeto). • A formação como arma crítica contra práticas laborais, como a hierarquia, o sexismo, a proletarização, o individualismo, etc., e contra práticas sociais, como a exclusão e a intolerância.
- O desenvolvimento profissional da instituição educacional mediante o trabalho colaborativo, reconhecendo que a escola está constituída por todos e que coincidimos na intenção de transformar essa prática. Possibilitar a passagem da experiência de inovação isolada e celular para inovação institucional. (p.49)
Também, Nóvoa (2009), salienta que se tornar professor é um processo de longa duração. Não podemos conceber que o professor com sua formação inicial está pronto para lidar com todas as mudanças e transformações próprias da sociedade de informação. Nesse sentido, encaramos a formação continuada como sendo um eterno articular entre antigos e novos conhecimentos, entre práticas inovadoras e práticas consolidadas.
Em uma constante busca pela aprendizagem que se torne não só significativa para o aluno, mas que, reflita em seu cotidiano, onde esse sujeito se torne protagonista de sua caminhada educacional. Por fim, conforme Hargreaves (2002, p.115), “Uma inovação bem-sucedida implica mais do que aperfeiçoar habilidades técnicas. Ela também estimula a capacidade de compreensão dos professores em relação às mudanças que estão enfrentando”.
Então, estar em constante transformação, acompanhando as mudanças que se apresentam a cada dia, entendendo o ser humano como um complexo arranjo de experiências, sucessos e insucessos, prática e teoria, que aprende a cada experiência, talvez seja o que resume a necessidade da busca continuada pela educação.
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REFERÊNCIAS:
PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM / Silva, Juliane Paprosqui Marchi da, UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA, Santa Maria | RS 2017
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